terça-feira, 28 de agosto de 2012

São Paulo, faz assim comigo não...

Eu nunca pensei que um dia iria dizer isso na minha vida, mas eu ando cada vez mais com ASCO de viver em São Paulo.

Juro por Deus... eu sempre fui uma entusiasta da minha cidade natal. Sempre curti encher a boca pra falar que nasci na Avenida Paulista, o coração de Sampa. Que aqui tem tudo a qualquer hora do dia, da noite ou da madrugada, que não me falta nada, que é a maior cidade do país e por isso São Paulo é foda, me invejem... mas sério, ultimamente eu tenho pegado um nojo, um pavor de viver aqui, que olha...

Do que adianta tudo isso se os paulistanos (e os brasileiros em geral, claro) são mal educados e não estão nem aí de escutar uma merda de uma música qualquer sem fone de ouvido do meu lado no ônibus? Ou se elas INSISTEM em jogar a garrafa de refrigerante vazia na rua, sem a menor preocupação com a sujeira?

Do que adianta viver numa cidade onde o custo de vida é altíssimo? Qualquer almocinho simples durante a semana quando você está no trabalho não sai por menos de R$25,00? Onde pra comprar qualquer apê é quase 100 mil dilmas, as roupas, comida, táxi, produtos de limpeza, enfim... tudo tem um preço absurdo, totalmente fora dos padrões do que seu salário pode bancar? Sim, porque né? Vamos ser honestos? O salário que as pessoas recebem, comparado com os preços de serviços e produtos básicos é mixaria!

Onde pra fazer um trajeto curto de carro, é capaz de levar 1h e meia, porque o IPI do carro reduziu, então vamo todo mundo comprar pra fingir que a economia do país cresceu, a crise mundial não nos afeta e bora lotar as ruas e avenidas da cidade, porque elas ainda não tem trânsito o suficiente. E enquanto isso, o governo/prefeitura/o raio que o parta não investe NADA em transporte público. O ônibus é uma merda e não anda nem no corredor reservado para eles, o metrô não dá conta da quantidade de pessoas que vivem aqui e a CPTM... bom, acho que nem precisa falar da CPTM, que é um sistema de trens falho, que dá problema TODO SANTO DIA. A sensação que eu tenho é de que um grupo de pessoas sabota de propósito os trens da CPTM e depois ficam assistindo por uma TV dando risada dos troxas que precisam desse tipo de transporte. Só isso explica tamanho nível de trollagem!

Uma cidade onde em breve vai ter eleição e não tem UM candidato que sirva, que seja digno de dirigir a maior cidade do país. Não tem um candidato que tenha capacidade, competência e honestidade pra acabar com tudo de ruim que há em São Paulo, tornando isso aqui uma cidade agradável para ser vivida.

Um lugar que cresceu sem planejamento algum, a ponto de um bairro inteiro ter sido construído nas redondezas de um dos aeroportos sem que ninguém fizesse nada. Onde as pessoas mais pobres são obrigadas a viver na beira de córregos, simplesmente porque não tem uma caralha de uma política de planejamento.

Aí você me fala: ai, mas a vida noturna de São Paulo é completa! Sim, é. Mas e aí? O Metrô não funciona 24h, sendo assim você é obrigado a pegar um táxi pra voltar pra casa. A bandeira 2 do Táxi é praticamente um assalto a mão armada de tão caro, sem contar que você corre o risco de sofrer um acidente de carro por conta de algum babaca que saiu do rolê completamente bêbado e além de não respeitar a própria vida, ainda fode com a dos outros, dirigindo que nem um maluco.
Ahn sim: não citei os tais arrastões, que estão tirando da cidade o que ela mais tinha de legal: os restaurantes, com pratos de todas as partes do mundo. Cada vez menos as pessoas querem arriscar suas preciosas vidas (e seu iPhone, jóias, dinheiro) com um bando de adolescentes armados e loucos, né?

Explosões de caixas eletrônicos, seqüestros relâmpagos, furtos, assalto a mão armada, estupro, briga que pode resultar em morte, vandalismo, pixação, impunidade, polícia corrupta, poluição sonora, poluição visual, poluição dos carros e ônibus e motos, motoboys brotando do chão, assaltos em plena luz do dia, seqüestro de pessoas que estão longe de serem milionárias, trotes telefônicos de bandidos que passam o dia inteiro coçando o saco na cadeia, filas intermináveis em todos os lugares que você vai, estacionamentos com preços exorbitantes, caminhões quebrados parando o trânsito, motoboy largado na pista ferido parando o trânsito, enchentes, faróis quebrados depois de uma chuvinha qualquer, bueiros entupidos... precisa de mais?

Onde os rios que cortam a cidade são nojentos, sujos, fedem. As pessoas não sabem como descartar e reciclar seus lixos, porque não tem educação e nem cultura pra isso. O prefeito não se importa, o governador não tá nem aí. Depois vem com lei pra proibir as sacolinhas plásticas nos supermercados, usando um discurso muito bonito citando palavras e expressões como 'sustentabilidade', 'economia verde', 'um futuro melhor para as próximas gerações'.

Na boa, como que vai existir um futuro melhor pras próximas gerações se nada é feito pra isso?
Você vê alguma perspectiva de melhora pra São Paulo?

Porque eu... honestamente não vejo!
Quero ir embora pra Passárgada, ou qualquer lugar que o valha.


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Notas de um sábado qualquer

Mais um sábado na vida dessa que vos escreve. Um sábado calorento - totalmente fora do contexto da estação regente, o 'inverno' - com direito a compras na José Paulino seguida de uma longa e dolorosa sessão de tatuagem.

Tatuagem essa que foi feita num famoso estúdio tanto de tatuagem (claro) quanto para ensaios de bandas. O Nimbus, que fica ali na Lapa, pertinho do Metrô Barra Funda.
Mas eu não estou aqui pra fazer propaganda do estúdio ou do tatuador (que por sinal é fodido no que faz) e sim pra registrar minhas impressões durante as duas horas que fiquei sentada na cadeira, enquanto as agulhas rasgavam minha pele imprimindo um desenho que de lá nunca mais sairia.

Fiquei sentada num local privilegiado, de frente para as portas de um dos estúdios de ensaio e com visão também para a porta de entrada e saída do local.
E durante as duas horas em que lá fiquei, eu presenciei:

- um tiozão que não parava de sair de uma das salas que estava rolando um ensaio e indo até a recepção comprar mais uma long neck de Heineken. Usando bermuda cáqui, camisa pólo listrada de azul e branco - por dentro da bermuda, logicamente - e que eventualmente adentrava o estúdio de tatuagem pra meter a carona no meio do trampo do pobre tatuador perguntando coisas imbecis do tipo: dói fazer tatuagem?
E como boa filha de psicóloga que sou, que ama observar as pessoas e criar histórias para essas mesmas pessoas, já logo pensei que provavelmente ele devia ser pai de um dos moleques que estavam ensaiando. E possivelmente a quantidade de brejas compradas devia ser pra ele mesmo, que estava de saco cheio de passar o sábado INTEIRO esperando por seu filho.

- não só vi esse tiozão indo pra cá e pra lá, como vi muitos outros na mesma pegada coxa do primeiro. Alguns assistiam aos Jogos Olímpicos na televisão que ficava na recepção do estúdio enquanto outros ficavam dentro das salas de ensaio. Será que eles também eram pais esperando por seus filhos?

- pude também escutar algumas músicas que eram ensaiadas. As músicas de sempre: Holy Diver, Smoke on the water, Rockin' the free world e aquela encheção de lingüiça dessas bandas que fazem cover de classic rock em um barzinho qualquer da Vila Madalena ou da 13 de Maio. Tão boring...

- entre uma agulhada e outra, vi chegarem outros integrantes de outras bandas chegarem, carregando seus instrumentos, pedestais, caixas, bumbos, pratos, cases de guitarra e baixo, alocando todo seu arsenal musical na recepção, esperando que as salas de ensaio vagassem para que eles pudessem entrar e fazer seu som.

- vi as namoradas dos integrantes dessas mesmas bandas chegarem junto deles. A maioria com aquele aspecto de resignadas e de saco cheio por terem que acompanhar MAIS UM ensaio do seu namorado. Fiquei com dó, de verdade delas. Certeza que o último lugar em que elas gostariam de estar num sábado ensolarado e agradável como aquele era dentro de um estúdio de ensaio, com suas paredes grossas e seu ar-condicionado no talo. Aposto 1 real que elas preferiam estar em casa vendo TV. Ou com o namorado no cinema, no parque, no motel... em QUALQUER LUGAR menos lá.
Aposto que elas todas já sabem a porra do set list de cor, o que torna ter que acompanhar o ensaio, um processo ainda mais moroso.
Na HORA me lembrei da época que namorava um cara que também tinha banda. Naqueles tempos eu até me divertia e fazia questão de ir nos ensaios. Porque ia toda orgulhosa, pra tirar foto, fazer vídeos e enfim... porém, pensando nos dias de hoje, minha paciência pra esse tipo de atividade em casal é -10.

- juro que vi uma das namoradas descritas acima chegando segurando uma camisa masculina num cabide. O namorado dela era meio gordão, então certeza que ele levou a camisa pra poder trocar depois do ensaio, pois ele deve suar tanto, mas tanto, que dá até pra torcê-la depois que terminam suas atividades como músico.

- mas o melhor momento foi na troca de bandas. As que estavam ensaiando a horas dando lugar para as que estavam chegando. Uma das bandas era toda composta por moleques que deviam ter no máximo seus 20 anos, usando bandanas na cabeça, camisetas de banda e saindo do ensaio com aquele olhar de: sou super rockstar, me invejem! Claro que eles estavam acompanhados de suas respectivas namoradas, porém essas com uma expressão mais feliz, provavelmente pensando: sou foda, namoro um cara que tem banda.

E depois de duas horas sentada naquela cadeira, observando tudo isso, a tattoo finalmente ficou pronta.
E eu saí do estúdio com a sensação de já ter visto esse filme antes. Seja com o irmão que tem banda, com o pai que tem banda, com o ex-namorado que tinha banda ou comigo mesma, que costumava ter banda.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Saudade

Saudade é uma coisa que dói, né? E saudade é uma coisa que eu tenho sentido muito, ultimamente...

Saudade dos seus olhos verdes e das bochechas naturalmente rosadas.
Saudade de escutar a sua voz, a ponto de quando eu estou conversando com você pela Internet e você fala uma palavra qualquer, eu consigo até imaginar a sua entonação de voz ao falar aquela palavra.
Saudade de andar de mãos dadas.
De receber carinho nas costas, nos cabelos, no rosto, no braço...
Saudade de te ver fazendo caretas enquanto canta uma música da Dido.
Saudade de pegar o carro e ir até Valparaíso e Viña del Mar. E depois passar no supermercado pra comprar comidinhas gostosas e vinhos chilenos deliciosos.
Saudade de poder te dar um abraço apertado, olhar bem lá no fundo dos seus olhos e falar o quanto eu amo você  e como estou feliz por estar contigo. Mesmo que você esteja em um país e eu em outro.
Saudade de dormir abraçados e no meio da noite, assim do nada você dá uma acordadinha e fala: te amo. Quando você faz isso, minha vontade de te abraçar e de ficar mais perto é tão forte, que eu preciso pensar antes de te abraçar, porque fico com medo de te machucar, hahahaha
Saudade de tentar entender o que você está falando. E dá saudade até de ficar perguntando mil vezes: o que? o que? o que?
Muita saudade de te olhar e ver você piscando os dois olhos - tanto o direito quanto o esquerdo - com uma facilidade invejável.
Saudade de poder beijar a boca, as bochechas, os olhos, a testa... já te disse que beijo na testa é sinal de respeito, né? E eu te respeito tanto...
Saudade de escutar você falando com tanto entusiasmo sobre determinado assunto ou sobre seu país. De escutar você me ensinando coisas que eu nunca imaginei que ia aprender. Eu aprendo tanta coisa com você.
Saudade de você escolhendo o quarto do hotel que a gente ia ficar lá em Calama, todo cuidadoso e me perguntando o que eu achava.
Saudade de tentar te ensinar a dançar forró e você tentar me ensinar a dançar merengue.
Saudade do jeito que você me olha quando estou conversando com os meus amigos, tentando entender uma palavra ou outra que eu digo. Isso que eu acho genial em você... você sempre se esforça pra aprender alguma coisa sobre mim, minha família, meu país ou minha cultura.
Saudade do jeito que você segura a minha mão e me faz carinhozinhos com os dedos.
Saudade do barulho que você faz quando eu te faço carinho. 'Hmmmmmm'.
 Muita saudade de escutar você falando 'vai tomar no cu' com um sotaque tão engraçado e tão lindo ao mesmo tempo.
Saudade do nosso primeiro encontro, de você meio sem jeito quando eu te dei um abraço lá na porta do hostel. E saudade também da ansiedade que eu tava sentindo antes de você chegar. Como que eu poderia imaginar que isso ia acontecer comigo?
Agora eu vou sentir outro tipo de ansiedade: ansiedade de quando eu estiver chegando no aeroporto de Santiago pra te encontrar depois de meses longe de ti.
Saudade das cositas e cariñitos ricos, que são uma das melhores coisas desse mundo.
Dá saudade até dos lugares que eu não te levei pra conhecer aqui em São Paulo, mas que eu te levarei, como a praia.
Saudade de você me chamando no Gmail e falando: 'amor, cometi uma loucura. Comprei passagem pra São Paulo, chego no dia 16/05'. Quando você me contou isso, eu quase gritei de tanta felicidade. Nunca ninguém fez algo parecido por mim.
Sinto muita saudade de arrumar a sua cama do lado da minha. Uma cama que acabou nem sendo usada, tamanha era a nossa vontade de estarmos pertos um do outro, que acabamos dormindo apertados na minha cama de solteiro.
Saudade da ansiedade de te ver chegando no aeroporto aqui de São Paulo. Foi um dos dias mais longos da minha vida, sabia?
De te levar pra passear pela minha cidade, te apresentar aos meus amigos, a minha família...
Saudade de quando você começa a falar rápido, eu não entendo e você com a maior paciência desse mundo, respira fundo e começa tudo de novo, falando devagar e perguntando: me entende?
Morro de saudade de acordar de manhã e dar de cara com você, todo despenteado falando: deita aqui perto de mim, porque assim eu me sinto como se tivesse tudo.
Saudade de você indo me buscar no terminal de ônibus em Calama. E saudade do nosso jantar no dia de las mamas, no restaurante com a moça gordinha cantando alto bem do nosso lado.
De ver você chorando, triste porque não queria ir embora.
De escutar Jorge Drexler na sua cama.
De subir no Santa Lucia com você.
De comer sushi, beber vinho no terraço do seu prédio. Aliás, eu MORRO de saudade de escutar você falando: Bamos a beber un Bino. Hahahahahaha.
De amassar as paltas enquanto você descasca os tomates pra me fazer um completo delicioso na minha última noite na sua cidade. Na cidade que me encantou não só porque ela é linda, bem cuidada, cheia de árvores e bla bla bla. Mas porque foi lá na sua cidade que eu conheci você, que mudou a minha vida de uma hora pra outra, que me fez sentir coisas que estavam guardados dentro de mim há tanto tempo que cheguei até a pensar que não iria sentir isso por mais ninguém.

Caralho, eu tenho saudade de tanta coisa, mas tanta coisa que poderia ficar até amanhã escrevendo...
Mas eu não vou fazer isso! Não vou porque eu sei que logo logo vamos estar juntos de novo. Pra fazer tudo isso que eu escrevi... e muito mais!