sexta-feira, 30 de julho de 2010

Lembranças


Esse fim-de-semana que passou, eu estranhamente senti uma saudade forte sua. Coloquei um cd pra tocar com músicas de uma banda que eu sei que você gosta e resolvi abrir a minha caixinha. A caixinha de Pandora, onde meses atrás quando fomos almoçar juntos pela última vez, eu a lacrei com cadarços velhos amarrados, escrevi bem grande NÃO ABRIR e joguei lá no fundo da parte mais alta do meu armário. Assim, ficava mais difícil ter acesso à todas aquelas fotos, os set lists dos seus shows (que eu ia toda orgulhosa, empunhando uma máquina fotográfica e registrando tudo, pois achava você em cima do palco a coisa mais linda do mundo), a carta e pequenos detalhes que só faziam sentido pra nós.

Mas esse fim-de-semana eu resolvi abrir essa caixa. E revi todas as fotos, parando em cada uma delas por longos minutos, prestando atenção em mim, em você, em nós dois. Pra poder olhar de novo o seu sorriso, que foi o que me conquistou logo de cara assim que te conheci. Pra olhar uma foto e me lembrar de onde estávamos, o que tínhamos feito naquele dia, o que estávamos escutando e dizendo um para o outro. Pra notar no seu olhar terno e carinhoso pra mim. Olhei pra foto que alguém tirou da gente num Mac Donald's qualquer, logo depois que saímos do motel. Acho que ainda nem tínhamos completado 1 mês de namoro. E era visível a felicidade que estávamos sentindo. Bem nessa hora começou a tocar "Heart of Gold" e me lembrei também da primeira vez que escutei essa música. Estávamos deitados e ouvindo a voz do Zakk Wylde e você me disse: "ainda bem que eu não precisei atravessar o oceano pra achar o meu heart of gold". E enquanto me lembrava disso e ficava admirando nossa foto, eu... eu senti meus olhos ficarem marejados. Foi uma sensação muito estranha. Eu não sentia isso por você há MESES.

Depois li a única carta que você me escreveu em 10 meses de namoro. Me lembrei do dia que você me deu, de onde estávamos (voltando da faculdade juntos, como sempre) e ia fazer só 2 meses que estávamos juntos, que a gente se conhecia. Mas de acordo com a carta, parecia muito mais tempo, porque nos dávamos muito bem e eu era a garota que por tanto tempo você procurou, mas só tinha encontrado quando me conheceu. Você também era tudo o que eu buscava em um homem. E tive sorte de ter vivido essa experiência, mesmo que por menos tempo do que eu desejava. Aí, quando cheguei ao final da leitura da carta, vi o "Eu amo muito você". Isso deixou meu coração ainda mais apertado e a saudade misteriosamente aumentou ainda mais.

Por último achei a embalagem de acrílico em formato de coração com o melhor presente que você me deu. No dia que fez 2 meses que tínhamos nos conhecido. Sentamos na praça de alimentação da faculdade e você disse que tinha uma surpresa pra mim e aí...
Confesso que coloquei a aliança no meu dedo enquanto escutava as músicas e remexia no passado. A impressão que deu era de que ela está mais justa no meu dedo. Será que eu engordei e por isso meu vestido Armani não serve mais? Será que durante esses quase dois anos engordei de mágoa, choro contido, tristeza, angústia e raiva depois que o namoro acabou?
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Caramba... quase 2 anos já. E pensar que eu só consegui superar a pior fase pós-namoro de Novembro do ano passado pra cá. E mesmo assim (e eu odeio admitir isso), eu ainda sinto um pouco sua falta. Ainda guardo um milhão de lembranças, objetos e memórias. Ainda sinto frio na barriga com certas coisas que se relacionam a você.
Você é meu heart of gold. E acho que sempre vai ser...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cala a boca Stallone???

Bom e daí que hoje saiu essa matéria no site da Folha e em muitos outros meios de comunicação, online ou não:

Stallone faz piada de mau gosto sobre o Brasil em feira nos EUA

O ator Sylvester Stallone participou ontem de um debate na convenção anual Comic-Con, que acontece em San Diego (EUA), em que falou sobre o filme "Os Mercenários", que foi filmado no Brasil e teve a participação da atriz Gisele Itié.

Stallone falou a 6.000 pessoas sobre como foram as gravações. Segundo ele, gravar o filme no país foi melhor por que deu maior liberdade aos produtores em sequências agressivas em que era necessário usar armas e destruir propriedades.

"Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem: 'Obrigada! Aqui está um macaco para você levar de volta para sua casa", disse o ator.


(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/771528-stallone-faz-piada-de-mau-gosto-sobre-o-brasil-em-feira-nos-eua.shtml)


E em SEGUNDOS já virou TT (Trending Topics) no Twitter, um monte de gente que eu sigo comentando revoltadíssimos com o que o cara falou e não sei mais o que. Até então, eu tô dando risada, até que um cara que eu conheço twitta a seguinte frase:
"PRIMEIRO LUGAR NO WORLDWIDE!!! Vem filmar aki agora FDP. CALA BOCA SYLVESTER STALLONE !!!!! Gostei disso! Atitude BRAZIL!!!"

Atitude??? Por favor, né?
Aí vieram uma série de pensamentos e questionamentos na minha massa cinzenta:

- Será que esse mesmo pessoal que tá nervosinho por causa de uma declaração dessas vão prestar a mesma dedicação e atenção na hora de escolher quem será o novo presidente, o novo governador de suas cidades e etc?

- Por quê ao invés de ficarem "xingando muito no Twitter" esse pessoal não vai, sei lá fazer uma caridade, doar roupas para a campanha do agasalho, dar dinheiro para as cidades do Nordeste que foram afetadas por causa das chuvas ou ir até Brasília e fazer protesto contra a corrupção ou qualquer coisa que o valha?

- Pra piorar, esse mesmo cara disse "se a única maneira de se expressar é o Twitter, então é válido". É o protótipo das pessoas da minha geração MESMO! Burras, acéfalas, que acham que internet é tudo na vida, provavelmente não lê um jornal (o caderno de esportes não vale como leitura), não vai a um museu e seu único sonho de vida é ser rockstar. Como que essa pessoa pode ter a coragem de dizer que a única maneira de se expressar é o Twitter? Talvez seja para ele, que seja burro demais e não sabe mais pensar coisas que ultrapassem os 140 caracteres.

- Apesar do comentário digamos, infeliz, do Stallone, vamos ser honestos vai: ele disse APENAS A VERDADE! Nada do que ele disse é mentira, NADA! Todo mundo sabe que brasileiro adora lamber o saco de gringo quando vem pra cá e todo mundo sabe que a imagem que eles tem de nós lá fora é essa: de um país caótico, onde as pessoas andam peladas na rua (aliás, rua não: selva. Porque eles realmente acham que todo mundo aqui vive na selva amazônica) e onde se vêem macacos, tucanos e araras em cada esquina que você vai.
E por que gringo tem essa imagem do Brasil? Porque NÓS MESMOS nos vendemos dessa maneira. Quando digo nós, estou dizendo o governo. Já pararam pra reparar nos comerciais feitos pelo Ministério do Turismo? É só imagem de praia, de floresta, de gente andando à cavalo no meio das montanhas, tomando chimarrão na frente da fogueira, samba...
Aqui não é a terra do futebol, do carnaval, das morenas peladas? Não vivem dizendo que somos o povo mais receptivo do mundo e sei lá mais o que?

Se ele disse isso, é porque deram liberdade pra isso.
Doeu? Doeu, claro que doeu. Mas lembrando que a verdade SEMPRE dói... né?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cd's que mudaram minha vida parte 4: Nightwish - Oceanborn


A história sobre esse cd é engraçada, na verdade.

Me lembro que em 2001, eu tinha 14 anos e estava no auge da minha fase de adolescente rebelde, gótica e roqueira. Andava só de preto, com crucifixos e pentagramas pendurados no pescoço e escutava rock o dia INTEIRO. E nessa mesma época fiz alguns amigos que escutavam muitas bandas que eu ainda não conhecia como Rhapsody, Savatage, Blind Guardina e Nightwish.
Vivia tendo reuniões na casa de um desses amigos e ficávamos ouvindo música mas eu nunca prestava muita atenção, pois o menino por quem eu era apaixonadinha na época estava sempre por lá; o que significava toda a minha atenção voltada para ele.

Um belo dia, já quase no final do ano eu fui dar uma volta na Galeria do Rock com o então namorado da minha tia mais nova, que era mais novo que ela e mais velho que eu e também curtia o mesmo som que eu. E naquele dia, eu estava DETERMINADA a comprar um cd, mas não sabia exatamente qual. Passamos o dia andando pelos corredores daquele velho prédio e eu sem saber o que comprar. Tinha que escolher muito bem, afinal grana de adolescente é sempre escassa. Eu tinha que comprar O cd, para não me arrepender depois.

Eu e o Edgard (o namorado da minha tia) estávamos subindo as escadas rolantes, quando de repente eu vejo... ele! O menino por quem eu estava totalmente apaixonada, materializado ali na minha frente. Era bom demais, encontrar assim do nada:
- Oooi Clarinha, que coicidência você por aqui. E aí, como tá?

- Ahn tô bem... vim aqui afim de comprar um cd, mas não sei qual.

- Por quê você não compra algum do Nightwish?

- Putz, boa idéia. Mas qual você me recomenda?

- Todos são bons, Clarinha.

- Ahn... mas todos eu não posso comprar né?

- Então vem aqui.

Ele me pegou pelo braço e entramos na primeira loja que encontramos. O vendedor muito atencioso, cumprimentou a mim, a ele e ao Edgard e depois perguntou o que queríamos:

- Você pode, por favor pegar todos os cd's do Nightwish que você tem?

O vendedor deu as costas e alguns segundos depois virou-se para nós novamente e colocou 3 cd's um ao lado do outro.

- Vai Clarinha, agora escolhe a capa que você mais gostou.

E sem pestanejar, peguei o Oceanborn. Paguei, me despedi do meu amigo e rumei para casa com um cd nas mãos que eu não fazia IDÉIA do que se tratava. No fundo, estava com medo de ter comprado um cd que eu iria odiar. Mas como no começo do mesmo ano eu fiz a mesma coisa com um cd do Whitesnake e não me arrependi nadinha, vai ver que iria acontecer a mesma coisa dessa vez.
Cheguei em casa e antes de colocar o cd pra tocar, dei uma olhada no encarte. A foto daquela moça com os olhos pintados de preto, o cabelo bem escuro e a roupa meio medieval me deixaram um tanto quanto espantada. "Como assim uma MINA na banda?", eu pensei. Naquela época, conhecia poquíssimas (ou nenhuma) banda que tinha mulher. Eu realmente estava começando a descobrir novos sons.

Enfim, coloquei o cd pra tocar. O instrumental da primeira música começou a me agradar. Pensei: uau, é super pesado e gótico. DE REPENTE... entrou a vocalista. Cantando... LÍRICO! Eu quase pirei, sério. Era a primeira vez na minha VIDA que eu ouvia tal coisa. Música pesada, guitarras incessantes, um verdadeiro instrumental de rock n' roll com uma vocalista cantando estilo ÓPERA! Até pra quem tem pai como o meu, publicitário, músico que escuta de absolutamente TUDO era tudo muito novo pra mim.
Confesso que eu demorei alguns minutos pra poder digerir o que estava ouvindo. Mas depois comecei a prestar atenção, atenção e... foi amor à primeira ouvida. Na mesma hora eu chamei meu pai, empolgadassa: pai pai, olha que diferente esse som. Ele adorou, claro. Minha música favorita do cd? Passion and the Opera. Não sei o motivo, mas definitivamente É a minha favorita!

Não sei se por acaso, se eu tivesse escolhido o Angels Fall First ou até mesmo o Wishmaster no lugar do Oceanborn, a música do Nightwish teria causado tanto impacto em mim como causou. O fato é que eu ouvi esse cd durante muito tempo seguido e logo virei fã da banda. Comprei os outros cd's, fui em dois shows (Credicard Hall em 2002 e Via Funchal em 2004), comprei e usei camisetas, aprendi a tocar "Walking in the air" no teclado e ainda acho a Tarja uma das mulheres mais bonitas que eu já vi.



Depois que ela (Tarja) saiu da banda, confesso que parei de acompanhar o trabalho deles. Mas esse cd me marcou muito e merece um post sobre ele.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia Mundial do Rock


Eu tinha escrito um texto IMENSO aqui sobre o dia Mundial do Rock e falando mal dos emos que SUJAM esse estilo musical. Mas daí perdi a linha de raciocínio e a inspiração e resolvi postar uma letra do Kiss, que diz absolutamente TUDO.

~*~

God gave rock and roll to you
Gave rock and roll to you
Put it in the soul of everyone

Do you know what you want? You don't know for sure
You don't feel right, you can't find a cure
And you're getting less than what you're looking for

You don't have money or a fancy car
And you're tired of wishing on a falling star
You gotta put your faith in a loud guitar

Chorus:
God gave rock and roll to you
Gave rock and roll to you
Gave rock and roll to everyone (oh yeah)
God gave rock and roll to you
Gave rock and roll to you
Put it in the soul of everyone

"Now listen":
If you wanna be a singer or play guitar
Man, you gotta sweat or you won't get far
Cause it's never too late to work nine-to-five

You can take a stand or you can compromise
You can work real hard or just fantasize
But you don't start living till you realize

"I gotta tell ya!"

God gave rock and roll to you
Gave rock and roll to you
Gave rock and roll to everyone
God gave rock and roll to you
Gave rock and roll to you
Put it in your soul

God gave rock and roll to you
(To everyone he gave the song to be sung)
Gave rock and roll to you
Gave rock and roll to everyone

God gave rock and roll to you
(To everyone he gave the song to be sung)
Gave rock and roll to you
Saved rock and roll for everyone
Saved rock and roll

God gave rock and roll to you
Gave rock and roll to you
Gave rock and roll to everyone
God gave rock and roll to you
Gave rock and roll to you
Put it in your soul

"I know life sometimes can get tough!
And I know life sometimescan be a drag!
But people, we have been given a gift,
We have been given a road
And that road's name is... Rock and Roll!"

http://www.youtube.com/watch?v=F1yvQV7J47o

~*~

É isso.
Só quem curte DE VERDADE consegue entender um solo de guitarra bem tocado, a adrenalina e a vibe maravilhosa de um show (por mais caro que seja o ingresso) e aquele sorriso na cara de satisfação depois de ver seu ídolo de pertinho.

Você que acha que Restart/Cine/Fresno/NXzero é rock... shame on you!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cd's que mudaram a minha vida parte 3: Black Label Society - Blessed Hellride


Black Label Society é a minha banda número 3 do meu top 3 de bandas. Sou louca pelo Zakk Wylde e a voz rouca dele. Até mesmo os solos um pouco cansativos que ele faz, sou fã.

Antes de comprar o cd, era a mesma coisa do Depeche Mode. Já conhecia várias músicas, pois tinha baixado algumas aleatoriamente pela Internet. Mas num Domingo qualquer em maio de 2007, eu estava na Saraiva que fica próximo ao Kinoplex do Itaim Bibi olhando a seção de “cd’s em oportunidade”. Tinha várias coisas interessantes por lá a preços bem convidativos. De repente achei uns 3 cd’s do Black Label jogados lá. O Stronger than death, o Sonic Brew e claro, o Blessed Hellride. Cada um desses cd’s custava apenas R$12,90 (JURO!!!) e eu, LÓGICO comprei todos ao mesmo tempo.

Mas o Blessed Hellride foi o que mais me chamou a atenção, não sei dizer bem o porquê. Foi esse cd que eu escutei voltando prá casa no carro do meu pai e tanto eu quanto ele ficamos impressionados tamanha fúria com que o Zakk executava os riffs de guitarra. Além dos harmônicos característicos, é lógico. A música de mesmo nome do cd é uma das poucas “lentas” e a voz do Zakk é simplesmente... hmmm... maravilhosa. Adoro o timbre de voz dele, adoro gente que canta como ele, com uma “sujeirinha” na voz – como diria meu pai – rouca e com um sotaque diferente. Voz de homem mesmo.

Minha música favorita desse cd é a Funeral Bell e arrisco a dizer que essa também é minha música favorita de toda a carreira da banda. Ela é animada, tem um ritmo contagiante (já perdi a conta de quantas vezes estava no trabalho ou no ônibus/metrô com fones de ouvido, essa música começava a tocar e eu alegremente ficava chacoalhando a cabeça, agitando, bangeando como se não houvesse amanhã quando na verdade estavam todos me olhando com cara de “o que ela PENSA que ta fazendo?”) e como sempre, Zakk Wylde canta de maneira visceral, outra característica que ele possui e que eu a-do-ro.

Eu tive um namorado que tem (ou tinha, sei lá) uma banda cover de Black Label e sempre fiquei chateada pelo fato dele nunca ter conseguido tirar a Funeral Bell. Ele dizia que essa em particular era difícil de tocar e cantar ao mesmo tempo e eu passei 10 meses praticamente implorando prá ele fazer um esforço e aprender, porquê adoraria vê-la ao vivo. Não adiantou nada; o namoro terminou sem que eles ensaissem essa. Também não consegui curtir ao vivo tocada pela banda original em 2008, porquê infelizmente o Black Label teve que fazer um show curto naquela noite.

Mas agora que eles estão com um cd novo, possivelmente haverá uma turnê. E Deus queira que eles passem por aqui novamente, mas dessa vez SÓ eles. Prá eu poder tietar o Zakk por mais tempo do que dois anos atrás. E quem sabe eles não toquem essa ;-)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Adeus Brasil


E daí que hoje foi o último jogo da seleção canarinho na Copa do Mundo de 2010. Infelizmente a gente não passou pela Holanda, mas pelo menos perdemos com dignidade. Diferente daquele jogo VERGONHOSO que fizemos contra a França em 2006.

Aliás, isso me lembra que naquele dia eu estava na casa de um amigo meu - que hoje mora nos Estados Unidos e aparentemente não volta pra cá tão cedo - com mais outros amigos. Fizemos um churrasco com muita cerveja e comida. Eu era meio apaixonada pelo primo da minha amiga e no dia ele estava ficando com a ex-namorada dele; fato esse que me deixava bem chateada com a minha auto-estima, que na época não era lá aquelas coisas, ainda mais pra baixo.

Dois dias antes desse jogo, eu tinha prestado pela segunda vez o vestibular no Mackenzie. Da primeira vez não tinha conseguido passar, minha colocação foi vergonhosa. Mas pra essa segunda vez eu estudei MUITO, fiz cursinho específico pro Mackenzie. Mesmo assim, como sempre na minha vida estudantil eu tinha ido MUITO MAL em Biologia, Física, Química e Matemática. Pra vocês terem uma noção, eu consegui ZERAR na prova de Matemática. Naquela época, por causa disso o clima lá em casa estava péssimo. O resultado da Belas Artes (a outra faculdade que prestei, e seria minha segunda opção caso a primeira não desse certo) tinha saído. Eu tinha passado, é claro. Mas estava triste e angustiada pois sabia que se eu não tivesse passado no Mackenzie, me sobraria fazer faculdade num lugar que eu não sentia a mínima vontade de estudar. E eu seria uma frustrada eternamente.

Me lembro que um dia antes do jogo eu fui fazer a matrícula sozinha da Belas Artes. Não conseguia sentir um pingo de felicidade ou de orgulho de mim mesma. Minha mãe estava puta da vida comigo. Meu pai, chateado por ter jogado dinheiro fora durante 6 meses no cursinho. E eu com medo. O churrasco no dia do jogo ajudou um pouco a dar uma esquecida, mas eu não conseguia me animar. E ainda por cima a seleção jogou mal pra caramba, Roberto Carlos arrumando a chuteira em momento decisivo, Ronalducho levando chapéu do Zidane, a desclassificação do Brasil... não tinha nem isso pra me ajudar a me animar.
Ahn sim: o pior foi ver todo mundo combinando de fazer uma balada pós churrasco e eu ter que dizer: não obrigada. Estou desempregada e sem dinheiro nem pra ir na esquina.


Na época foi trágico. Mas hoje, 4 anos depois o Brasil foi sim eliminado mais uma vez. Mas o jogo não foi vergonhoso, não senti vergonha da seleção que representou meu país.
Não estou desempregada e se quiser posso encontrar alguns amigos agora para poder tomar uma cerveja, dar risada e o mais legal: poder comemorar o fato de que estou a caminho do ÚLTIMO semestre do curso de Publicidade e Propaganda naquela faculdade que eu estava morrendo de medo de não ter passado.





Ainda bem que o mundo dá voltas, né?