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terça-feira, 23 de março de 2010

Caso Nardoni: falta do que fazer ou solidariedade?


Ontem, depois de quase dois anos, começou o julgamento de Alexandre Nardoni e a (ex) mulher dele Ana Carolina Jatobá, que são acusados de matar a filha dele, Isabela Nardoni.

Me lembro que na época do assassinato, da prisão preventiva dos dois e todo aquele trâmite inicial, o outono já tinha começado, fazia uns dias/noites gelados e mesmo com eles já presos no fórum de Santana, tinha uma multidão na porta do prédio deles com faixas, cartazes, velas, fotos da menina, dizeres de luto e pedindo justiça. Tinha gente que queria até mesmo INVADIR o tal do Edifício London em que a menina foi morta. Detalhe: nenhum dos dois estavam mais lá!!! Me lembro também que mesmo com a temperatura batendo na casa dos 12º, um vento gelado prá c*ralho tinha uma verdadeira MULTIDÃO de pessoas desocupadas, com as mesmas faixas e cartazes de pedidos de justiça, querendo o lichamento do casal. Eu ficava deitada no sofá quentinha, debaixo das cobertas vendo aquilo e me perguntava: esse povo não tem mais o que fazer não? Caramba, a polícia já tá fazendo a parte dela e não vai ser com muvuca que alguém vai resolver alguma coisa. Vai prá casa tomar um chocolate quente, dormir, ler um livro, lavar umas cuecas, sei lá!

A TV logo depois da morte da Isabela não parava de passar as mesmas informações sobre o caso, repetindo as mesmas coisas. Não aguentava mais ver aquele Cembranelli (não sei se é esse o sobrenome dele, mas é aquele cara que tem um olho menor que o outro) dando entrevista, falando a MESMA coisa que ele tinha falado 5 minutos atrás prá outra emissora. Depois que a notícia ficou "velha", puf, nunca mais ninguém deu ouvidos, não se tocou mais no assunto, como tudo nesse país. Uma vez ou outra saía uma notinha aqui e ali, mas nada comparado ao massacre midiático que sofri antes. Mas agora com o julgamento acontecendo, aquelas mesmas pessoas desocupadas voltaram com as mesmas faixas e cartazes prá porta do Fórum, esperando que a repórter de uma emissora qualquer lhe faça uma mini entrevista. Até perfil no Twitter prá acompanhar o julgamento foi criado e já tem mais de 4.000 seguidores. No site da Folha Online, você pode acompanhar MINUTO A MINUTO o que está acontecendo dentro da sala de julgamento. Me corrija se eu estiver errada, mas acompanhar a cada 60 segundos o que está acontecendo no julgamento do assassino de uma pessoa (tá, uma criança) é um tanto quanto doentio.

Ninguém para prá pensar que enquanto eu estou aqui digitando esse post, tem uma criança morrendo de fome no interior do Ceará. E enquanto você está sentado com a bunda na cadeira na frente do computador lendo esse texto, uma outra está morrendo por negligência médica em algum hospital público da Bahia ou do Rio de Janeiro. Mas ninguém faz esse estardalhaço todo e quando o âncora do jornal da noite da maior emissora do país for falar sobre algum desses casos, o tempo que ele vai dedicar a isso vai ser menos (bem menos) do que ele dedicou falando sobre o caso Nardoni.

E por quê isso? Por quê a menina era bontinha? De classe média e tinha dinheiro? Por quê morrer de fome, negligência médica, abandono é feio e indigno e ninguém quer ver isso na TV? Aparentemente, até na disputa pelo horário nobre na mídia os menos afortunados saem perdendo.







Eu entendo que é uma história revoltante, uma menina de 5 anos ser morta pelo próprio pai e pela madrasta dessa maneira, que mexe com o emocional de algumas pessoas mais sensíveis (especialmente aquelas que tem filhos). Mas ficar plantado(a) na frente do prédio onde eles moravam ou no Fórum, olhando pro nada me soa muito como falta do que fazer MESMO! Existem outras coisas acontecendo no país todo que, na minha ríspida opinião, são bem mais importantes que isso. A justiça já está fazendo o papel dela, não há nada que essas pessoas possam fazer. Se cada um cuidasse da sua vida ou daquilo que realmente fosse de interesse público, QUEM SABE esse país/cidade estivesse melhor encaminhada.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Notas de um Domingo comum...



Ontem fiz um programa que eu tava muito afim de fazer: ir ao cinema na Avenida Paulista. Fez uma tarde linda ontem e filmes que eu quero assistir e que estão em cartaz é o que não falta. Por isso, eu e a minha tia fomos ao cinema.

Primeiro, a escolha do filme. Preciosa - Uma história de esperança. Tanto eu quanto ela queríamos muito assistir, então fomos. Aonde? No Gemini. O Gemini prá quem não conhece, fica quase na frente da Cásper Líbero, na Avenida Paulista. A Avenida Paulista sempre foi um dos meus lugares favoritos aqui na cidade e de Domingo então fica mais gostoso ainda passear por lá. Além disso, eu considero que assistir algum filme naquele cinema é como uma viagem no tempo. Os carpetes e forros das paredes tem estampas super psicodélicas, lembra muito os objetos de decoração que o Stanley Kubrick usou no filme A Laranja Mecânica. Os bancos das salas são de couro vermelho e cabem mais de 300 pessoas lá dentro. Quando entramos, a música de fundo era um misto de música de tourada com bolero. Muito legal! É lógico que as poltronas não são as mais confortáveis, o som nem se compara com o Kinoplex por exemplo... mas acho muito válido de vez em quando sair desse circuito Cinemark-Bristol-HSBC-Unibanco. No Gemini, a "fauna" de pessoas é totalmente variada: cults, metidos a moderninhos, pessoas, digamos, comuns e alguns aleatórios. As salas quase nunca enchem (bônus, porquê ver filme em shopping ou nesses grandes complexos tem se tornado cada vez mais desagradável) e o ingresso é bem mais barato.

O filme em si é MUITO BOM! Claro, a história é pesada (sem trocadilhos com o peso das atrizes principais), triste, revoltante e mexe com quem tá assistindo. Ouvi muitos fungados de gente chorando enquanto assistia a projeção, mas c*ralho, como valeu a pena. Todos os atores estão ótimos, a trilha sonora... merecido o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Gostei muito e recomendo!

Mas claro, pela história ser bem triste, eu e a minha tia saímos de lá de dentro meio passadas. A noite estava linda, nem muito quente e nem muito fria, então resolvemos tomar um choppinho prá relaxar. Fomos andando a pé pela Paulista até o Center 3. Enquanto a gente andava, minha tia comentou: "como será que os estrangeiros que vem prá cá olham a Avenida Paulista?" Claro que são com olhos diferentes dos nossos, moradores da cidade acostumados com a paisagem. Ainda tentei um exercício nessa caminhada de uns 15 minutos (estávamos sem pressa nenhuma) de ver com olhos de turista práquele amontoado de prédios, bancos e faróis mas é difícil. O MASP é interessante, mas não surpreende. O Parque Trianon, a feirinha, os hippies, a diversidade de pessoas numa mesma calçada já fazem parte do cotidiano de nós paulistanos. E mesmo assim, num grau de intensidade menor que os turistas, eu consigo apreciar tudo aquilo.

Chegamos no Center 3 e confesso que aqueles lados é o meu favorito de toda a Avenida Paulista. Prá quem não sabe, nesse shopping aos Domingos rola uma feira de roupas/sapatos/variedades chamada Como Assim?!?! Sou frequentadora assídua, conheço o que eles vendem lá de cor e salteado e acho que justamente por isso eu andava meio broxada de ir lá, porquê é sempre as mesmas coisas. Mas ontem eu resolvi prestar atenção naqueles stands que eu quase nunca olho e tive gratas surpresas. Eu e minha conta bancária, porque comprei duas blusas LINDAS, hahahahaha. Isso porquê eu tinha jurado que não iria comprar mais nada até ir pro Rio de Janeiro ver o show do Axl de novo; mas claro que não resisti.
Quis tomar alguma coisa do Starbucks, mas estava uma fila absurda e pensei: ou o chopp ou um Frapuccino com muito chantilly por cima. Dessa vez fiquei com o chopp, porquê o tempo tava super propício e depois do filme, eu precisava!

Lá no Center 3 tem um restaurante perto do Subway chamado Pateo da Luz que é uma delícia. A noite eles fazem um rodízio de pizza delicioso e durante o dia servem um almoço super gostoso também. O chopp tava uma delícia e os atendentes foram solícitos quando eu e a minha tia falamos que só queríamos tomar alguma coisa mas sem ter que pagar o couver artístico. Sim, a noite rola um banquinho e um violão e eu acho um saco. O cara ontem tocou coisa do Roberto Carlos e do Fábio Júnior (!!!), mas pelo menos o som não tava super alto e a gente pôde conversar sem ter que levantar o tom de voz uma com a outra.

Prá finalizar, passei na Augusta em busca do DVD do Nosferatu de 1922. Tenho um trabalho da faculdade prá fazer cuja proposta é escolher uma cena de algum filme mudo prá colocar voz em cima. Eu ia pegar O Gabinete do Doutor Caligari, mas como o Nosferatu eu já cheguei a assistir via Youtube, achei que seria mais fácil. Vamos ver...
Ahn sim. Uma coisa que eu gosto da Augusta (antes de chegar naquela parte dos botecos frequentados por modernetes, fashionistas MEUCU prá eles) são justamente essas barraquinhas de DVD's de filmes "cools". Minha mãe comprou uma vez o Freud - A Janela da Alma e eu comprei o Control (já falei sobre esse filme aqui). Tem vários filmes que são dificérrimos de achar até prá alugar, então vale a pena dar uma conferidinha.



Depois de um dia como esses eu vejo que por mais trânsito, poluição, violência, falta de estrutura e tudo mais que tem essa cidade eu me pergunto: tem como não amar isso aqui?