terça-feira, 5 de junho de 2012

Diário de Viagem 7/05 - Santiago

O último dia em Santiago. E eu estava triste não só porque eu simplesmente me apaixonei pela cidade, mas porque também me apaixonei por um... bom, deixa quieto, né? Mas enfim, mesmo meio borocoxô, não tinha tempo pra essas coisas não. Esse último dia o esquema foi acordar o mais cedo possível (dentro dos meus padrões de férias, né?) e ir almoçar no Mercado Central!!!
Antes de embarcar pro Chile, ouvi tantas pessoas que já tinham conhecido o país e a cidade me falando de comer no tal mercado, que eu estava curiosíssima pra saber o motivo de tanto frissom. Frissom esse totalmente necessário, porque olha... o negócio é BOM, viu?

O mercado de lá não é tão grande quanto o de São Paulo. E o forte deles é mais frutos do mar, peixes, mariscos e etc. Dei uma volta pelo mercado antes de decidir onde iríamos almoçar e saquei que não tinha muitas barracas de frutas. E tinha muito restaurante também. Por todos os cantos e vários chilenos te abordando, tentando te arrastar pra dentro do restaurante deles. Isso me incomodou um pouco, mas enfim... pelo menos não abordam você de maneira agressiva ou invasiva.





Almoçamos no restaurante do Tio Lucho (esse eu me lembro o nome) e eu que acabei escolhendo ir lá. Porque é um restaurante menorzinho, o senhor que nos abordou foi simpático e era longe da muvuca dos outros lugares pra comer. Abri o cardápio e me deu vontade de comer TUDO, hahahaha. Eu AMO mariscos, peixes, frutos do mar, então sofri pra escolher. No final, pedimos um prato de mariscos e outro de ceviche. E uma garrafa pequena de vinho branco.
Antes de falar do sabor da comida, quero falar uma coisa importante: o preço. Veja bem, pedimos dois pratos e mais um vinho. E não tô falando de prato de arroz, feijão e costelinha de porco. Estamos falando de frutos do mar, ceviche... enfim, essas coisas que costuma ser caras. Mais o vinho... sabe quanto deu a conta? Sem brincadeira? R$28,00. Sim, 28 dilmas, reais, dinheiros... e aí, São Paulo é uma cidade cara sim ou com certeza absoluta???

Enfim, voltando a comida... eu nunca, NUNCA comi nada parecido na minha vida! O sabor dos pratos, meu Deus. Cada garfada no ceviche, cada ostra devorada era um 'hmmmm' novo. Muito fresco, muito saboroso, muito delicioso, muito exótico, muito TUDO! Amei, recomendo pra todo mundo e nem preciso dizer que pretendo comer no mercado quando voltar pra Santiago, né? E pelo preço então... almoço completo!




Saímos do Mercado e fomos andar por aí aleatoriamente, meio sem rumo. Fomos para o centro, andamos pelo Paseo Huérfanos porque eu encasquetei que queria comprar uma bota estilo coturno. Aqui em São Paulo as botas são o olho da cara, mas lá em Santiago vi botas custando R$80,00. Eu tinha visto umas lojas vendendo o modelo que eu queria logo no primeiro dia, mas não comprei. E resolver que vai adquirir alguma coisa justo no seu último dia na cidade não dá muito certo, né? Pois bem, foi o que aconteceu. Entrei em duas lojas, provei dois modelos, não me apaixonei. Aí deu uma bodeada e acabei não comprando.
Aliás, outra dica, especialmente pras mulheres: em Santiago o que mais tem é loja de departamento. Elas são IMENSAS, tem até setor de brinquedos e de perfumes importados, estilo Duty Free. Os casacos são lindos e BARATOS!!! Eu só não fiz aloka das compras, porque de Santiago ainda iria pra San Pedro e eu estava com uma daquelas mochilas que cabem só as roupas que você leva, infelizmente.

Conheci também a versão chilena da Galeria do Rock. Honestamente? Não tem nada que já não tenha aqui na nossa Galeria. As camisetas são muito parecidas, os ~acessórios~ também. Também não comprei nada lá. As únicas coisas que arrematei nesse último dia foram duas boininhas de lã (baratíssimas, paguei 1.000 pesos chilenos em cada uma, o que dá R$4,00), dois ponchos e muitos cartões postais.

Como no dia seguinte eu e o chileno iríamos acordar MUITO cedo pra pegar o vôo para Calama (ele embarcou no vôo uma hora antes de mim), então nada de grandes planos para a noite. Fomos ao supermercado e compramos todos os ingredientes para fazer o famoso completo: uma versão chilena do hot dog com salsicha (claro), mostarda, maionese, catchup, tomate bem picadinho e abacate amassado! Falando assim parece ser horrível, mas é muito gostoso e barato. Tem em toda parte da cidade pra comer e é recomendável pra quem foi viajar com pouca grana e precisa economizar na comida =D

Jantamos tarde e resolvemos sair pra encontrar com a Marta, a chilena que fez o favor de nos apresentar, haha. Buscamo-a na sua casa e depois pra achar um barzinho aberto, penamos viu? Impressionante, mas 2ª a noite em Santiago tá praticamente tudo fechado!
Paramos num parquinho de uma praça no Barrio Brasil (queria muito ter conhecido esse bairro durante o dia) e no final conseguimos achar um bar lá na Bella Vista, bem pertinho do La Chascona. Bebi meu último pisco sour, nos despedimos da Marta e voltamos pra dormir pelo menos umas 3 horinhas.

(Barrio Brasil)



Próxima parada da viagem: Calama - San Pedro do Atacama \o/

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Diário de Viagem 6/05 - Santiago

Domingo dia 6/05 foi dia de conhecer um poquinho mais de Santiago.
Foi um dia lindo, que fez sol e frio. Um parênteses aqui pra dizer o quão phyno e elegante é andar de roupas de frio e óculos escuros, hahaha. Se for em uma viagem pra outro país então melhor ainda.

Almocei na casa da irmã do chileno que eu conheci. Achei o máximo a expressão de uma das sobrinhas dele quando ele falou que eu era do Brasil, hahaha. Tipo, encantada mesmo, 'uau, você vem de São Paulo, conta mais'. Esse almoço só serviu pra reforçar a primeira impressão que tive dos chilenos em geral: educados. MUITO educados!

Depois do almoço ele me levou para conhecer outro cerro, o Cerro Santa Lucía. Bem próximo do centro de onde eu estava hospedada, e sinceramente? Muito mais lindo que o San Cristobal.
Pra começar, que ele é menor e em todos os sentidos. Não é tão alto quanto o primeiro que eu fui, então você não precisa de ascensor. Vai subindo a pé mesmo. Calma, não é tão cansativo quanto parece. Na verdade é ótimo, porque você pode ir subindo e parando pra tirar fotos de diferentes ângulos da cidade. E outro detalhe que me agradou muito no Santa Lucía: tem bem menos turistas que o San Cristobal.

Só sei que quando chegamos lá em cima, a primeira coisa que me veio na cabeça foi: hola Santiago, estoy enamorada por ti! Coisa linda mesmo! Por algum milagre meteorológico ou sei lá o que, naquele dia deu pra ver melhor a cordilheira do que quando eu fui no San Cristobal. O visual da cidade de Santiago vista de cima é demais. A gente percebe que é cidade grande, com prédios, mas ao mesmo tempo tem muita árvore, muito verde. Diferente daqui de São Paulo quando a gente sobe, sei lá no Banespa. O visual também é incrível, mas falta um verdinho aqui nessa nossa cidade, né?

Fiquei mais ou menos uns 15 minutos em cima do Cerro tirando fotos e admirando a paisagem. Quando começamos a descer, parei numa barraquinha que estava vendendo coisas para comer e beber e lógico que mandei pra dentro mais um mote com huesillos <3 Muito amor por esse chá, não vejo a hora de voltar pra Santiago e bebê-lo de novo, hahahaha.
Outra coisa que achei linda no Santa Lucia, é que tem uma construção tipo um castelo. O chileno me explicou que lá vive tendo festas. Imagina que incrível, uma festa no Cerro Santa Lucía em Santiago? Ai ai...

Saímos de lá e o chileno me perguntou se eu tinha medo de altura. Disse que não e então ele falou que me levaria num lugar x e não quis me dizer o nome. E agora, relatando a viagem pra vocês, confesso que vou ficar devendo o nome do parque que ele me levou, hahahaha =(
Sei que pegamos o carro e ele foi por uma parte da cidade que eu não tinha ido ainda. Fomos num parque perto das montanhas muito lindo. Tinha espaço pra jogar paintball, mesa de pebolim e mais um monte de outras coisas. Não deve ser um lugar muito turístico, coisa que eu adorei. Vantagens de se conhecer a cidade com alguém de lá: ir para lugares que só eles conhecem.

Andamos numa espécie de montanha-russa, mas era de carrinho de rolemã, hahahaha. Muito legal. A velocidade quem controla é você mesmo, numa espécie de "câmbio" que tem no carrinho. Não tirei fotos, não podia. De lá, entendi o motivo da pergunta 'você tem medo de altura'. Ele queria porque queria ir num brinquedo chamado "Swing". É tipo um Sky Coaster do Playcenter. Gentilmente declinei do convite. Juro que a altura não é algo que me apavora, mas a idéia da queda livre... aff, me dá arrepios só de pensar!

Saímos desse parque já quase no final do dia. Jantamos em um restaurante japonês no Bairro da Providência, se eu não me engano. Nada de rodízio! Pedimos um prato que veio muito bem servido. Os sushis eram enoooormes e o preço, justo. Atendimento muito bom também. Mas de novo, não vou me lembrar o nome do lugar. Sou loira e tenho memória de peixe, sorry, hahahaha.

A noite, nada de baladas. Só mesmo uma garrafa de vinho no terraço do prédio do chileno e depois dormir, porque o dia seguinte seria o último dia em Santiago =((

(Vista do Cerro Santa Lucía)

 (Vista do Cerro Santa Lucía)



(O castelo onde tem as festas)



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Diário de Viagem: 5/05 - Valparaíso e Viña del Mar

O sábado não foi um dia pra ficar em Santiago e sim de pegar o carro e rumar para Valparaíso e de lá para Viña del Mar. Sim, fui de carro graças ao chileno que conheci no dia anterior. Mas em Santiago tem ônibus que sai de algum terminal que vai pra Valparaíso.

Mais ou menos uma hora, uma hora e pouquinho na estrada - boa e pavimentada, por sinal - e pronto, chegamos em Valparaíso. No dia estava frio, ventando e nublado e foi o maior vacilo ever: saímos de Santiago era quase 14h. Ou seja: quando cheguei em Valparaíso, o outro museu do Pablo Neruda (o La Sebastiana) já estava fechado e só conheci Viña del Mar a noite =((

Mas enfim, nada de lamentações porque pretendo voltar para essas duas cidades muitas e muitas vezes. Deixa eu contar aqui minha primeira impressão sobre Valparaíso: quando vi as fotos na internet pensei: caralho, vou amar! Aí cheguei lá e bem... eu gostei. Mesmo! Mas achei que ia ser amor a primeira vista e não foi. Levei algum tempo até curtir de verdade a cidade.

É um morrão sem fim e o recomendado é você conhecer a cidade através dos ascensores. Tem vários, que param em diferentes pontos da cidade, que fica de frente pro porto. Como eu fui de carro, não peguei nenhum ascensor. Largamos o carro em uma rua qualquer e fomos andando aleatoriamente pelas ruas. Outro vacilo meu, deveria ter insistido no ascensor. Explico porquê: tem muitas ruinhas e pontos turísticos interessantes que só se chega de ascensor. Eu juro que não sabia disso. Mesmo!

Mas enfim, mesmo com esses tropeços (primeira viagem sozinha, né? É permitido errar) eu me simpatizei demais com Valparaíso. Totalmente diferente de Santiago, com as casinhas todas coloridas e murais com grafite por todos os cantos. Muitos restaurantes, cafés, lojinhas de roupas e souvenirs, hostels e gringos, muitos gringos! Achei uma cidade bem tranqüila. Gente tocando música nas ruas... demorei, mas gostei de Valpo.

Saindo de lá já quase no fim da tarde, fomos para Viña. De carro de Valparaíso até Viña dá, sei lá, uns 15 minutos. Não sei como faz para ir de ônibus, mas acredito que seja bem fácil também.
Não tenho muito o que falar sobre Viña del Mar, infelizmente. Cheguei lá e já estava de noite. Só escutei o barulho do mar (sei que a água de lá é muito, MUITO gelada, mesmo no verão) e tirei a clássica foto em frente ao relógio de flores. Queria ter visto a praia de dia, tirado foto no castelo lindo que fica bem de frente pra ela, mas vai ficar pra outra vez. =((

A viagem de volta para Santiago foi bem tranqüila. Paramos em um supermercado para comprar queijos e vinhos e foi isso que fiz na noite de Sábado na capital chilena. Não me perguntem o nome do vinho, não me lembro. Mas sei que era vinho branco e estava uma delícia =). Eu confesso que nunca fui fã de vinho (graças ao meu primeiro porre com vinho barato, acabei ficando com trauma enfim), mas afinal, eu estava no Chile e ainda não tinha bebido um gole sequer de vinho.

Algumas fotos desse dia pra vocês verem:







quinta-feira, 31 de maio de 2012

Diário de Viagem: 4/05 - Santiago

Segundo dia em Santiago. Dormi bem, sem barulho no quarto. Mais pontos pro Andes, que não é um hostel barulhento. Ao menos foi essa sensação que eu tive. E o café-da-manhã deles é bem honesto.
Antes de sair pra passear dei uma olhada no Facebook, mais pra dar notícias pros meus pais. A chilena que conheci no dia anterior já tinha me adicionado no Face, dizendo que tinha sim um amigo bonito e solteiro para ser meu guia nos dias em que eu estivesse em Santiago. Adicionei, mandei uma mensagem um pouco lacônica, do tipo: oi, estou no hostel X, se quiser sair pra beber mais tarde me avisa. E saí para meu primeiro dia em Santiago.

O primeiro destino já era certo. Ver a troca de guarda as 10h na frente do Palácio de la Moneda.  Fui a pé e quando cheguei lá, a troca já tinha começado. Os chilenos são muito patriotas e isso é visível pra qualquer estrangeiro que vai visitar o país. O Palacio de la Moneda fica em uma praça tão linda e arborizada... aliás, Santiago tem muitos parques e praças e os chilenos realmente freqüentam esses espaços públicos. E ali perto do Palacio ainda tem o Centro Cultural la Moneda. Ainda fiz menção de entrar e conhecer, mas meu objetivo era conhecer um dos museus do Pablo Neruda, o La Chascona. E como as visitas são agendadas, tava com medo de chegar lá e não conseguir uma.



Fiz minha primeira 'viagem' de metrô por Santiago hoje. No total, andei só 2x de metrô por lá, porque a cidade é toda plana, ou seja, dá pra fazer muita coisa a pé. O metrô de Santiago é ok. Na real, achei ele meio confuso, tem muitas linhas, trocas, baldeações, sei lá! Além do que, os trens do metrô daqui de São Paulo são, hãm, melhores que os de lá. Enfim, desci na estação Baquedano e fui andando em direção ao museu. Mais ou menos 15 minutos de caminhada. Parei para pedir informação sobre o museu para um chileno e achei tão bonitinho quando ele me respondeu: segue reto por aqui que você chega na casa do poeta!

Chegando no La Chascona, a próxima visita guiada em espanhol ia acontecer dali 15 minutos.

(Pausa para dizer porque escolhi o espanhol, sendo que falo e entendo inglês muito melhor: já escutaram chilenos falando em inglês? Então... é terrível! Hahahaha).

Aproveitei para tomar uma água no café do museu e dar uma olhada na lojinha de presentes. O café, por sinal, uma graça! Ahn, e não me lembro quanto paguei para entrar no museu. Aliás, não me lembro de preço de quase nada das coisas. Mas posso afirmar que é tudo BEM MAIS barato que São Paulo.

O guia da visita ao La Chascona era um fofo e sabia tudo sobre o Pablo Neruda. Isso que eu achei mais legal nessa visita. Diferente de muito guia por aí que explica as coisas na maior má vontade, falando um texto que está visivelmente decorado, porque ele não entende NADA sobre o assunto que está tratando. O museu/casa é incrível! Cheio de detalhezinhos, objetos decorativos, histórias interessantes... uma pena que não podia tirar foto lá dentro =((. Sobre a história da casa, o contexto das coisas... só mesmo visitando pra saber.





Acabada a visita ao La Chascona, a próxima parada era o Cerro São Cristobal, ali do lado. Um morrão beeem alto, que você sobe de ascensor pra ver a cidade lá de cima. O ascensor faz várias paradas, inclusive no zoológico. A vista de lá de cima é incrível. Mesmo! Pena que o céu estava beeem poluído e mal deu pra ver a cordilheira. Confesso que fiquei pouco tempo lá em cima. Muito turista, muita criança, hahaha. Parei numa barraquinha pra comer e bebi pela primeira vez mote con huesillos. É um chá de pêssego gelado que vem com dois pêssegos em calda e os tais de huesillos, que parecem flocos de aveia. Vem até uma colher pra você comê-los, mas confesso que não curti muito. Ainda bem que eles não influenciam no sabor do chá, que é uma DE-LÍ-CIA!!! E comi empanadas, CLARO ;-)




 Voltei a pé para o hostel. Mais ou menos uns 20, 30 minutos de caminhada do Cerro até onde eu estava hospedada. Deixei as coisas no quarto, dei mais uma olhada básica no Facebook (confirmada cerveja com o chileno a meia-noite) e fui dar mais uma passeadinha ali por perto. Entrei no Museu de Bellas Artes. Um prédio lindo, imponente, museu organizado e o melhor de tudo: vazio!!! Tem coisa mais incômoda que museu cheio de gente mal educada falando alto e fazendo cara de conteúdo?

Fim de tarde e a temperatura foi caindo aos poucos na cidade. Aliás, pra quem tinha certeza que ia pegar frio em Santiago, ledo engano. Durante o dia fazia calor, nesse primeiro dia usei até blusa regatinha. A noite que as temperaturas caíam.
Hora de tomar um banho e tentar socializar com alguém do hostel, uma vez que eu mal tinha parado lá e não deu tempo de ver ninguém. Sexta-feira lá no Andes é noite de karaokê e conheci muita gente legal por lá. Muitas européias que estão na estrada viajando há tipo 1 mês, dois meses. Que foram pra Argentina primeiro, fizeram curso de espanhol e depois foram pra Santiago... invejei muito todas elas. Queria poder ter essa liberdade e viajar a hora que bem entender.

Meia-noite, hora de conhecer o chileno e beber uma cerveja ali perto do hostel. Me levou pra beber em dois bares diferentes. No final das contas, ele realmente acabou virando meu guia turístico particular por Santiago.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Diário de Viagem: 3/05 - Santiago

Saí de São Paulo na 5ª Feira bem cedo. Claro que mal consegui dormir a noite, de tão ansiosa que estava. "E se meu dinheiro acabar antes de voltar?". "E se o hostel for ruim?". "E se eu for assaltada e perder todos os meus documentos?". "E se tiver um terremoto?". "E se a cidade for feia?". "E se extraviarem minha mala?" "E se meu avião cair?" Sim, eu pensei em tudo isso e no final das contas só dormi 2 horinhas.

Lá pelas 6 da matina eu já estava com a minha mãe no aeroporto. Mesmo com um pouco de receio - afinal foi minha primeira viagem totalmente sozinha pra um país que eu nem conhecia - estava muito, MUITO feliz. Conseguir planejar uma viagem dessas pra mim foi tipo uma vitória muito grande. Conseguir cortar um monte de gastos desnecessários e as baladas pra menos da metade. Na porta do embarque, me despedi da minha mãe com um sorriso de orelha a orelha. Tipo, satisfação e orgulho de mim mesma, sabe?

O vôo de ida foi bem tranquilo. Sentei na janelinha sozinha. O avião da LAN que me levou era imenso e eu vim assistindo filme. Na realidade eu assisti só metade do filme, pois o sono começou a bater e acabei me rendendo a um cochilo. Cochilo mesmo, porque a sensação que eu tive foi de ter dormido 20 minutos e aí o piloto começou a falar: já estamos chegando.

Quando olhei pela janela, vi que o avião estava passando por cima da Cordilheira dos Andes!!! Curiosamente na mesma hora, todos os pensamentos ruins sumiram. A cena da cordilheira toda nevada ali tão perto de mim me fez esquecer todas as coisas erradas que poderiam acontecer. E me chamem de sensível ou o que for, mas meus olhos ficaram marejados na hora. Pensei: é isso! Tô chegando e tô chegando sozinha!




Tudo certo com a mala (não, ela não foi extraviada) e com a polícia, saí do aeroporto e tomei um táxi até meu hostel. 35 obamas (leia-se dólares) até a Rua Monjitas, no Andes Hostel. Enquanto o táxi ia ganhando as ruas de Santiago, eu grudei na janela do automóvel prestando atenção na paisagem, nomes de rua, estações de metrô...

Rapidinho cheguei no hostel. Já logo de cara gostei, especialmente a localização. Percebi que ali era bem no centro da cidade e o melhor: na frente de uma estação Bellas Artes de metrô!!! Mas mais do que localização, o hostel é ÓTIMO. Assim que entrei e vi a mesa de sinuca na frente de um bar, uma geladeira cheia de cerveja, música bacana de ambiente, vários quadros pelas paredes me simpatizei logo de cara. O cara da recepção (cujo nome eu me esqueci, sorry) foi um amor e ainda conversou em português comigo :)
Minha reserva estava lá, bonitinha me esperando. E pra quem quer saber: eu fiz a reserva com um mês de antecedência pelo Hostel Bookers. A escolha do hostel foi pura intuição. Vi as fotos, a cotação, os comentários e pronto, reservei. Ahn sim, também tive o cuidado de verificar se eles ofereciam toalha de banho e café-da-manhã. E achei o preço bem honesto: 5 noites em quarto de 4 pessoas por US$81, pagos na hora do check-in.
O quarto também ótimo, arejado, arrumado, cheiroso, limpo e com locker pras malas. Ou no meu caso, só uma mochilona. Banheiro também limpo, chuveiro com água quente e secador pras meninas!!! Enfim, quem quer conhecer Santiago e não sabe onde se hospedar, total recomendo o Andes.


(Recepção do hostel)

Malas acomodadas, fiz minha primeira aventura sozinha pela cidade. Passei na estação de metrô ali na frente pra sacar um dindin. E fui caminhando em direção a Plaza de Armas.
A Plaza de Armas é onde concentra o Correo Central, a Catedral Metropolitana de Santiago e mais um monte de coisas. Senhores jogando xadrez nas mesas, barraquinhas com artesanato, cartomantes (MUITAS!!!), pessoas pregando a Bíblia, pessoas descansando, humorista de rua, pombos, pessoas desenhando caricaturas... enfim, se for pra comparar com algo semelhante daqui de São Paulo, diria que é uma mistura de Praça da Sé com a Praça da República.

(Catedral Metropolitana)





Uma coisa que me chamou a atenção logo de cara em Santiago. Aliás, uma não, duas coisas:
1- a cidade tem cachorros de rua por todos os lados! Mas não são cachorros raquíticos, mal tratados. Eles são IMENSOS, parecem bezerros de tão grandes. Vi até husky siberiano de rua. E antes que pensem que a cidade é um campo minado de cocô de cahorro, ledo engano. Não vi UM em nenhuma calçada, em nenhuma rua, NADA! Como eles fazem isso, eu não sei.

2- por todos os lugares que eu andei, não só nesse primeiro dia mas durante toda a viagem, tem polícia por todos os cantos. São chamados 'carabineros' e eles estão presentes no dia-a-dia da cidade seja de carro, a pé, a cavalo... enfim, eles estão lá e são extremamente simpáticos, atenciosos e se você turista precisa de alguma informação, peça para eles sem medo de ser enganado.

Depois da Plaza de Armas eu saí andando meio sem rumo, entrando em várias ruas aleatórias, tirando fotos e mais fotos. Santiago é tipo Buenos Aires em termos de unidade arquitetônica. Os prédios lá tem mais ou menos o mesmo estilo, todos eles. Acho isso muito bacana, porque deixa a cidade mais definida, sei lá. Caminhei pelos Paseos Huerfanos e Ahumada. São ruas fechadas para carros com lojas por todos os lados. Em Santiago tem MUITA loja de departamento. Fiquei até meio atordoada com a quantidade de lojas assim, queria entrar em todas e comprar tudo, mas não tinha espaço na mochila pra grandes aquisições. Entrei em uma galeria aleatória que só tinha peluquerías (cabeleireiros) e estúdios de tatuagem.

Parei em um bar qualquer para tomar uma cerveja e foi só eu fazer o pedido para que um senhor que estava sentado mais ou menos perto de mim fazer a pergunta:
- brasileira?
- sim, eu sou!
- que legal! Eu adoro o Brasil e o futebol de vocês? Primeira vez no Chile? Está gostando? Vai ficar quanto tempo?

Situações assim foram mais corriqueiras do que eu imaginava. Durante toda a viagem, era só eu falar um hola pra eles sacarem NA HORA que eu era brasileira. E a recepção era a mesma. Mais um ponto pros chilenos, que são extremamente educados, simpáticos, gentis e cavalheiros. E isso eu vou falar em praticamente toda a viagem, porque foi algo que realmente me impressionou.

(a galeria das peluquerias)





Voltei pro hostel quase no fim do dia, desesperada por um banho. Já no meu quarto terminando de me arrumar e ainda pensando o que faria naquela primeira noite, entrou um cara. Era brasileiro de Curitiba, se apresentou, disse que tinha chegado fazia um tempo e que tinha vindo de San Pedro. Disse que estávamos dividindo o quarto eu, ele, uma outra brasileira e um americano que eu conheci depois. O brasileiro fez um convite: conheci uma chilena em San Pedro e vamos sair para tomar alguma coisa, tá afim?
Como não tinha companhia, resolvi topar.

Conheci a tal chilena, Marta. Um amor de pessoa! Demos mais umas voltas pelos bairros ali próximo do hostel. Santiago a noite ficou ainda mais bonita. Passamos pelo rio Mapocho, na frente da Universidade de Direito de Chile, no bairro Bellavista (onde tem um mooonte de restaurante e barzinho) até resolvermos entrar num bar qualquer, pedirmos piscos, mojitos e choclo (milho) pra beliscar.

(Rio Mapocho)


(Marta e eu)

Conversa vai conversa vem, a chilena disse que adoraria me acompanhar no dia seguinte por um tour por Santiago, mas que não poderia. Ela era tão atenciosa que não parava de repetir: poxa, eu devo ter algum amigo pra te fazer companhia. De brincadeira, eu disse:
- se você tiver um amigo bonitão e solteiro pra ser meu guia particular, ia ser ótimo.

Mas o resto dessa história, eu conto depois.
Ficamos mais um pouco no bar conversando. De música de fundo, um monte de canções brasileiras. Tocou até Elis Regina =)

Marta e o brasileiro ainda iam sair do bar e ir parar em outro lugar pra dançar. Como eu tinha acabado de chegar de viagem, resolvi voltar pro hostel e dormir, pra no dia seguinte acordar bem cedo e aproveitar cada minuto na cidade.



terça-feira, 29 de maio de 2012

Diário de Viagem - Chile

Depois de mais de um ano de trabalho duro, eu FINALMENTE consegui tirar férias. E o mais legal foi que finalmente consegui planejar uma viagem que não fosse pra Ubatuba ou Buenos Aires DE NOVO.
 Depois de muito planejamento e economia, no dia 4/05 eu embarquei rumo ao Chile para 10 dias de viagem sendo 5 na capital Santiago e 5 em San Pedro do Atacama.

A partir de amanhã farei posts diários sobre a viagem. Cada dia equivale a um dia de viagem, como se realmente fosse um diário. Porque por mais que a gente conte e poste fotos no Facebook, tem coisas que só um bom post no Blog pode descrever. Ou não, porque o que eu vi lá - especialmente em San Pedro - beira o indescritível! E é uma boa maneira de reavivar esse blog que andava meio totalmente parado. Então já sabem. A partir de amanhã comecem a acompanhar como foi a viagem pro Chile (com direito a fotos e vídeos) visto de uma perspectiva de uma mulher de 25 anos!


sexta-feira, 16 de março de 2012

Os dilemas de uma cidade violenta


Acabo de chegar em casa depois de mais um dia de trabalho. Seria uma volta pra casa rotineira se não fosse por um evento que eu presenciei no meio do caminho.

Estava andando distraídamente ouvindo música (como sempre faço) quando vi uma aglomeração de pessoas na calçada olhando para o outro lado da Avenida Faria Lima. Ali estavam mais pessoas paradas olhando e duas viaturas da polícia, uma atrás da outra. Eu quase nunca páro pra ficar observando. Acho muito de mal gosto esse pessoal que adora um barraco alheio, e pra não ser confundida com gente assim, sempre passo reto e finjo que não sei. Mas por algum motivo aquilo me despertou uma curiosidade e eu também parei pra olhar.

Sem tirar os fones do ouvido, vi que a polícia estava colocando um cara dentro de uma das viaturas. Ele entrou no carro sem oferecer resistência alguma. No entanto, na segunda viatura a coisa não era bem assim. Deu pra perceber que o outro rapaz (ou menino, vai saber) gritava e tentava se desvencilhar dos policiais. Movida por uma curiosiddade maior ainda, desliguei o iPod e aí pude ouvir o que ele tanto berrava. Coisas como "eu não quero mais apanhar", "deixa eu pelo menos ligar pra minha mãe", "eu não fiz nada" e "por favor".

Atrás de mim, um prédio que abriga uma escola de ensino técnico e os estudantes na janela gritando outras frases como: "abuso de poder", "chama o Datena", "coxinhaaaa", "tamo filmando tudo", "polícia safada" e outras coisas mais.

Enquanto isso, o menino da segunda viatura gritava e resistia. Um dos políciais acabou se irritando e ali, na frente de todos começou a dar uns cacetes nele. Empurrava ele pra dentro da viatura como se fosse uma caixa de papelão, dessas que a gente usa na mudança e joga de qualquer jeito dentro do caminhão, sabe? Até que em determinado momento um coxinha, digo, policial entrou junto na parte de trás do camburão e foram embora.

Alguns policiais ainda ficaram e começaram a abordar as pessoas que estavam perto dos carros. Pelo que eu entendi, um rapaz filmou tudo com o notebook. Perguntei ainda para os estudantes da tal escola se eles sabiam o que tinha acontecido, mas ninguém soube me informar nada. Enfim, a confusão dispersou e todos continuaram seu trajeto de volta pras suas casas depois de mais um dia estafante.

Vendo aquela cena me veio de imediato o livro do Zuenir Ventura (1968: o ano que não terminou) na cabeça. A polícia está rondando por ali, vê dois tipos com cara de estudante e como estão sem serviço, resolvem parar e abordar de uma maneira nada amigável. Com qualquer pretexto, eles batem, algemam e levam embora e sabe-se lá como isso vai acabar. Em suma: o terror.

Aí eu fiquei pensando. Será que os dois eram realmente inocentes? Eu sou do tipo radical e desconfiada.Pra mim, ninguém presta até que se prove o contrário. Sou do tipo que se a polícia pegou alguém fazendo alguma coisa errada tipo furtando um pedestre, ameaçando enfim oferecendo algum tipo de risco, tem mais é que descer a borracha mesmo, encher de bica e levar preso. Direitos humanos pra bandido e vagabundo de cu é rola! Mas e aí? A gente sabe que a nossa polícia é corrupta, como saber se o que eles estavam fazendo era certo? Se eles pegaram as pessoas certas? Como saber se o que estava berrando fez isso de propósito, pra chamar a atenção e pagar de coitadinho, quando na verdade ele era culpado de alguma coisa? E se ele era culpado, DO QUE ele seria acusado? O que ele fez?

Fiquei pensando que fim levará os que foram presos vão levar. Especialmente aquele que estava mais relutante. Qualquer coisa que você fala prum policial é considerado ~desacato a autoridade~ e o policial que bateu nele estava visivelmente puto. E a pessoa que teve a ousadia (no bom sentido) de filmar todo o acontecimento. O que os policiais fizeram com ele? Com o notebook? Com a gravação?

E se essa gravação saiu intacta, como proceder? Chamar a polícia pra resolver uma denúncia feita sobre a... polícia? Ou divulgar na TV? Alguém pode ajudar? Quem seria capaz de resolver esse problema?

Dúvidas essas que eu com certeza levarei comigo durante um bom tempo.