quinta-feira, 3 de março de 2011

Sobre a decisão da Anvisa em proibir os remédios contra a obesidade


Faz tempo que eu quero escrever sobre isso aqui no blog. Aí na semana passada li uma reportagem na Veja (tá, eu sei que "leu na Veja, azar o seu"), mas mesmo assim achei válida e me ajudou a formar uma opinião a respeito.

A Anvisa quer proibir que os endocrinologistas receitem remédios inibidores de apetite como femproporex, anfepramona (o remédio que eu tomo, por sinal) e até a sibutramina que é RIDÍCULA e mal faz efeito! E sabe o que eu acho disso tudo? DESNECESSÁRIO, PATÉTICO, FALTA DO QUE FAZER!
Por que?

1- quando esse tipo de atitude é tomada você tira TODA a liberdade e autonomia do médico. Um profissional que na maioria das vezes estudou ANOS pra chegar onde chegou. Uma pessoa que em algum momento da vida dela resolveu que ia ser médico(a), estudou pra caralho, fez plantão em hospital público, ESPECIALIZAÇÃO na área, ralou pra caralho e finalmente conseguiu montar seu próprio consultório e tem seus pacientes fixos. Aí vem uma porra duma organização e fala: AGORA VOCÊS NÃO PODEM MAIS RECEITAR ISSO OU AQUILO!
Tipo, oi? A pessoa ESTUDOU pra isso, ela SABE o que está receitando! É a mesma coisa que alguém te chamar de BURRO.

2- um médico BOM, DECENTE não sai receitando qualquer remédio pra qualquer pessoa de maneira aleatória. Todas as vezes que eu tomei remédios pra emagrecer (femproporex, sibutramina e agora a anfepramona), os endocrinologistas que eu fui me mandaram fazer um moooooooooooonte de exames. Aí, SÓ DEPOIS que eles escolhiam qual era o melhor remédio pra mim, qual daria melhor resultado e AÍ SIM eles me davam. E mesmo assim, sempre em quantidade controlada, pra depois de ter perdido os primeiros quilos, eles irem tirando o remédio de mim aos poucos. A Anvisa acha o que? Que a pessoa entra na sala do médico, ele olha pra cara dela e fala: você vai tomar tal substância porque combina com o seu nome?

3- Proibir esse tipo de remédio agora é ter um número de pessoas obesas muito maior depois. Ou a Anvisa acha que dá pra tratar só com shake da Herbalife ou com dietazinha, sem nada? Tem casos em que a pessoa TEM que tomar o remédio. E aí? A pessoa vai ter problema de colesterol, de coração, sofrer preconceito porque proibiram os remédios?

4- Os funcionários da Anvisa não vão na minha casa, as 22:30 numa quarta-feira tirar o terceiro pedaço de pizza da minha mão, evitando que eu engorde né? Isso eles não fazem...






Pô.
Tem tanta coisa mais importante - envolvendo esse ramo de remédios pra emagrecer - pros caras se preocuparem.
Eles deveriam combater a venda de receitas falsas, isso sim. Tinha que prender pseudo-médicos que estão por aí "trabalhando", receitando coisa errada, prejudicando um monte de gente, quem sabe até MATANDO essas pessoas, sabe?
Vai ali no centro de São Paulo, perto da Galeria do Rock pra você ver. Qualquer infeliz pode ir lá comprar uma receita falsa. EU MESMA cheguei a comprar uma vez. Chegou pelos Correios em casa e custou só R$15,00. Era só preencher com o remédio que me desse na telha... e aí? Isso a Anvisa não vê, isso eles não proibem!
Tá tudo errado nessa merda de país... tudo errado.

-Ana-


Ps; se alguém concorda comigo, tá rolando um abaixo-assinado contra essa decisão ridícula:
http://www.abaixoassinado.org/assinaturas/assinar/8288

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fases da vida

Essa semana me peguei refletindo sobre isso... sobre as fases da vida.
Me lembrei de quando eu estudava no Nova Era, quando estava na 3ª série mais ou menos. Praticamente todo fim-de-semana tinha uma festinha de aniversário para ir. Meus pais, coitados, gastavam os tubos com presentes numa loja que tinha (achei que tinha falido, mas descobri ontem que ainda existe) no Center Norte, a Brinquedos Laura. Sexta era festa da Gabriela Alem num buffet da Zona Norte. No sábado, tinha aniversário da Thaís Cadernuto no salão de festas do prédio dela. Cada festa era uma coisa nova, mas ao mesmo tempo eram parecidas umas com as outras. Os mesmos buffets, as mesmas brincadeiras, o mesmo rapaz fantasiado de mágico fazendo aqueles velhos truques pras crianças... e quando alguém fazia festa num buffet que não era na Zona Norte? Nossa, ai era frisson. Geralmente a gente achava essas festas muito mais legais que as que aconteciam no Jardim São Paulo e arredores. Buffets maiores, com brinquedos mais modernos, lembrancinhas mais legais...

Aí, quando a gente tinha uns 11, 12 anos e ainda estávamos no Nova Era, as festinhas começaram a ficar mais "adultas". Alguns comemoravam os aniversários no Playland do Center Norte geralmente no meio da semana, o que gerava discussões entre pais e os filhos. Os pais achavam um absurdo seu filho ir dormir a meia-noite em plena Quaeta-Feira. Já a gente, queria liberdade e achava o máximo ir dormir tão tarde no meio da semana. Começaram também os bailinhos. Não precisava ser necessariamente aniversário de alguém. Bastava uma casa disponível, uma mãe afim de ficar de olho em 30 pré-adolescentes, alguns cd's dos Backstreet Boys, as melhores da Jovem Pan e pronto, a festa estava feita! Meninas levavam um prato de salgado e refrigerante, meninos levavam um prato de doce e lá pelas tantas, os casaizinhos estavam formados, dançando ao som de I'll never break your heart. Foi também mais ou menos nessa época que todo mundo começou a perder a "virgindade da boca". Eu mesma, beijei pela primeira vez aos 11 anos num desses bailinhos. Por sinal, o primeiro que o pessoal da minha sala promovia. Bons tempos... a gente era tão inocente e nem sabia. Achava que estava arrasando em dar um beijo de língua todo desengonçado no menino mais bonito da sala. E ai se os pais ficassem sabendo disso, né?

Infelizmente o período do Nova Era foi só até a 8ª séria. A escola não tinha colegial e tivemos que nos separar. Isso lá pelos 14, quase 15 anos de idade. Aí começou a fase das festas de debutante. Festas mais elaboradas, gastava-se mais dinheiro com os presentes e principalmente as roupas. O medo de aparecer com o mesmo vestido em todas as festas era algo sempre presente, pelo menos pra mim. Afinal, todas as festas tinham as mesmas pessoas. E a gente, no auge dos 15 anos achava o máximo dançar ao som de um dj qualquer tocando putz putz comercial, tentar roubar um copo de chopp da parte dos adultos e ir embora lá pelas 2, 3 da manhã.

Logo as festas de debutante acabaram e começou a época das festas em baladas na Vila Olímpia, onde nem sempre a gente entrava porque era preciso ter 18 anos e a gente tinha, em sua maioria, 17. Quantas e quantas vezes meu pai me levou até a porta de alguma balada, eu tentar desesperadamente entrar e não conseguir porque não tinha RG falso.

Aí as festas em balada da Vila Olímpia acabaram porque eu finalmente conheci pessoas que gostavam de rock e frequentavam lugares que tinham mais a ver comigo. E eu comecei a sair loucamente pra baladas tipo Ledslay, Madame Satã, Funhouse e coisas do genero. Ia de metrô, voltava de metrô feliz da vida me achando super independente e coisa e tal.

2011 promete ser a fase dos casamentos. Pelo menos 3 amigas minhas estão com casório marcado e eu já estou correndo atrás de roupa para tais eventos. Ano passado fui no meu primeir chá de bebê, de uma amiga minha que engravidou do namorado e estava toda feliz em saber q ia ser mãe.

É surreal pensar em como a vida passa tão rápido...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Minha primeira grande perda


Na sexta-feira da semana retrasada era meu último dia de férias do meu trabalho e minha mãe me acordou da seguinte maneira: filha, se acalma.
Esse tipo de frase tem o efeito contrário. É a mesma coisa se eu disser: NÃO PENSE NUMA MAÇÃ. O que você vai fazer? Pensar em uma maçã, é claro.

Quando ela disse isso, eu dei um salto da cama. Minha avó (mãe da minha mãe) está doente, com anorexia nervosa, então todo mundo da família meio que esperava alguma tragédia.

- O que aconteceu mãe?
- Filha, fica calma, tá bom?
- MÃE, pelo amor de Deus o que tá acontecendo?

Ela não conseguiu segurar o tom de voz firme e foi chorando que ela me disse:
- Seu avô faleceu, filha.

COMO ASSIM? Meu avô? Até 10 dias antes ele estava aqui em São Paulo na minha casa, sorrindo, consertando um monte de coisa que estava quebrada no meu apartamento, fazendo minha avó comer. COMO?
Instantaneamente eu comecei a chorar. Comecei a chorar MUITO. Minha mãe me abraçou, meu padrasto entrou no meu quarto segurando um copo de água com açúcar na tentativa de nos acalmar:

- Como aconteceu, mãe?
- Ele não estava se sentindo bem minha filha. Disse a sua avó que seria bom os dois irem ao pronto socorro. Pegou o carro, andou 4 quadras, tirou o pé do acelerador, fez um barulho e morreu. Infarto fulminante, foi na hora.

Meu choro aumentou mais ainda. Fiquei imaginando minha avó, que anda tão fraca passando por isso, vendo o companheiro de 57 anos sem vida bem ao lado dela. Eu chorava, minha mãe chorava, o telefone não párava de tocar.
No mesmo dia, eu, meu pai e meu irmão fomos para Peruíbe. O velório seria no mesmo dia e sábado de manhã seria o enterro.

Quando entrei na casa dos meus avós (que estava cheia de parentes, amigos da Igreja e pessoas querendo dar uma força) e vi todos os instrumentos do meu avô do jeitinho que ele havia deixado (olhei um a um os instrumentos: os violinos, o teclado, o bandolim, a harpa que ele restaurou com tanto carinho), quando vi minha vó sentada no sofá com aquele olhar perdido e as pessoas em volta dela, a sensação que eu tive foi que entrei numa espécie de sonho bizarro. Não queria chorar na frente da minha vó, queria ser forte para poder consolá-la, mas quando ela veio me abraçar foi impossível controlar:

- Ana, você sabe que seu avô te amava muito, não sabe?
- Sei vó... eu também amava muito ele.

O velório foi horrível é claro. Entrar na Igreja onde meu avô ia todos os Domingos cheio de vida, com todos os hinos ensaiados para tocar lá na frente... entrar na Igreja e vê-lo deitado num caixão, sem vida, roxo, gelado, só a carcaça... não dava pra acreditar, simplesmente não dava! O tempo todo repetia pra mim mesma: essa é a cena mais surreal da minha vida.
Não consigo esquecer o rostinho da minha avó quando ela chegou perto do corpo do meu avô. Passava a mão no rosto dele, beijava sua testa e olhava fixamente para ele, acho que na tentativa de acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

O pastor da igreja chorou ao tentar falar algumas palavras; meu irmão tentou fazer um discurso em nome dos netos, mas não conseguiu terminar. Em volta do caixão, fotos do meu avô VIVO. Tocando violino, tocando sua harpa, ao lado da minha vó, ao lado dos netos, ao lado das filhas. Eu olhava para o corpo sem vida e olhava para as fotos... tão diferente, tão triste.

No dia seguinte, o enterro. Quando você acha que não dá pra ficar pior, fica. Por mais que a gente saiba que aquilo que está no caixão não mais tem vida, é apenas o que restou da pessoa, dói muito quando precisa fechá-lo. Minha vó, pela primeira vez desde que meu avô tinha morrido, começou a chorar. O cortejo até o cemitério. Não podia estar acontecendo comigo. Eu sempre via essas coisas do lado de fora e dava graças a Deus por não passar por aquilo, por ter todos os meus avós vivos. O cemitério ele tinha escolhido um dia que foi passear lá com a minha mãe e minha tia. Falou que queria ser enterrado lá. Era um cemitério velho onde os mortos não são enterrados e sim colocados numa espécie de gavetinha. Minha tia uma vez disse:

- Credo pai, não quero enterrar você aqui. Que cemitério horroroso!
- Horroroso minha filha? Que nada! Olha que lugar lindo, no meio das montanhas, perto do mar

Minha avó passava a mão no caixão antes de ser enterrado e dizia: Tchau meu amor. Eu te amo, logo logo a gente se encontra. E chorava... que cena horrível!

Ficar na casa com a minha avó para fazer companhia não tem sido fácil. A presença do seu Nylthon é muito marcante em cada canto daquela casa. As boinas que ele costumava usar estão todas penduradas no mancebo, num canto da sala. O roupão continua na porta do banheiro. A oficina que ele tanto amava ficou do jeito que ele tinha deixado. Alguns canos estão cortados e amarrados em elásticos, pois ele estava construindo um daqueles sinos de vento, uma das especialidades manuais do meu avô. As fotos dele sorrindo estão espalhadas por todos os cantos da casa. A sensação que se tem é que a qualquer momento ele vai entrar pela sala e dizer:
- Oh netos... que bom ter vocês por aqui!




Mas apesar de toda essa tristeza, me consolo por algumas coisas:
- Meu avô morreu da maneira mais digna que tem. Sem dor, sem doenças, sem sofrimento e ao lado da mulher que ele mais venerava no mundo! Melhor que isso, só morrer dormindo.

- Alguns dias antes dele falecer, ele foi ao geriatra e tinha sido diagnosticado com Alzheimer. Uma das irmãs dele está numa casa de repouso há ANOS com esse mesmo mal e é tão triste você viver sem saber quem é, sem reconhecer a família, os amigos. Precisar de ajuda pra comer, ir ao banheiro, tomar banho. Meu avô não precisou passar por nada disso. A dor dele olhar para nós e não nos reconhecer seria muito mais doloroso do que a sensação que estamos tendo agora.

- Antes dele morrer, deu tempo de comemorar 80 anos ao lado dos amigos, bem, totalmente lúcido. Viajou para Buenos Aires com minha vó, minha mãe e meu irmão. Passou o Natal com a família, assistiu minha apresentação do TCC. Ele estava tão feliz que eu tinha terminado a faculdade, que o meu irmão ia começar a dele. E de quebra, ainda passou 10 dias aqui em São Paulo com a gente.



O que dói mesmo... é a saudade que temos de você, vô!

Nylthon Salles (09/11/1930 - 4/02/2011)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Retrospectiva 2010 atrasado


Já estamos no dia 3/01/2011 e só agora consegui sentar na frente desse blog e escrever algumas coisas sobre o ano que passou.

2010 começou muito bom quando um dos meus melhores amigos - e na época, meu ficante - voltou dos Estados Unidos com uma mala cheia de presentes, e saímos direto, nos divertimos horrores. Até que ele resolveu voltar pra ex-namorada dele me deixando completamente maluca, sem chão, com raiva e ficamos meses sem nos falar. Ainda bem que em maio, por causa de um simples SMS de aniversário, voltamos a ter contato, voltamos a ficar, vimos que não deu certo e conseguimos colocar a amizade acima de tudo. E estamos assim até hoje.

Esse ano que passou também foi absurdamente corrido, especialmente por ser o último ano da faculdade. O primeiro semestre foi uma loucura só, perdi vários finais de semana em função desse trabalho, virei noites escrevendo textos, fui na rua fazer pesquisa, tabulei dados, morri de sono, dei idéias... mas conseguimos entregar tudo dentro do prazo. E confesso que acho que se estivesse em outro grupo, provavelmente isso não aconteceria. Graças a eles, ao pessoal da Senso Incomum, todo esse processo de TCC foi bem menos traumático do que eu imaginava.

Tive um dos melhores aniversários da minha vida com direito a almoço mexicano com as pessoas que trabalham comigo, depois no mesmo dia comemoração num pub com todos os meus amigos, presentes, surpresas, meus pais e algumas pessoas que eu não via há anos. E no dia seguinte, fiz a segunda parte da minha comemoração numa balada que até então não conhecia, mas que foi muito bom, a música, o grau alcoólico dos convidados, todo mundo causando... consegui realizar uma, hm, "fantasia" minha e enfim... todas essas coisas saudáveis que eu gosto, hahahaha.

Depois que passou meu aniversário, no entanto, eu senti meu ânimo despencar. Fiquei várias semanas dentro de casa sem fazer nada. Me sentia mal, queria sair, ver amigos, fazer balada... mas ao mesmo tempo, sentia preguiça, não queria. Fiquei um pouco preocupada comigo mesma, mas acho que no fim das contas tudo isso se deu por causa do tempo que o TCC estava me tomando. Comecei a sentir os efeitos de estar MUITO acima do meu peso; mas tinha aquele pensamento: ahn, já que estou gorda, vou comer mesmo e foda-se. Até o dia que eu fui vestir a calça que eu mais gosto e ela NÃO PASSOU DAS MINHAS COXAS. Sentei na cama, comecei a chorar e não conseguia entender POR QUE eu deixei chegar naquele ponto.
Foi aí que eu resolvi ir atrás de um endocrinologista que me deu remédios e uma dieta a seguir. Estou emagrecendo aos poucos (já perdi 8kg) e minha auto estima foi parar lá em cima, lógico.

Fiz várias baladas, conheci lugares novos, fiz novas amizades, fiquei com alguns caras diferentes, tive um rolo com uma pessoa que acabou se mostrando muito "o lado feminino do relacionamento", o que me fez querer cortar logo. Afinal, pra mim homem tem que ter atitude de homem. Mas não me arrependo de nada do que fiz, NADA!

Vi shows maravilhosos. Metallica, Axl Rose & Sebastian Bach (um dos shows mais aguardados no ano pela minha pessoa), Placebo, dobradinha de Rammstein, 69 Eyes, Bon Jovi, Paul Mccartney (surreal, só isso que digo), Aerosmith... nossa, tantos. Fora o fato de ter começado a escrever pro Whiplash. Descobri outra atividade que eu amo, que é escrever sobre música. Tive oportunidade de ir a vários shows de pequeno porte (de graça), de tirar foto com vários famosos (Eric Martin, Gilby Clarke, Sebastian Bach, Rafael Bittencourt).

Também foi muito legal ver que depois de tanta batalha, meu pai conseguiu lançar o cd dele, com participação especial do Rafael Bittencourt do Angra em uma das músicas. Foi meio surreal entrar no estúdio e ver o cara lá sussão, normal, como se não fizesse parte de uma banda famosa. Ver que ele estava se espelhando no meu irmão para poder fazer os acordes e depois sentar de frente pra ele e jantarmos, como se o cara fosse um brother nosso. Aliás, ele acabou virando... quem diria. O guitarrista da banda que eu amava na adolescência fazendo parte da minha vida desse jeito.

Claro que tive momentos ruins, além do fato de me sentir mal por ter engordado e a saudade imensa que eu sentia *dele*. Minha avó começou a ficar doentinha, minha família (minhas tias e minha mãe, para ser mais exata) tiveram uma das piores brigas, ficamos meses separadas... foi ruim, esse tipo de coisa nunca tinha acontecido comigo, não na família Salles. Mas claro que no fim das contas, deu tudo certo e não tem mais picuinha.

Outra ironia do destino: acabei virando amiga da (agora ex) namorada do meu ex. Até ano retrasado, eu e ela trocávamos farpas direto por internet, nos odiávamos... era uma guerra fria. Mas aconteceu porque tinha que acontecer: viramos amigas, resolvemos todas as nossas diferenças e nem tocamos mais nesse assunto. Ou tocamos, mas pra dar risada e ver o quanto éramos bobas. Eu vi que finalmente desencanei mesmo desse meu ex. Ele namora outra menina já e hoje em dia temos uma relação boa, nos falamos por MSN e eu não sinto mais o que sentia por ele... aquela coisa tóxica, que me fazia mal.

Fiquei mais racional, tentei ser paciente em vários momentos (nem sempre consegui, mas juro que me esforço, hahahaha), conheci bandas novas que nunca tinha ouvido, trabalhei muito, dei duro na faculdade, chorei, tive raiva, tive acessos de felicidade, uma amigona minha teve bebê, caí, levantei e enfim... tudo o que uma vida de uma mulher comum de 23, quase 24 anos de idade pode ter.

E que venha 2011 com muito mais!

-Ana-

Ps; próximo post será contando sobre minha viagem de ano novo prum camping em Ubatuba. Experiência surreal e deliciosa!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Diálogos que falam por mim


- Escuta. Sei que é difícil acreditar quando dizem 'sei como você se sente', mas no meu caso eu realmente sei como você se sente.

Sabe, eu estava saindo com alguém em Londres. Trabalhamos no mesmo jornal. Descobri que ele também saía com outra garota, Sarah, da seção de produção, no 19º andar. Acontece que ele não estava tão apaixonado quanto eu imaginava.

O que eu quero dizer é, sei como é se sentir extremamente pequena e insignificante. E como isso dói em lugares que você nem sabia que tinha em você. E não importa quantos cortes de cabelo, quantas academias você freqüenta, ou quantas garrafas você toma com as suas amigas... você continua indo para a cama todas as noites, repassando todos os detalhes e se pergunta o que fez de errado, ou como pôde ter entendido errado. Ou como por aquele momento pensou que pudesse ser feliz?

Até que se convence de que uma hora ou outra ele vai perceber e baterá na sua porta. E depois de tudo, ainda que essa situação tenha durado muito tempo, você vai para um lugar novo e conhece pessoas que te fazem sentir útil de novo. E vai recompondo sua alma pedaço a pedaço. E toda aquela confusão, os anos desperdiçados da sua vida... começam a desaparecer.

(O Amor Não Tira Férias)

domingo, 12 de dezembro de 2010

É o fim...



Antes era o nervoso de passar ou não no vestibular. Prestei a primeira vez e não consegui entrar no curso que eu queria, na universidade que eu queria. Fiquei decepcionada, me senti a verdadeira loser. Mas não desisti, fiz mais meio ano de cursinho e em Junho de 2006 prestei a prova. Consegui um gabarito e fui corrigindo as questões. Em História quase gabaritei. Em Matemática, ZEREI! Achei que era o fim, que mais uma vez eu jamais iria conseguir estudar Publicidade no Mackenzie.
Eu tinha passado em outra faculdade, mas sabia que se não conseguisse alcançar meu sonho, iria ser uma frustrada pro resto da vida por estudar numa instituição que não era a que eu almejava.

Um dia antes de sair oficialmente a lista, entrei por acaso no site da Universidade e lá estava o meu nome na primeira lista. Posição 78, eu acho. Não consegui conter as lágrimas de felicidade, o grito. Liguei pra todo mundo. Meu pai, orgulhoso, gritou no trabalho dele: MINHA FILHA PASSOU NO MACKENZIE! ELA PASSOU, VAI SER PUBLICITÁRIA IGUAL A MIM!

No primeiro dia de aula, tomei trote, é lógico. Não me diverti tanto quanto gostaria, nem bebi quanto eu pensei que beberia, mas mesmo assim passei pelo ritual dos bixos. Andei de elefantinho em plena Consolação, pedi dinheiro no farol e fiquei MUITO suja de tinta, farinha e outras coisas.
Depois, quando teve aula mesmo eu - como todos os bixos e bixetes mackenzistas, creio eu - me perdi completamente dentro daquele gigante campus. Cheguei atrasada para minha primeira aula, de Desenho.

E foram 4 anos assim. De muito trabalho, algumas DP's, matérias chatas, matérias legais, matérias totalmente interessantes e outas nem tanto, amizades feitas e desfeitas, um falecimento (Flávia, minha amiga, que ela descanse em paz), irritação, noites maldormidas por causa de trabalhos que pareciam nunca acabar.
A caminho do 5º semestre, descobri que tinha muitas matérias pendentes do 4º para fazer. As DP's que tinha pego no primeiro ano me levaram a esse caminho. Escolhi atrasar um semestre, fazer todas as matérias que faltavam pra então "começar do zero". Atrasei um semestre, entrei numa sala nova, com pessoas novas, panelinhas novas. Mesmo assim, logo estava enturmada. E depois do fim do 4º semestre, precisava optar entre Marketing e Criação. E eu não tive dúvidas, fui para criação.

Aí as aulas começaram a ser mais específicas, todo mundo já começou a pensar no TGI. Mas antes do TGI teve o PI, uma espécie de mini TCC, só para que pudéssemos sentir o que vinha por aí. Fui convidada para entrar num grupo diferente do que eu já fazia parte, pois diziam que gostavam dos meus textos. Aceitei e não me arrependi. Fizemos dois PI's, tiramos boas notas e logo já tínhamos decidido o tema do nosso TCC.

A essa altura, eu já não via mais graça em nada que se relacionava ao mundo universitário. Parei de dar trote, afinal tinha coisas mais importantes para fazer. Nunca mais fui ao bar que fica DO LADO do meu prédio, nem que fosse para tomar uma cerveja na sexta-feira. Arrumei um estágio em uma empresa grande e isso foi dando a dimensão de que sim, eu tinha crescido. Aquela estagiária boba que fez várias cagadas na primeira agência que trabalhou já não existia mais.

Aí chegou 2010, o último ano da faculdade. No primeiro semestre foram TODOS os finais de semana na casa da Bruna fazendo o TCC. Indo nas ruas fazer pesquisa. Indo até a empresa para falar com o proprietário. Fazendo organogramas, tabelas, pesquisas sobre marketing, ambiente interno, SWOT e mais um monte de coisa. Deixei de ir a alguns aniversários de amigos, pois no dia seguinte precisava acordar cedo para continuar o TCC. Não passei o dia das mães com a minha, pois precisava ficar aqui em São Paulo, correndo com tudo. Cada vez que eu ficava nervosa, puta e saía xingando tudo, sempre tinha alguém do meu lado para dizer: Calma Ana... tá acabando! E realmente, o primeiro semestre acabou antes do que eu imaginava. Valeu a pena, porque um fim-de-semana antes da entrega, enquanto todos os outros grupos ainda estavam fazendo coisas do TCC, o nosso já estava na revisora. E tiramos 9,0 pelo professor de TCC do semestre.

Mas ainda não tinha totalmente terminado. Depois de um mês de merecidas férias, tivemos que corrigir algumas coisas. Foi um mês mais ou menos tendo encontros na biblioteca às 2ª Feiras. Detalhe: a gente nem tinha mais aula de Segunda. Mas precisávamos ir, precisávamos corrigir. E corrigimos. E depois começou a parte mais legal do trabalho, a que todos nós estávamos esperando ansiosamente: a parte da criação.

Mas tinha um problema: nosso cliente era pequeno demais e disponia apenas de R$300.000,00 para propaganda. Quando alguém desanimava, nossa orientadora dizia:
- É agora que vocês vão mostrar se são mesmos criativos. Pensem em mídias alternativas, em ações de marketing, divulgação na Internet.

E nós não desanimamos. De Setembro até comecinho de Novembro foram inúmeras reuniões discutindo idéias, conceitos criativos, ações promocionais, lay outs, decidindo o que cada um iria fazer. Tive um dos maiores desafios da minha vida nas minhas mãos: criar TODOS os textos de TODAS as peças. Afinal, eu tinha entrado nesse grupo por causa dos meus textos. Fiquei desesperada quando sentei para escrever pela primeira vez alguma coisa e simplesmente NADA saía. Chorei, me senti incapaz, impotente. Eu sempre gostei de escrever, e agora que minha vida acadêmica dependia disso, não saía nada. Culpei minha experiência com Links Patrocinados por isso. Estava alienada a 75 caracteres por anúncio, apenas. Meu pai me acalmou, falando que era assim mesmo. E ele tinha razão. Um belo dia sentei na frente do computador e escrevi igual uma louca. Em pouco tempo, todos os textos estavam prontos.

Precisei tirar 15 dias de folga do trabalho para me dedicar única e exclusivamente ao TCC. O dia da entrega estava cada vez mais próximo, faltava menos de um mês. Quando me dei conta, já estava escrevendo os agradecimentos do grupo para poder colocar na monografia. Juro que fiquei de olhos marejados quando me dei conta disso. Veio tudo à tona na minha mente, tudo o que tinha passado até então. E o dia 17/11/2010 chegou. O grande dia, o dia da entrega. Quando um dos meninos do meu grupo chegou com o TCC impresso, eu não podia acreditar. Tudo o que fizemos, todo o nosso trabalho, estresse, dedicação estavam ali naquelas páginas, naquela capa tão bem pensada, naqueles dados pesquisados a fundos. Entregamos e no mesmo dia descobrimos que teríamos apenas 1 semana antes da nossa apresentação.

Bateu um frio na barriga. Dividimos o que cada um ia falar, ensaiamos, cronometramos para não passar dos 20 minutos. Eu estava nervosa, e ao mesmo tempo tranquila. Afinal, já tinha apresentado um TCC na minha vida antes; na época do colégio técnico. Na 4ª Feira a noite - um dia antes da apresentação - todo mundo do grupo estava errando as falas. O nervosismo era visível e depois quando fomos embora, fiquei insegura. Não por mim, mas por eles.
No dia da apresentação não fui trabalhar. Acordei tarde, queria descansar. Fiquei ensaiando comigo mesma na frente do espelho umas mil vezes. Meus avós estavam aqui para me assistir; minha tia mais nova e até alguns amigos meus foram ver a apresentação.

Os 20 minutos duraram bem menos. Achei que seria uma eternidade, mas não. Passou voando. Meu grupo me surpreendeu. Todo mundo foi bem. Eu não gaguejei, estava segura do que estava falando. Depois da apresentação, a banca começou a fazer seus comentários. Tinha várias falhas, especialmente na parte de Marketing. Pensei comigo mesma: sejam condescendentes, fizemos criação. Mas todas as críticas foram muito construtivas. Eles elogiaram também. Elogiaram especialmente os textos. Isso me fez inflar de orgulho. Olhei pro meu pai que estava sentado bem à frente e vi que ele também estava orgulhos. Afinal, tal pai tal filha. Nossa orientadora disse:
- Bom, agora vamos lá fora e decidir a nota de vocês.

Eu não sabia o que esperar. Mas agora que a apresentação já tinha acabado, eu estava bem mais aliviada. Alguns minutos depois e os 3 professores da banca voltaram. Nossa orientadora Paula, disse:

- Antes de mais nada, eu queria agradecer a todos vocês do grupo por terem me escolhido como orientadora. Adorei trabalhar com vocês todos, foi ótimo, a gente se divertiu na medida do possível, porque né? E o TCC de vocês passou com nota 9,5!

Sim, 9,5. Nove e meio! Quando ela disse isso, nós seis do grupo gritamos, nos abraçamos, choramos e o principal: bateu aquela sensação de alívio de que tanto estávamos sentindo falta.
Ganhei abraços dos meus pais, dos meus amigos da faculdade ou não, dos meus avós, da minha tia. Tiramos fotos, fomos comer pizza depois para comemorar...


E olhando pra trás, eu digo sem sombra de dúvida: valeu MUITO a pena!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Do que eu realmente tenho medo

Eu, Ana Clara, confesso ser uma pessoa um pouco medrosa. Tenho PAVOR de baratas, cobras e qualquer bicho nojento do gênero. Sinto PAÚRA de avião, porque sempre acho que o dia que eu morrer, vai ser em um acidente aéreo. Também tenho muito medo (mas muito mesmo) da morte. Além disso, tenho medos comuns como o medo de ser seqüestrada, assaltada, estuprada e de perder amigos ou parentes em algum acidente trágico ou algo do gênero.
Mas essas últimas semanas eu descobri outra coisa que tem me deixado apavorada: o de gostar de alguém de novo. O que antes eu considerava algo normal e que até acontecia na minha vida com uma certa facilidade, agora me deixa nervosa, com medo, insegurança, desconfiada.

Tenho medo de gostar dessa pessoa e, por mais que estejamos nos conhecendo, no final das contas não ser correspondida da maneira que eu quero. Medo de me decepcionar e de repente nunca me recuperar dessa decepção. Medo de estar sendo feita de boba, medo de criar laços de intimidade que logo logo se romperão. Medo de ouvir alguma coisa que eu não quero, ou pior: ouvir aquilo que quero e não saber o que fazer na hora.

Não sei dizer em que momento da minha vida eu fiquei assim tão medrosa. Achei que quanto mais velha ficasse, menos medo eu sentiria na minha vida.
Mas parece que com a idade vem as experiências e com as experiências vem o medo. O medo daquilo que me aconteceu há dois anos acontecer de novo; ou de ouvir o mesmo discurso que ouvi no começo do ano, só que dessa vez de uma pessoa diferente. Quando eu páro e penso em tudo que já vivi, no quanto eu já sofri, me humilhei, na quantidade de coisas ruins que escutei da boca de homens que eu tanto admirava e me decepcionaram eu penso: será que dessa vez vai ser igual? E se for? Será que você se recupera? E por mais que no fundo eu saiba que posso me recuperar, eu continuo sentindo... medo!

E esse medo me faz calcular milimetricamente minhas atitudes. Me fazem pensar, repensar e re-repensar (?) com muito cuidado as palavras que vou usar. Esse medo tira toda a minha essência... de ser espontânea, pouco me importando para o que vão pensar de mim ou não. E quando você perde sua essência amigo... é como se tirassem uma parte de você.

Vale a pena passar por tudo isso?
Não sei... mas já que entrei nisso, vamos ver até onde vai me levar.