terça-feira, 14 de setembro de 2010

14/09/2007 - Notas de uma noite comum


Há 3 anos, o dia quatorze de setembro caiu numa sexta-feira. E como quase todas as sextas-feiras daquele ano, A. iria encontrar suas amigas no mesmo lugar de sempre, com as mesmas bandas de sempre tocando as mesmas músicas de sempre. Ela iria se embebedar com as mesmas bebidas de sempre e faria as mesmas merdas de sempre: beijar sua melhor amiga, beijar desconhecidos, talvez até fazer sexo casual com um cara qualquer no banheiro da balada, na esperança de alimentar sua auto-estima que andava baixa desde que tinha sido, mais uma vez, enganada pelo mesmo cara. Ela usaria também as roupas de sempre e tiraria as fotos com as poses de sempre.
Realmente, quase tudo que ela imaginava que ia acontecer aconteceu naquela noite. Mas uma coisa - uma pessoa, um homem - se destacou. Ele não fazia parte dos seus planos corriqueiros. Ela não prestou atenção nele, mesmo sabendo que estava junto com alguns de seus amigos. A. ainda tomou sua cerveja enquanto ele estava no banheiro e nem ao menos agradeceu.

A. passou a balada inteira andando pra lá e pra cá na companhia de suas amigas. Deve ter ficado com uns dois caras diferentes, isso sem contar os beijos com meninas que estavam se tornando cada vez mais freqüentes em sua vida. A. estava alcoolizada e sempre que ela fica assim, as baladas parece que acabam em 5 minutos. E naquela noite, OBVIAMENTE, não foi diferente. Em determinado momento, ela se encontrou com sua amiga, sua carona e disse: vamos pagar? Ao terminar essa frase, A. percebeu que ao redor dela estavam alguns conhecidos seus... e ele. NA HORA seu olhar parou NELE. "Como que eu não vi esse cara gatíssimo aqui antes?", ela pensou. Cabelos compridos, rosto quadrado, traços fortes mas ao mesmo tempo delicados. Um olhar tímido meio perdido. Alto, magro, misterioso. Sua amiga, talvez de propósito, talvez não, disse: - vai indo pra fila com o L., eu já vou.

E ela foi. Pegou na mão de L., um cara que ela nunca tinha visto na vida. Pararam para conversar com alguns amigos dela, enquanto eles continuavam de mãos dadas e foram pro final da fila. E foi ali, naquele momento que A. sentiu coisas que ela nunca havia sentido antes. Eles se olharam por um tempo e parecia que o tempo tinha parado. Todas as pessoas que estavam ao seu redor haviam desaparecido. Só estava ela e ele ali um de frente pro outro, sem trocar uma palavra. A. achava que esse tipo de coisa só acontecia em filmes. Mas não, estava acontecendo com ela. E ela não estava exagerando ao dizer que foi REALMENTE mágico! Ela, sempre falante, comunicativa... na frente daquele cara estranho ficou MUDA.
E foi nesse silêncio entre os dois que ele abriu um sorriso. Um sorriso maravilhoso, cheio de carinho e alegria, que mostrava seus dentes perfeitos, brancos, alinhados. "É o sorriso mais lindo que eu já vi na minha vida", ela pensou. E foi com esse sorriso que L. foi se aproximando, se aproximando... até que seus lábios encontraram com os dela. E eles se beijaram. Beijaram. Beijaram. Não conseguiam parar de se beijar.

Ela já tinha beijado caras desconhecidos, sem saber ao menos o nome antes. Mas ela nunca havia se sentido daquela maneira. No fundo, A. sentia que a partir daquele momento, sua vida tomaria um rumo totalmente diferente. Seria uma vida nova onde as baladas não seriam as mesmas. As músicas, as bebidas, os amigos não seriam os mesmos. Até mesmo as bebidas não mais seriam as mesmas. Seu estado de espírito e seu coração nunca mais seriam os mesmos depois daquele encontro no dia 14/09/2007.

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