quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Gene Loves Jezebel (Blackmore Rock Bar, São Paulo, 30/07/10)


Em meio a tantas confirmações de show de bandas do mainstream (Avenged Sevenfold, Rage Against The Machine, Bon Jovi e Rammstein, só pra citar alguns), um show de um pequeno grupo dos anos 80 como Gene Loves Jezebel iria passar um pouco despercebido para muitas pessoas. Uma pena, porque quem compareceu ao Blackmore no último dia 30 de julho presenciou um show intimista, mas capaz de encher os olhos dos fãs da música gótica oitentista.

Antes de falar sobre a apresentação em si, é importante entender o que se passa com o Gene Loves Jezebel. A banda foi formada em 1981 pelos irmãos gêmeos Michael e Jay Aston. Depois de alguns anos de sucesso, os dois brigaram e se separaram, fazendo com que Michael gravasse vários cd’s sob a alcunha de sua antiga banda, o que gerou uma série de brigas judiciais pelo nome Gene Loves Jezebel. Em resumo: existem dois Gene Loves Jezebel, porém lideradas por pessoas diferentes. Tendo isso em mente, quem aterrissou por aqui esse ano foi Michael Aston acompanhado de músicos brasileiros extremamente competentes, diga-se de passagem. Em especial o guitarrista que mostrou muita destreza com o instrumento durante toda a apresentação.

Show esse que começou as 22:45 com um Blackmore um tanto quanto vazio. A banda foi a primeira a fazer sua aparição no palco e logo em seguida surgiu Michael Aston de sobretudo preto e coturno, fumando um cigarrinho. Parece que pra quem é artista, a lei anti-fumo não funciona muito bem.

A primeira música executada foi "Always a flame" do álbum "Immigrant", seguida por "Heartache" e "Downhill both ways". O público ainda estava pouco receptivo, mas Michael Aston se comportava como se estivesse se apresentando para milhares de pessoas, com uma dança meio Iggy Pop meio Ian Curtis e colocando muita emoção em todas as músicas que estavam no set list. Eram poucas as pessoas que realmente sabiam e cantavam as letras. O vocalista o tempo todo conversou com quem estava lá, dando a sensação de que estavam presenciando um ensaio aberto ao público do que um show propriamente dito. E não fugiu do clichê ao responder "sim" quando perguntaram se ele estava gostando do Brasil.

Com breves versões inseridas cuidadosamente em algumas músicas ("Paranoid", do Black Sabbath, foi uma delas que apareceu de surpresa), o público foi ficando cada vez mais animado ao longo do show. Alguns dançavam como se estivessem na pista do finado Madame Satã.

O show só ficou animado de verdade quando veio a dobradinha "Motion of Love" e "Desire", possivelmente as duas músicas mais conhecidas da banda. Pela primeira vez, todo mundo estava cantando junto. Pena que a apresentação já estava chegando ao fim.

O encerramento ficou por conta de "Loving you is the Best". Alguém do público pediu uma música do álbum "VII", mas Michael recusou alegando que não gostava desse cd. Outra curiosidade: de acordo com palavras do próprio Michael, não houve nenhum ensaio pro show que tinha acabado de acontecer, pois ele e os músicos que o acompanharam tinham se conhecido naquele mesmo dia.

Com um pouco mais de uma hora de duração e a atração principal interagindo diretamente com o público, o show do Gene Loves Jezebel foi no mínimo peculiar e marcante para os fãs que lá estiveram. Afinal, não é todo dia que seu ídolo desce do palco e vai curtir a balada com você ao final de um show.

SET LIST:
Always a flame
Heartache
Downhill both ways
The Cow
Beyond doubt
Sorry
Suspicion
Gorgeous
20 KHZ
Upstairs
Motion of Love
Desire
Bruses
Loving you is the best

~*~

Tô atrasada com as resenhas, porque depois desse show, ainda cobri o coquetel de lançamento do novo cd do Angra e fiz uma entrevista (minha primeira) com o baixista deles, Felipe Andreoli.

Além disso preciso dar continuidade à seqüência de cd's que mudaram minha vida, faltam pelo menos 3 cd's. Deus me ajude nessa correria de último semestre na faculdade. Oremos!

Ps; link original da resenha aqui

terça-feira, 14 de setembro de 2010

14/09/2007 - Notas de uma noite comum


Há 3 anos, o dia quatorze de setembro caiu numa sexta-feira. E como quase todas as sextas-feiras daquele ano, A. iria encontrar suas amigas no mesmo lugar de sempre, com as mesmas bandas de sempre tocando as mesmas músicas de sempre. Ela iria se embebedar com as mesmas bebidas de sempre e faria as mesmas merdas de sempre: beijar sua melhor amiga, beijar desconhecidos, talvez até fazer sexo casual com um cara qualquer no banheiro da balada, na esperança de alimentar sua auto-estima que andava baixa desde que tinha sido, mais uma vez, enganada pelo mesmo cara. Ela usaria também as roupas de sempre e tiraria as fotos com as poses de sempre.
Realmente, quase tudo que ela imaginava que ia acontecer aconteceu naquela noite. Mas uma coisa - uma pessoa, um homem - se destacou. Ele não fazia parte dos seus planos corriqueiros. Ela não prestou atenção nele, mesmo sabendo que estava junto com alguns de seus amigos. A. ainda tomou sua cerveja enquanto ele estava no banheiro e nem ao menos agradeceu.

A. passou a balada inteira andando pra lá e pra cá na companhia de suas amigas. Deve ter ficado com uns dois caras diferentes, isso sem contar os beijos com meninas que estavam se tornando cada vez mais freqüentes em sua vida. A. estava alcoolizada e sempre que ela fica assim, as baladas parece que acabam em 5 minutos. E naquela noite, OBVIAMENTE, não foi diferente. Em determinado momento, ela se encontrou com sua amiga, sua carona e disse: vamos pagar? Ao terminar essa frase, A. percebeu que ao redor dela estavam alguns conhecidos seus... e ele. NA HORA seu olhar parou NELE. "Como que eu não vi esse cara gatíssimo aqui antes?", ela pensou. Cabelos compridos, rosto quadrado, traços fortes mas ao mesmo tempo delicados. Um olhar tímido meio perdido. Alto, magro, misterioso. Sua amiga, talvez de propósito, talvez não, disse: - vai indo pra fila com o L., eu já vou.

E ela foi. Pegou na mão de L., um cara que ela nunca tinha visto na vida. Pararam para conversar com alguns amigos dela, enquanto eles continuavam de mãos dadas e foram pro final da fila. E foi ali, naquele momento que A. sentiu coisas que ela nunca havia sentido antes. Eles se olharam por um tempo e parecia que o tempo tinha parado. Todas as pessoas que estavam ao seu redor haviam desaparecido. Só estava ela e ele ali um de frente pro outro, sem trocar uma palavra. A. achava que esse tipo de coisa só acontecia em filmes. Mas não, estava acontecendo com ela. E ela não estava exagerando ao dizer que foi REALMENTE mágico! Ela, sempre falante, comunicativa... na frente daquele cara estranho ficou MUDA.
E foi nesse silêncio entre os dois que ele abriu um sorriso. Um sorriso maravilhoso, cheio de carinho e alegria, que mostrava seus dentes perfeitos, brancos, alinhados. "É o sorriso mais lindo que eu já vi na minha vida", ela pensou. E foi com esse sorriso que L. foi se aproximando, se aproximando... até que seus lábios encontraram com os dela. E eles se beijaram. Beijaram. Beijaram. Não conseguiam parar de se beijar.

Ela já tinha beijado caras desconhecidos, sem saber ao menos o nome antes. Mas ela nunca havia se sentido daquela maneira. No fundo, A. sentia que a partir daquele momento, sua vida tomaria um rumo totalmente diferente. Seria uma vida nova onde as baladas não seriam as mesmas. As músicas, as bebidas, os amigos não seriam os mesmos. Até mesmo as bebidas não mais seriam as mesmas. Seu estado de espírito e seu coração nunca mais seriam os mesmos depois daquele encontro no dia 14/09/2007.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Guia de como sobreviver ao fim de um namoro (para mulheres)


Conversando com uma amiga pelo MSN que está triste porque seu namoro terminou, resolvi montar um guia de como sobreviver ao fim de um namoro, casamento ou qualquer tipo de relacionamento amoroso:



Não chore na frente dele: chorar, na minha humilde opinião, é uma das maneiras mais baratas e clichês de se chantagear alguém que está terminando com você. Claro que é importante expressar seus sentimentos, mas faça isso no seu canto, onde ninguém possa ver suas fraquezas e quão triste você está.

Seja orgulhosa: se por acaso alguém terminou com você e depois de um tempo se arrependeu e pediu pra voltar, NÃO VOLTE! Uma vez que o relacionamento terminou ele nunca mais será o mesmo. Você sempre vai desconfiar de alguma coisa e nunca mais vai conseguir relaxar, pois vai achar que a qualquer minuto ele poderá terminar tudo outra vez.

Não corra atrás: suas amigas dizem que "se o namoro vale a pena, então você deve batalhar por ele?" É balela. Elas não devem fazer idéia do quão humilhante isso é. Nada de ligar no meio da madrugada chorando dizendo que teve um sonho com ele. Não mande cartas, e-mails, não pergunte dele pros amigos íntimos... isso só vai aumentar ainda mais o ego do rapaz. Ele vai pensar que é a coisa mais importante da SUA vida e automaticamente você estará em suas mãos. Além do mais: se foi ele que terminou, então se rolar algum sentimento de arrependimento tem que vir DELE. ELE é que deve procurar você loucamente, rastejar aos seus pés e fazer de tudo pra voltarem.

Não tente ser amiga dele: a pior atitude que você pode ter depois que um relacionamento acaba é vocês resolverem ser amigos. Por mais que tenha terminado numa boa, esse lance de "nunca vamos perder o contato" é mentira. Daqui alguns meses, os dois (ou só ELE, o que é pior ainda) vai ter engatado um lance com outra ina e você acaba de passar para o segundo plano. Segundo plano não: você acaba de ser jogada no limbo. Ele nunca mais vai querer saber de você, nunca mais vai te ligar (nem ao menos pra fazer um remember) e tudo o que ele dizia quando vocês estavam juntos de que "você é a mulher da minha vida" vai se tornar insignificante, uma vez que ele vai dizer AS MESMAS COISAS... só que pra ELA!

Não acredite em tudo que ele te diz: se ele fala que está com saudades, nada de se derreter toda e já planejar como vai ser quando vocês reatarem. Provavelmente ele disse isso porque já estava acostumado com a sua presença no dia-a-dia e agora que não estão mais juntos, sente falta só da sua pessoa. Ou pior ainda: ele diz isso porque quer comer você algumas vezes enquanto ele não arruma uma outra parceira fixa.
Outra coisa importante: ele te pede pra não ficar com ninguém por enquanto porque ele vai fazer o mesmo. Daí você se priva de conhecer um monte de gente nova (e interessante, e bonita, e legal) porque acha que ele também está curtindo uma fossa e pensando em você. Que garantia você tem disso? NENHUMA. Ele dizer que não quer que você fique com ninguém porque sentiria ciúme, é apenas um eufemismo que mostra o quanto ele é machista e egoísta.

Perca totalmente o contato com ele: delete de Orkut, Facebook, pare de seguir no Twitter e PRINCIPALMENTE: DELETE do MSN. Não bloqueie. DELETE. Bloqueando fica mais fácil de cair na tentação de desbloqueá-lo para "eventualmente" falar um Oi. Se você fizer isso e eventualmente ele for seco na resposta, sua tristeza aumentará ainda mais e vai se mais um dia que você passará chorando.
Esse contato inclui querer saber o que ele está fazendo. Aconteceu comigo quando meu namoro terminou. Eu e ele frequentávamos os mesmos lugares. Um dia ele foi pra uma balada e ficou com uma menina. Claro que tinha um monte de conhecidos meus por lá que viram e no dia seguinte vieram me contar. Eu fiquei mega chateada e foi desnecessário saber disso. Então, controle sua vontade de investigar a vida do cara.

Exorcismo amoroso: Escute todas as músicas que lembram ele de uma só vez; releia todas as cartas que ele te escreveu, veja fotos, scraps que ele costumava te deixar, mensagens no celular... TUDO! E chore... chore MUITO enquanto estiver fazendo isso. Faça isso quando estiver sozinha em casa sem ninguém por perto pra te amparar ou dar conselhos. Chore até perder as forças, até ficar com o rosto inchado a ponto de ficar igual ao Fofão. Depois disso, guarde as fotos, as lembranças, as cartas, as músicas num lugar bem fundo, escondido e de difícil acesso E fique um bom tempo sem ter acesso a nada disso. Mas provavelmente você precisará fazer esse exorcismo mais de uma vez, mas todas as vezes que fizer pense "essa será minha última fossa". Você vai se impressionar que conforme o tempo for passando, esses rituais se tornarão cada vez menos freqüentes.

Lavagem cerebral não existe: já assistiu "Brilho eterno de uma mente sem lembranças"? Então eu aposto que você adoraria que existisse um tratamento daqueles. Que permitiria você nunca mais lembrar o nome dele, os momentos maravilhosos que passaram juntos, seus telefones, endereço... certo? Pois é, eu também iria adorar um tratamento daqueles e possivelmente faria caso existisse algo semelhante. Pois é, mas NÃO existe. Então não adianta você pensar: aaaai, porque não dá pra esquecer tudo? Se lamentar não adianta nada, NADA! Sofra o quanto tiver que sofrer, chore o quanto tiver que chorar... MESMO! Porque uma hora, por mais desesperada que você esteja no momento, essa dor VAI PASSAR. Não sei quando, não sei como, mas vai passar.

Amigas: elas adoram dar conselhos na sua vida e no término do seu relacionamento, né? Legal, ao menos você sabe que não está sozinha e se precisar chorar no ombro de alguém. Elas vão te distrair, te levar pra passear e vão escutar tudo o que você tem a dizer. Mas algumas dessas amigas podem querer dar conselhos demais. Exemplo: você resolveu ir pra balada com elas e tem um cara MUITO MARAVILHOSO querendo ficar com você. Mas você ainda não se sente pronta pra beijar outra pessoa. Só que a sua amiga acha que você TEM QUE ficar com ele, só assim vai esquecer o ex. Se você não está pronta, NÃO FIQUE! Além do arrependimento que vai te bater depois, vai acabar fazendo algo que na verdade não queria e por isso vai culpar a amiga e acabarão brigando. Saiba filtrar os conselhos que te servem e aquilo que VOCÊ quiser realmente fazer. E se por acaso acontecer algo parecido que aconteceu comigo (sua amiga viu ele com outra pessoa) e ela vier com aquele papo: você nem sabe quem eu vi ontem, responda: se você está falando DELE eu não quero saber.

Take your time: não se force a nada, NADA. Mais uma vez: sofra o quanto precisar sofrer. Não fique e/ou transe com ninguém só porque levou um fora e precisa disso pra provar que é superior a ele. Só faça baladas quando se sentir PRONTA para isso. Não se exponha na Internet e aproveite esse tempo que você está sozinha pra prestar mais atenção em você mesma.
Você vai descobrir coisas que nem imaginava...













(Digamos que resolvi escrever esse guia pra que EU MESMA possa ler de vez em quando e tentar não cometer os mesmos erros que eu venho cometendo desde que comecei a ter relacionamentos sérios)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Aprendeu a lição?

E aí Ana Clara. Será que depois de 3 ou 4 vezes passando pela mesma situação você finalmente vai aprender que as pessoas NÃO MUDAM? Que esse papo de que todo mundo merece uma segunda chance é a maior mentira do mundo?

Você já tinha passado por algo parecido quando seu primeiro namorado veio te procurar 3 anos atrás. Você no fundo sabia que aquilo tudo ia dar merda, mesmo com todas as coisas bonitas que ele te falava, os restaurantes e jantares chiques que ele te levou e as frases do tipo: me arrependi, eu mudei, dessa vez vai dar certo. Você acreditou, foi deixando se levar e aí o que aconteceu? Depois de só 3 semanas que ele tinha te procurado, ele fez com você EXATAMENTE o que fez da primeira vez.
Você se lembra do quanto chorou né? Do quanto ficou mal, sofrendo e se odiando por ter dado uma chance praquele sociopata de merda. Depois que tudo passou, o que você disse pra você mesma? Que as pessoas não mudam e se deu errado uma vez, vai dar errado pra sempre.

Aí passaram-se 3 anos e o que aconteceu com você? A MESMA COISA, só que com uma pessoa e uma situação diferente. Mesmo depois dessa pessoa ter falado que ia voltar com a ex namorada; mesmo você ter xingado ele de tudo quanto foi nome e mesmo você sabendo que ele era um cara confuso isso não te impediu de reatar com ele depois que ele te procurou.
Desde o começo você tava desconfiada, sabia que ia ser difícil ele reconquistar sua confiança... vocês já tinham brigado (na verdade, você brigou com ele) por ciúme seu da ex-namorada, ele já tinha cantado a bola: vai ser mais difícil do que pensei. Mas mesmo assim você continuou nessa. Continuou investindo num relacionamento que na verdade nunca existiu. Deu presente, se preocupou, se entregou fisicamente. E o que você teve em troca? NADA! Apenas uma conversa no MSN, acho melhor a gente parar de se ver, não vejo mais você como outra coisa além de amiga, depois eu te devolvo suas coisas e tchau. EXATAMENTE o que aconteceu nesse MESMO ano de 2010 só que em Janeiro. Mesmo depois das inúmeras sessões de terapia, mesmo depois de ter passado alguns meses longe de você... ele simplesmente NÃO MUDOU. E não vai mudar NUNCA!




Mas e aí? Você vai ficar mal por tudo isso, vai chorar sem ao menos saber o porquê e depois o que vai restar?
Você se apaixonar pelo primeiro imbecil que aparecer na sua frente só porque tá se sentindo carente?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Notas de um término doloroso parte final


O dia 11 de agosto de 2008 seria decisivo para C. e ela sabia disso. Depois de tudo que ela viu na noite anterior; depois de ter chorado até perder as forças mais uma vez; depois de ter empapado o travesseiro com lágrimas de desespero e tristeza ela sabia que teria que tomar uma decisão a respeito do seu já fracassado namoro. No fundo, ela sabia que fim - literalmente - aquela história toda daria. Mas ela não queria aquele final. Ela queria outro. Ela queria que J. dissesse que queria tentar mais uma vez e que seria MESMO diferente.

Ele tinha respondido seu depoimento: eu to te chateando muito. Vamos conversar hoje e resolver nossa situação. C. sabia que aquilo era como um discurso de abertura antes do gran finale: vamos terminar. Tanto que passou o dia chorando, arrasada, sem saber o que fazer, o que dizer e o que pensar. As horas se arrastavam como se estivessem presas à uma imensa bola de ferro. Ele não tinha ligado no seu celular. “Se ele não me ligar, eu não vou atrás”, decidiu C. Afinal era ELE quem queria encontrar para conversar. C. só queria passar uma semana escondida, pensando.

Ele só deu sinal de vida no final do dia. Mandou um sms: podemos nos encontrar na faculdade? Ela respondeu: estarei na praça de alimentação lendo um livro a partir de tal hora. Me encontre lá se quiser. A mesma praça de alimentação onde ele havia dado a aliança para ela com aqueles olhinhos cheios de ternura e algo bem próximo a amor. Será que o cenário do início de toda aquela história também seria o cenário do fim?

Ele sentou na frente dela. C. estava com um livro de marketing aberto e na frente dela, algumas folhas de caderno rabiscadas. Estava tentando passar a ansiedade fazendo um resumo, mas ele não se demorou e logo estavam frente a frente. A praça de alimentação estava lotada e barulhenta. Ao lado deles, um grupo de universitários jogavam animadamente Guitar Hero. C. invejava-os. Aliás, ela invejava todo mundo que naquele momento estava feliz de verdade. C. se sentia tão triste, tão desamparada que se ela pudesse apertar um botão e se desligar de vez, ela teria feito isso.

- Me responde uma coisa. Por que você estava sem a aliança nas fotos?

- Você sabe que eu nunca usei aliança dentro de casa. E no fim das contas, eu estava atrasado, acabei saindo correndo e esqueci de colocá-la no dedo.

- Olha no fundo dos meus olhos e me diz que você não ficou com ninguém esse fim-de-semana.

Era uma pergunta idiota a se fazer naquele momento. Mesquinha, até. Ela não tinha que se preocupar com traição. O namoro já estava ruim há muito tempo. Ela deveria se preocupar em como eles resolveriam aquilo da maneira menos dolorosa possível. Se é que havia essa maneira.

- Não. Não fiquei com ninguém. Eu não fiz isso na maldade.

- Ta bom.

Silêncio entre os dois. Ela queria falar, mas não sabia o QUE falar. COMO falar. Ele, como sempre ficava quieto. Só o som infernal da praça de alimentação.

- Vamos sair daqui, ta muito barulho e eu mal consigo te ouvir.

Sentaram um do lado do outro num canto de uma escada em algum lugar daquele campus enorme da faculdade. Aí foi a vez dele falar.

- Não dá mais. Você tem se magoado por minha causa e eu não quero mais namorar. Ta insustentável tudo isso e precisamos terminar.

Pronto. O veredicto foi dado. Tudo aquilo que ela mais temia em escutar e ao mesmo tempo queria ter coragem pra dizer. Ela sabia que isso ia acontecer uma hora ou outra. Era ISSO o que ela queria ter dito a ele meses atrás, quando seus sentimentos estavam menos machucados. C. engoliu a seco e respondeu:

- Tudo bem. É o melhor que a gente faz.

Eles ainda ficaram mais um bom tempo conversando. C. tentou ao máximo não chorar nem demonstrar muitos sentimentos. Era muita chantagem emocional barata chorar na frente do seu agora ex-namorado.
Caramba, como esse pensamento doía. O cara mais lindo do mundo. Mais especial, carinhoso, que tinha absolutamente tudo a ver com ela e que dizia que a amava tanto... agora era seu ex namorado. E a banda que eles tinham em comum? Ela resolveu que iria continuar mas que a partir do momento que aquilo começasse a machucá-la, iria pular fora. Ele concordou. Não queria terminar brigados, com raiva um do outro. Ela ainda tentou argumentar. Se desarmou completamente dizendo tudo aquilo que sentia; seus medos e suas aflições; seus desejos e o quanto estava triste com tudo aquilo.

Voltaram juntos da faculdade pela última vez. Desceram juntos na mesma estação de metrô da última vez. E pela última vez ela o acompanhou até a porta do seu ônibus. Se abraçaram e ele disse no seu ouvido:

- Por favor, não me odeia.

As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Ele tentou olhar nos seus olhos, mas ela abaixou a cabeça. Olhando para sua mão, tirou a aliança do seu dedo. J. tentou fazer o mesmo com ela, mas ela não deixou e disse:

- Elas vão ficar comigo. Tchau.

E foi assim que tudo terminou. C. entrou dentro do ônibus que a levaria para casa. As lágrimas agora corriam fartas pelas suas bochechas. Tudo aquilo que ela não tinha chorado na frente dele, iria fazê-lo agora.
Ela sabia que iria sofrer muito. Sabia que aquele sentimento de vazio iria tomar conta dela. O que ela não sabia é que iria durar mais tempo do que ela poderia aguentar...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Notas de um término doloroso parte II


Ela voltou para São Paulo depois de mais outro dia melancólico e triste. Dias assim estavam fazendo parte de sua vida. Mesmo assim ela não conseguia se acostumar de jeito nenhum. Na verdade, ela pensava: o certo da vida não é a gente se acostumar à coisas boas, que façam bem pra gente? Como que eu posso me acostumar a essa montanha de sentimentos ruins?

Ligou para ele mais uma vez. Ela não sabia que essa seria a última vez que ligaria para sua casa como namorada. Ela também não sabia por que ainda ligava. Era totalmente perceptível no tom da sua voz que ele não estava a fim de conversar. Talvez não com ela em específico. Mesmo assim, insistindo no erro, ligou. Não ficaram mais do que 15 minutos no telefone. Foi praticamente um monólogo. Ele mal participava, não interagia:
- como foi o show lá?
- foi legal.
- e o dia dos pais?
- foi ok
- você não ta muito a fim de conversar né?
- não muito.

E foi com essa frase que ela resolveu encerrar seu papel de ridícula, de menina desesperada que não sabe perceber em que momento o namoro ACABOU. Mais uma vez triste e amargurada, sentou na frente do computador. Viu que ele estava online, chamou no MSN mas nada; nem uma resposta. Ele saiu sem nem ao menos dizer boa noite. Pior que isso: postou fotos do show que sua banda tinha feito no dia anterior e para a surpresa de C. em todas as fotos ele aparecia SEM ALIANÇA. Sem aquele presente que ELE MESMO deu para ela no dia que estava fazendo 2 meses que tinham se conhecido. Bons tempos eram aqueles em que os dois estavam apaixonados um pelo outro. Toda vez que C. se lembrava daqueles tempos, sua tristeza aumentava ainda mais, se é que isso era possível.
Tudo que C. queria era poder voltar naqueles tempos, no começo do seu namoro onde ele a tratava como uma rainha, rasgava-se em elogios, carinhos e juras de amor. C. não conseguia entender: como que um namoro poderia se transformar... naquilo? E do nada? Como que J., que nos primórdios do namoro dizia que C. era tudo aquilo que ele sempre procurou e só tinha encontrado quando eles se conheceram e agora a tratava com tanta indiferença, com tanta frieza?

Quando viu àquelas fotos, C. estava se sentindo como se alguém estivesse sufocando-a. As lágrimas tentavam se esconder, pois dessa vez ela não estava sozinha. E ela não queria começar a chorar na frente da sua mãe ou de seu irmão mais uma vez pelo MESMO motivo. "A partir do momento que o namoro te faz mal C., você tem que terminar isso logo. Um relacionamento serve para nos deixar feliz e não triste", era o que sua mãe sempre lhe dizia. E aquilo estava fazendo mal fazia alguns meses. E ela continuava dando murros em ponta de faca, provando o quão masoquista uma pessoa pode ser em nome do "amor".
Era quase meia noite quando ela ligou no celular de J. Queria tirar satisfações sobre ele ter ido tocar sem a aliança. Será que ele já tinha terminado com ela e não tinha sido informada? Nada; ele não atendia. Não iria ligar na sua casa NAQUELA HORA. Tentou mais 2 vezes. Sem resposta. Acabou por mandar um depoimento no Orkut que dizia mais ou menos assim:

"Eu vi as fotos do show e que você tocou sem aliança. Você conseguiu me magoar de vez. Quero um tempo essa semana pra poder pensar no que vou fazer."

E foi para seu quarto vazio, frio. Foi empapar mais uma vez sua fronha com as lágrimas que estavam se tornando cada vez mais amargas. Seria outra noite longa, sem sono profundo e com os pesadelos mais horríveis.

(Continua)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Notas de um término doloroso parte I


Toda vez que chega no mês de Agosto, mais especificamente décimo primeiro dia desse mês, C. fica mais melancólica, quase que triste.
Ela sempre se lembra do que aconteceu nesse dia, nesse mês dois anos atrás.

Em 2008, o dia 11 caiu numa 2ª Feira. E no fim-de-semana anterior à esse dia, ela tinha passado 3 dias seguidos chorando, afundada numa tristeza e agonia que parecia não ter fim. Que a sufocava desde abril daquele mesmo ano. As lágrimas e o coração acelerado por medo de alguma coisa dar errado já eram rotina na sua vida pacata, sem graça e arrastada. Eram 5 meses de dúvidas, inseguranças, angustia, tristeza, esperança, medo. 5 meses que ela sabia que precisava tomar uma decisão que mudaria completamente o rumo de sua vida. Ela sabia qual era a decisão a tomar, qual seria a mais certa tanto para ela quanto para ele... mas ela não tinha colhões para isso. Preferia empurrar todos esses sentimentos ruins a eliminar o causador de tudo isso de uma vez por toda de sua vida.

No sábado, 9 de agosto C. passou o dia trancada dentro de casa, sozinha. Sua mãe tinha ido visitar seu pai. Ainda bem que ela estava sozinha. Pois assim poderia chorar tudo o que queria chorar, na desesperada tentativa de eliminar aquela dor no peito que ela sentia. Uma dor tão forte e tão real que parecia que ela poderia pôr a mão. Fazia muito frio, chovia constantemente e o sol não tinha dado as caras. Era o tempo perfeito para curtir uma fossa.
Tentando recuperar seu namoro, ela tinha ligado para J. convidando-o para almoçar. Ele ia tocar com sua banda em outra cidade à noite; ela tinha um aniversário para ir e no Domingo não daria tempo de se encontrarem. Ele não quis almoçar com ela. Estava frio ao telefone, não deu a mínima. Nem quando ela começou a choramingar no outro lado da linha. “Não quero chorar na frente dele”, ela pensou. Sempre achou que chorar na frente do namorado era uma chantagem emocional barata que só servia para que ele pisasse ainda mais em cima dos seus sentimentos. Quando pôs o telefone no gancho, as lágrimas aumentaram de intensidade, assim como a chuva lá fora. Querendo desabafar com alguém, ligou pra sua amiga:
- por favor, vem aqui em casa. Não sei mais o que eu faço.

Sua amiga veio. Elas conversaram e C. ouviu mais uma vez que precisava ter forças para terminar esse namoro que mais parecia um elefante pesando 89 toneladas. C. ficava cada vez mais desesperada quando ouvia esses conselhos. Ela SABIA que precisava pôr um fim nisso tudo. Mas o que ninguém parecia entender era que ela simplesmente não tinha CORAGEM para isso.

C. e sua amiga foram ao aniversário à noite. Foi bom, porque ela dançou a noite toda, deu risada e por ora conseguiu esquecer tudo de ruim que estava acontecendo na sua vida. Mas no momento que entrou no táxi de volta pra casa, todos os fantasmas que ela tinha exorcizado voltavam a assombrá-la. O domingo de dia dos pais não foi o suficiente para que ela esquecesse tudo. Sua tia fez a pergunta que não deveria ter feito:
- e aí, e o namorado?
- meu namoro ta uma bosta, tia. Nem queira saber.

(Continua)