quinta-feira, 31 de maio de 2012

Diário de Viagem: 4/05 - Santiago

Segundo dia em Santiago. Dormi bem, sem barulho no quarto. Mais pontos pro Andes, que não é um hostel barulhento. Ao menos foi essa sensação que eu tive. E o café-da-manhã deles é bem honesto.
Antes de sair pra passear dei uma olhada no Facebook, mais pra dar notícias pros meus pais. A chilena que conheci no dia anterior já tinha me adicionado no Face, dizendo que tinha sim um amigo bonito e solteiro para ser meu guia nos dias em que eu estivesse em Santiago. Adicionei, mandei uma mensagem um pouco lacônica, do tipo: oi, estou no hostel X, se quiser sair pra beber mais tarde me avisa. E saí para meu primeiro dia em Santiago.

O primeiro destino já era certo. Ver a troca de guarda as 10h na frente do Palácio de la Moneda.  Fui a pé e quando cheguei lá, a troca já tinha começado. Os chilenos são muito patriotas e isso é visível pra qualquer estrangeiro que vai visitar o país. O Palacio de la Moneda fica em uma praça tão linda e arborizada... aliás, Santiago tem muitos parques e praças e os chilenos realmente freqüentam esses espaços públicos. E ali perto do Palacio ainda tem o Centro Cultural la Moneda. Ainda fiz menção de entrar e conhecer, mas meu objetivo era conhecer um dos museus do Pablo Neruda, o La Chascona. E como as visitas são agendadas, tava com medo de chegar lá e não conseguir uma.



Fiz minha primeira 'viagem' de metrô por Santiago hoje. No total, andei só 2x de metrô por lá, porque a cidade é toda plana, ou seja, dá pra fazer muita coisa a pé. O metrô de Santiago é ok. Na real, achei ele meio confuso, tem muitas linhas, trocas, baldeações, sei lá! Além do que, os trens do metrô daqui de São Paulo são, hãm, melhores que os de lá. Enfim, desci na estação Baquedano e fui andando em direção ao museu. Mais ou menos 15 minutos de caminhada. Parei para pedir informação sobre o museu para um chileno e achei tão bonitinho quando ele me respondeu: segue reto por aqui que você chega na casa do poeta!

Chegando no La Chascona, a próxima visita guiada em espanhol ia acontecer dali 15 minutos.

(Pausa para dizer porque escolhi o espanhol, sendo que falo e entendo inglês muito melhor: já escutaram chilenos falando em inglês? Então... é terrível! Hahahaha).

Aproveitei para tomar uma água no café do museu e dar uma olhada na lojinha de presentes. O café, por sinal, uma graça! Ahn, e não me lembro quanto paguei para entrar no museu. Aliás, não me lembro de preço de quase nada das coisas. Mas posso afirmar que é tudo BEM MAIS barato que São Paulo.

O guia da visita ao La Chascona era um fofo e sabia tudo sobre o Pablo Neruda. Isso que eu achei mais legal nessa visita. Diferente de muito guia por aí que explica as coisas na maior má vontade, falando um texto que está visivelmente decorado, porque ele não entende NADA sobre o assunto que está tratando. O museu/casa é incrível! Cheio de detalhezinhos, objetos decorativos, histórias interessantes... uma pena que não podia tirar foto lá dentro =((. Sobre a história da casa, o contexto das coisas... só mesmo visitando pra saber.





Acabada a visita ao La Chascona, a próxima parada era o Cerro São Cristobal, ali do lado. Um morrão beeem alto, que você sobe de ascensor pra ver a cidade lá de cima. O ascensor faz várias paradas, inclusive no zoológico. A vista de lá de cima é incrível. Mesmo! Pena que o céu estava beeem poluído e mal deu pra ver a cordilheira. Confesso que fiquei pouco tempo lá em cima. Muito turista, muita criança, hahaha. Parei numa barraquinha pra comer e bebi pela primeira vez mote con huesillos. É um chá de pêssego gelado que vem com dois pêssegos em calda e os tais de huesillos, que parecem flocos de aveia. Vem até uma colher pra você comê-los, mas confesso que não curti muito. Ainda bem que eles não influenciam no sabor do chá, que é uma DE-LÍ-CIA!!! E comi empanadas, CLARO ;-)




 Voltei a pé para o hostel. Mais ou menos uns 20, 30 minutos de caminhada do Cerro até onde eu estava hospedada. Deixei as coisas no quarto, dei mais uma olhada básica no Facebook (confirmada cerveja com o chileno a meia-noite) e fui dar mais uma passeadinha ali por perto. Entrei no Museu de Bellas Artes. Um prédio lindo, imponente, museu organizado e o melhor de tudo: vazio!!! Tem coisa mais incômoda que museu cheio de gente mal educada falando alto e fazendo cara de conteúdo?

Fim de tarde e a temperatura foi caindo aos poucos na cidade. Aliás, pra quem tinha certeza que ia pegar frio em Santiago, ledo engano. Durante o dia fazia calor, nesse primeiro dia usei até blusa regatinha. A noite que as temperaturas caíam.
Hora de tomar um banho e tentar socializar com alguém do hostel, uma vez que eu mal tinha parado lá e não deu tempo de ver ninguém. Sexta-feira lá no Andes é noite de karaokê e conheci muita gente legal por lá. Muitas européias que estão na estrada viajando há tipo 1 mês, dois meses. Que foram pra Argentina primeiro, fizeram curso de espanhol e depois foram pra Santiago... invejei muito todas elas. Queria poder ter essa liberdade e viajar a hora que bem entender.

Meia-noite, hora de conhecer o chileno e beber uma cerveja ali perto do hostel. Me levou pra beber em dois bares diferentes. No final das contas, ele realmente acabou virando meu guia turístico particular por Santiago.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Diário de Viagem: 3/05 - Santiago

Saí de São Paulo na 5ª Feira bem cedo. Claro que mal consegui dormir a noite, de tão ansiosa que estava. "E se meu dinheiro acabar antes de voltar?". "E se o hostel for ruim?". "E se eu for assaltada e perder todos os meus documentos?". "E se tiver um terremoto?". "E se a cidade for feia?". "E se extraviarem minha mala?" "E se meu avião cair?" Sim, eu pensei em tudo isso e no final das contas só dormi 2 horinhas.

Lá pelas 6 da matina eu já estava com a minha mãe no aeroporto. Mesmo com um pouco de receio - afinal foi minha primeira viagem totalmente sozinha pra um país que eu nem conhecia - estava muito, MUITO feliz. Conseguir planejar uma viagem dessas pra mim foi tipo uma vitória muito grande. Conseguir cortar um monte de gastos desnecessários e as baladas pra menos da metade. Na porta do embarque, me despedi da minha mãe com um sorriso de orelha a orelha. Tipo, satisfação e orgulho de mim mesma, sabe?

O vôo de ida foi bem tranquilo. Sentei na janelinha sozinha. O avião da LAN que me levou era imenso e eu vim assistindo filme. Na realidade eu assisti só metade do filme, pois o sono começou a bater e acabei me rendendo a um cochilo. Cochilo mesmo, porque a sensação que eu tive foi de ter dormido 20 minutos e aí o piloto começou a falar: já estamos chegando.

Quando olhei pela janela, vi que o avião estava passando por cima da Cordilheira dos Andes!!! Curiosamente na mesma hora, todos os pensamentos ruins sumiram. A cena da cordilheira toda nevada ali tão perto de mim me fez esquecer todas as coisas erradas que poderiam acontecer. E me chamem de sensível ou o que for, mas meus olhos ficaram marejados na hora. Pensei: é isso! Tô chegando e tô chegando sozinha!




Tudo certo com a mala (não, ela não foi extraviada) e com a polícia, saí do aeroporto e tomei um táxi até meu hostel. 35 obamas (leia-se dólares) até a Rua Monjitas, no Andes Hostel. Enquanto o táxi ia ganhando as ruas de Santiago, eu grudei na janela do automóvel prestando atenção na paisagem, nomes de rua, estações de metrô...

Rapidinho cheguei no hostel. Já logo de cara gostei, especialmente a localização. Percebi que ali era bem no centro da cidade e o melhor: na frente de uma estação Bellas Artes de metrô!!! Mas mais do que localização, o hostel é ÓTIMO. Assim que entrei e vi a mesa de sinuca na frente de um bar, uma geladeira cheia de cerveja, música bacana de ambiente, vários quadros pelas paredes me simpatizei logo de cara. O cara da recepção (cujo nome eu me esqueci, sorry) foi um amor e ainda conversou em português comigo :)
Minha reserva estava lá, bonitinha me esperando. E pra quem quer saber: eu fiz a reserva com um mês de antecedência pelo Hostel Bookers. A escolha do hostel foi pura intuição. Vi as fotos, a cotação, os comentários e pronto, reservei. Ahn sim, também tive o cuidado de verificar se eles ofereciam toalha de banho e café-da-manhã. E achei o preço bem honesto: 5 noites em quarto de 4 pessoas por US$81, pagos na hora do check-in.
O quarto também ótimo, arejado, arrumado, cheiroso, limpo e com locker pras malas. Ou no meu caso, só uma mochilona. Banheiro também limpo, chuveiro com água quente e secador pras meninas!!! Enfim, quem quer conhecer Santiago e não sabe onde se hospedar, total recomendo o Andes.


(Recepção do hostel)

Malas acomodadas, fiz minha primeira aventura sozinha pela cidade. Passei na estação de metrô ali na frente pra sacar um dindin. E fui caminhando em direção a Plaza de Armas.
A Plaza de Armas é onde concentra o Correo Central, a Catedral Metropolitana de Santiago e mais um monte de coisas. Senhores jogando xadrez nas mesas, barraquinhas com artesanato, cartomantes (MUITAS!!!), pessoas pregando a Bíblia, pessoas descansando, humorista de rua, pombos, pessoas desenhando caricaturas... enfim, se for pra comparar com algo semelhante daqui de São Paulo, diria que é uma mistura de Praça da Sé com a Praça da República.

(Catedral Metropolitana)





Uma coisa que me chamou a atenção logo de cara em Santiago. Aliás, uma não, duas coisas:
1- a cidade tem cachorros de rua por todos os lados! Mas não são cachorros raquíticos, mal tratados. Eles são IMENSOS, parecem bezerros de tão grandes. Vi até husky siberiano de rua. E antes que pensem que a cidade é um campo minado de cocô de cahorro, ledo engano. Não vi UM em nenhuma calçada, em nenhuma rua, NADA! Como eles fazem isso, eu não sei.

2- por todos os lugares que eu andei, não só nesse primeiro dia mas durante toda a viagem, tem polícia por todos os cantos. São chamados 'carabineros' e eles estão presentes no dia-a-dia da cidade seja de carro, a pé, a cavalo... enfim, eles estão lá e são extremamente simpáticos, atenciosos e se você turista precisa de alguma informação, peça para eles sem medo de ser enganado.

Depois da Plaza de Armas eu saí andando meio sem rumo, entrando em várias ruas aleatórias, tirando fotos e mais fotos. Santiago é tipo Buenos Aires em termos de unidade arquitetônica. Os prédios lá tem mais ou menos o mesmo estilo, todos eles. Acho isso muito bacana, porque deixa a cidade mais definida, sei lá. Caminhei pelos Paseos Huerfanos e Ahumada. São ruas fechadas para carros com lojas por todos os lados. Em Santiago tem MUITA loja de departamento. Fiquei até meio atordoada com a quantidade de lojas assim, queria entrar em todas e comprar tudo, mas não tinha espaço na mochila pra grandes aquisições. Entrei em uma galeria aleatória que só tinha peluquerías (cabeleireiros) e estúdios de tatuagem.

Parei em um bar qualquer para tomar uma cerveja e foi só eu fazer o pedido para que um senhor que estava sentado mais ou menos perto de mim fazer a pergunta:
- brasileira?
- sim, eu sou!
- que legal! Eu adoro o Brasil e o futebol de vocês? Primeira vez no Chile? Está gostando? Vai ficar quanto tempo?

Situações assim foram mais corriqueiras do que eu imaginava. Durante toda a viagem, era só eu falar um hola pra eles sacarem NA HORA que eu era brasileira. E a recepção era a mesma. Mais um ponto pros chilenos, que são extremamente educados, simpáticos, gentis e cavalheiros. E isso eu vou falar em praticamente toda a viagem, porque foi algo que realmente me impressionou.

(a galeria das peluquerias)





Voltei pro hostel quase no fim do dia, desesperada por um banho. Já no meu quarto terminando de me arrumar e ainda pensando o que faria naquela primeira noite, entrou um cara. Era brasileiro de Curitiba, se apresentou, disse que tinha chegado fazia um tempo e que tinha vindo de San Pedro. Disse que estávamos dividindo o quarto eu, ele, uma outra brasileira e um americano que eu conheci depois. O brasileiro fez um convite: conheci uma chilena em San Pedro e vamos sair para tomar alguma coisa, tá afim?
Como não tinha companhia, resolvi topar.

Conheci a tal chilena, Marta. Um amor de pessoa! Demos mais umas voltas pelos bairros ali próximo do hostel. Santiago a noite ficou ainda mais bonita. Passamos pelo rio Mapocho, na frente da Universidade de Direito de Chile, no bairro Bellavista (onde tem um mooonte de restaurante e barzinho) até resolvermos entrar num bar qualquer, pedirmos piscos, mojitos e choclo (milho) pra beliscar.

(Rio Mapocho)


(Marta e eu)

Conversa vai conversa vem, a chilena disse que adoraria me acompanhar no dia seguinte por um tour por Santiago, mas que não poderia. Ela era tão atenciosa que não parava de repetir: poxa, eu devo ter algum amigo pra te fazer companhia. De brincadeira, eu disse:
- se você tiver um amigo bonitão e solteiro pra ser meu guia particular, ia ser ótimo.

Mas o resto dessa história, eu conto depois.
Ficamos mais um pouco no bar conversando. De música de fundo, um monte de canções brasileiras. Tocou até Elis Regina =)

Marta e o brasileiro ainda iam sair do bar e ir parar em outro lugar pra dançar. Como eu tinha acabado de chegar de viagem, resolvi voltar pro hostel e dormir, pra no dia seguinte acordar bem cedo e aproveitar cada minuto na cidade.



terça-feira, 29 de maio de 2012

Diário de Viagem - Chile

Depois de mais de um ano de trabalho duro, eu FINALMENTE consegui tirar férias. E o mais legal foi que finalmente consegui planejar uma viagem que não fosse pra Ubatuba ou Buenos Aires DE NOVO.
 Depois de muito planejamento e economia, no dia 4/05 eu embarquei rumo ao Chile para 10 dias de viagem sendo 5 na capital Santiago e 5 em San Pedro do Atacama.

A partir de amanhã farei posts diários sobre a viagem. Cada dia equivale a um dia de viagem, como se realmente fosse um diário. Porque por mais que a gente conte e poste fotos no Facebook, tem coisas que só um bom post no Blog pode descrever. Ou não, porque o que eu vi lá - especialmente em San Pedro - beira o indescritível! E é uma boa maneira de reavivar esse blog que andava meio totalmente parado. Então já sabem. A partir de amanhã comecem a acompanhar como foi a viagem pro Chile (com direito a fotos e vídeos) visto de uma perspectiva de uma mulher de 25 anos!