quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Gene Loves Jezebel (Blackmore Rock Bar, São Paulo, 30/07/10)


Em meio a tantas confirmações de show de bandas do mainstream (Avenged Sevenfold, Rage Against The Machine, Bon Jovi e Rammstein, só pra citar alguns), um show de um pequeno grupo dos anos 80 como Gene Loves Jezebel iria passar um pouco despercebido para muitas pessoas. Uma pena, porque quem compareceu ao Blackmore no último dia 30 de julho presenciou um show intimista, mas capaz de encher os olhos dos fãs da música gótica oitentista.

Antes de falar sobre a apresentação em si, é importante entender o que se passa com o Gene Loves Jezebel. A banda foi formada em 1981 pelos irmãos gêmeos Michael e Jay Aston. Depois de alguns anos de sucesso, os dois brigaram e se separaram, fazendo com que Michael gravasse vários cd’s sob a alcunha de sua antiga banda, o que gerou uma série de brigas judiciais pelo nome Gene Loves Jezebel. Em resumo: existem dois Gene Loves Jezebel, porém lideradas por pessoas diferentes. Tendo isso em mente, quem aterrissou por aqui esse ano foi Michael Aston acompanhado de músicos brasileiros extremamente competentes, diga-se de passagem. Em especial o guitarrista que mostrou muita destreza com o instrumento durante toda a apresentação.

Show esse que começou as 22:45 com um Blackmore um tanto quanto vazio. A banda foi a primeira a fazer sua aparição no palco e logo em seguida surgiu Michael Aston de sobretudo preto e coturno, fumando um cigarrinho. Parece que pra quem é artista, a lei anti-fumo não funciona muito bem.

A primeira música executada foi "Always a flame" do álbum "Immigrant", seguida por "Heartache" e "Downhill both ways". O público ainda estava pouco receptivo, mas Michael Aston se comportava como se estivesse se apresentando para milhares de pessoas, com uma dança meio Iggy Pop meio Ian Curtis e colocando muita emoção em todas as músicas que estavam no set list. Eram poucas as pessoas que realmente sabiam e cantavam as letras. O vocalista o tempo todo conversou com quem estava lá, dando a sensação de que estavam presenciando um ensaio aberto ao público do que um show propriamente dito. E não fugiu do clichê ao responder "sim" quando perguntaram se ele estava gostando do Brasil.

Com breves versões inseridas cuidadosamente em algumas músicas ("Paranoid", do Black Sabbath, foi uma delas que apareceu de surpresa), o público foi ficando cada vez mais animado ao longo do show. Alguns dançavam como se estivessem na pista do finado Madame Satã.

O show só ficou animado de verdade quando veio a dobradinha "Motion of Love" e "Desire", possivelmente as duas músicas mais conhecidas da banda. Pela primeira vez, todo mundo estava cantando junto. Pena que a apresentação já estava chegando ao fim.

O encerramento ficou por conta de "Loving you is the Best". Alguém do público pediu uma música do álbum "VII", mas Michael recusou alegando que não gostava desse cd. Outra curiosidade: de acordo com palavras do próprio Michael, não houve nenhum ensaio pro show que tinha acabado de acontecer, pois ele e os músicos que o acompanharam tinham se conhecido naquele mesmo dia.

Com um pouco mais de uma hora de duração e a atração principal interagindo diretamente com o público, o show do Gene Loves Jezebel foi no mínimo peculiar e marcante para os fãs que lá estiveram. Afinal, não é todo dia que seu ídolo desce do palco e vai curtir a balada com você ao final de um show.

SET LIST:
Always a flame
Heartache
Downhill both ways
The Cow
Beyond doubt
Sorry
Suspicion
Gorgeous
20 KHZ
Upstairs
Motion of Love
Desire
Bruses
Loving you is the best

~*~

Tô atrasada com as resenhas, porque depois desse show, ainda cobri o coquetel de lançamento do novo cd do Angra e fiz uma entrevista (minha primeira) com o baixista deles, Felipe Andreoli.

Além disso preciso dar continuidade à seqüência de cd's que mudaram minha vida, faltam pelo menos 3 cd's. Deus me ajude nessa correria de último semestre na faculdade. Oremos!

Ps; link original da resenha aqui

terça-feira, 14 de setembro de 2010

14/09/2007 - Notas de uma noite comum


Há 3 anos, o dia quatorze de setembro caiu numa sexta-feira. E como quase todas as sextas-feiras daquele ano, A. iria encontrar suas amigas no mesmo lugar de sempre, com as mesmas bandas de sempre tocando as mesmas músicas de sempre. Ela iria se embebedar com as mesmas bebidas de sempre e faria as mesmas merdas de sempre: beijar sua melhor amiga, beijar desconhecidos, talvez até fazer sexo casual com um cara qualquer no banheiro da balada, na esperança de alimentar sua auto-estima que andava baixa desde que tinha sido, mais uma vez, enganada pelo mesmo cara. Ela usaria também as roupas de sempre e tiraria as fotos com as poses de sempre.
Realmente, quase tudo que ela imaginava que ia acontecer aconteceu naquela noite. Mas uma coisa - uma pessoa, um homem - se destacou. Ele não fazia parte dos seus planos corriqueiros. Ela não prestou atenção nele, mesmo sabendo que estava junto com alguns de seus amigos. A. ainda tomou sua cerveja enquanto ele estava no banheiro e nem ao menos agradeceu.

A. passou a balada inteira andando pra lá e pra cá na companhia de suas amigas. Deve ter ficado com uns dois caras diferentes, isso sem contar os beijos com meninas que estavam se tornando cada vez mais freqüentes em sua vida. A. estava alcoolizada e sempre que ela fica assim, as baladas parece que acabam em 5 minutos. E naquela noite, OBVIAMENTE, não foi diferente. Em determinado momento, ela se encontrou com sua amiga, sua carona e disse: vamos pagar? Ao terminar essa frase, A. percebeu que ao redor dela estavam alguns conhecidos seus... e ele. NA HORA seu olhar parou NELE. "Como que eu não vi esse cara gatíssimo aqui antes?", ela pensou. Cabelos compridos, rosto quadrado, traços fortes mas ao mesmo tempo delicados. Um olhar tímido meio perdido. Alto, magro, misterioso. Sua amiga, talvez de propósito, talvez não, disse: - vai indo pra fila com o L., eu já vou.

E ela foi. Pegou na mão de L., um cara que ela nunca tinha visto na vida. Pararam para conversar com alguns amigos dela, enquanto eles continuavam de mãos dadas e foram pro final da fila. E foi ali, naquele momento que A. sentiu coisas que ela nunca havia sentido antes. Eles se olharam por um tempo e parecia que o tempo tinha parado. Todas as pessoas que estavam ao seu redor haviam desaparecido. Só estava ela e ele ali um de frente pro outro, sem trocar uma palavra. A. achava que esse tipo de coisa só acontecia em filmes. Mas não, estava acontecendo com ela. E ela não estava exagerando ao dizer que foi REALMENTE mágico! Ela, sempre falante, comunicativa... na frente daquele cara estranho ficou MUDA.
E foi nesse silêncio entre os dois que ele abriu um sorriso. Um sorriso maravilhoso, cheio de carinho e alegria, que mostrava seus dentes perfeitos, brancos, alinhados. "É o sorriso mais lindo que eu já vi na minha vida", ela pensou. E foi com esse sorriso que L. foi se aproximando, se aproximando... até que seus lábios encontraram com os dela. E eles se beijaram. Beijaram. Beijaram. Não conseguiam parar de se beijar.

Ela já tinha beijado caras desconhecidos, sem saber ao menos o nome antes. Mas ela nunca havia se sentido daquela maneira. No fundo, A. sentia que a partir daquele momento, sua vida tomaria um rumo totalmente diferente. Seria uma vida nova onde as baladas não seriam as mesmas. As músicas, as bebidas, os amigos não seriam os mesmos. Até mesmo as bebidas não mais seriam as mesmas. Seu estado de espírito e seu coração nunca mais seriam os mesmos depois daquele encontro no dia 14/09/2007.