domingo, 12 de dezembro de 2010

É o fim...



Antes era o nervoso de passar ou não no vestibular. Prestei a primeira vez e não consegui entrar no curso que eu queria, na universidade que eu queria. Fiquei decepcionada, me senti a verdadeira loser. Mas não desisti, fiz mais meio ano de cursinho e em Junho de 2006 prestei a prova. Consegui um gabarito e fui corrigindo as questões. Em História quase gabaritei. Em Matemática, ZEREI! Achei que era o fim, que mais uma vez eu jamais iria conseguir estudar Publicidade no Mackenzie.
Eu tinha passado em outra faculdade, mas sabia que se não conseguisse alcançar meu sonho, iria ser uma frustrada pro resto da vida por estudar numa instituição que não era a que eu almejava.

Um dia antes de sair oficialmente a lista, entrei por acaso no site da Universidade e lá estava o meu nome na primeira lista. Posição 78, eu acho. Não consegui conter as lágrimas de felicidade, o grito. Liguei pra todo mundo. Meu pai, orgulhoso, gritou no trabalho dele: MINHA FILHA PASSOU NO MACKENZIE! ELA PASSOU, VAI SER PUBLICITÁRIA IGUAL A MIM!

No primeiro dia de aula, tomei trote, é lógico. Não me diverti tanto quanto gostaria, nem bebi quanto eu pensei que beberia, mas mesmo assim passei pelo ritual dos bixos. Andei de elefantinho em plena Consolação, pedi dinheiro no farol e fiquei MUITO suja de tinta, farinha e outras coisas.
Depois, quando teve aula mesmo eu - como todos os bixos e bixetes mackenzistas, creio eu - me perdi completamente dentro daquele gigante campus. Cheguei atrasada para minha primeira aula, de Desenho.

E foram 4 anos assim. De muito trabalho, algumas DP's, matérias chatas, matérias legais, matérias totalmente interessantes e outas nem tanto, amizades feitas e desfeitas, um falecimento (Flávia, minha amiga, que ela descanse em paz), irritação, noites maldormidas por causa de trabalhos que pareciam nunca acabar.
A caminho do 5º semestre, descobri que tinha muitas matérias pendentes do 4º para fazer. As DP's que tinha pego no primeiro ano me levaram a esse caminho. Escolhi atrasar um semestre, fazer todas as matérias que faltavam pra então "começar do zero". Atrasei um semestre, entrei numa sala nova, com pessoas novas, panelinhas novas. Mesmo assim, logo estava enturmada. E depois do fim do 4º semestre, precisava optar entre Marketing e Criação. E eu não tive dúvidas, fui para criação.

Aí as aulas começaram a ser mais específicas, todo mundo já começou a pensar no TGI. Mas antes do TGI teve o PI, uma espécie de mini TCC, só para que pudéssemos sentir o que vinha por aí. Fui convidada para entrar num grupo diferente do que eu já fazia parte, pois diziam que gostavam dos meus textos. Aceitei e não me arrependi. Fizemos dois PI's, tiramos boas notas e logo já tínhamos decidido o tema do nosso TCC.

A essa altura, eu já não via mais graça em nada que se relacionava ao mundo universitário. Parei de dar trote, afinal tinha coisas mais importantes para fazer. Nunca mais fui ao bar que fica DO LADO do meu prédio, nem que fosse para tomar uma cerveja na sexta-feira. Arrumei um estágio em uma empresa grande e isso foi dando a dimensão de que sim, eu tinha crescido. Aquela estagiária boba que fez várias cagadas na primeira agência que trabalhou já não existia mais.

Aí chegou 2010, o último ano da faculdade. No primeiro semestre foram TODOS os finais de semana na casa da Bruna fazendo o TCC. Indo nas ruas fazer pesquisa. Indo até a empresa para falar com o proprietário. Fazendo organogramas, tabelas, pesquisas sobre marketing, ambiente interno, SWOT e mais um monte de coisa. Deixei de ir a alguns aniversários de amigos, pois no dia seguinte precisava acordar cedo para continuar o TCC. Não passei o dia das mães com a minha, pois precisava ficar aqui em São Paulo, correndo com tudo. Cada vez que eu ficava nervosa, puta e saía xingando tudo, sempre tinha alguém do meu lado para dizer: Calma Ana... tá acabando! E realmente, o primeiro semestre acabou antes do que eu imaginava. Valeu a pena, porque um fim-de-semana antes da entrega, enquanto todos os outros grupos ainda estavam fazendo coisas do TCC, o nosso já estava na revisora. E tiramos 9,0 pelo professor de TCC do semestre.

Mas ainda não tinha totalmente terminado. Depois de um mês de merecidas férias, tivemos que corrigir algumas coisas. Foi um mês mais ou menos tendo encontros na biblioteca às 2ª Feiras. Detalhe: a gente nem tinha mais aula de Segunda. Mas precisávamos ir, precisávamos corrigir. E corrigimos. E depois começou a parte mais legal do trabalho, a que todos nós estávamos esperando ansiosamente: a parte da criação.

Mas tinha um problema: nosso cliente era pequeno demais e disponia apenas de R$300.000,00 para propaganda. Quando alguém desanimava, nossa orientadora dizia:
- É agora que vocês vão mostrar se são mesmos criativos. Pensem em mídias alternativas, em ações de marketing, divulgação na Internet.

E nós não desanimamos. De Setembro até comecinho de Novembro foram inúmeras reuniões discutindo idéias, conceitos criativos, ações promocionais, lay outs, decidindo o que cada um iria fazer. Tive um dos maiores desafios da minha vida nas minhas mãos: criar TODOS os textos de TODAS as peças. Afinal, eu tinha entrado nesse grupo por causa dos meus textos. Fiquei desesperada quando sentei para escrever pela primeira vez alguma coisa e simplesmente NADA saía. Chorei, me senti incapaz, impotente. Eu sempre gostei de escrever, e agora que minha vida acadêmica dependia disso, não saía nada. Culpei minha experiência com Links Patrocinados por isso. Estava alienada a 75 caracteres por anúncio, apenas. Meu pai me acalmou, falando que era assim mesmo. E ele tinha razão. Um belo dia sentei na frente do computador e escrevi igual uma louca. Em pouco tempo, todos os textos estavam prontos.

Precisei tirar 15 dias de folga do trabalho para me dedicar única e exclusivamente ao TCC. O dia da entrega estava cada vez mais próximo, faltava menos de um mês. Quando me dei conta, já estava escrevendo os agradecimentos do grupo para poder colocar na monografia. Juro que fiquei de olhos marejados quando me dei conta disso. Veio tudo à tona na minha mente, tudo o que tinha passado até então. E o dia 17/11/2010 chegou. O grande dia, o dia da entrega. Quando um dos meninos do meu grupo chegou com o TCC impresso, eu não podia acreditar. Tudo o que fizemos, todo o nosso trabalho, estresse, dedicação estavam ali naquelas páginas, naquela capa tão bem pensada, naqueles dados pesquisados a fundos. Entregamos e no mesmo dia descobrimos que teríamos apenas 1 semana antes da nossa apresentação.

Bateu um frio na barriga. Dividimos o que cada um ia falar, ensaiamos, cronometramos para não passar dos 20 minutos. Eu estava nervosa, e ao mesmo tempo tranquila. Afinal, já tinha apresentado um TCC na minha vida antes; na época do colégio técnico. Na 4ª Feira a noite - um dia antes da apresentação - todo mundo do grupo estava errando as falas. O nervosismo era visível e depois quando fomos embora, fiquei insegura. Não por mim, mas por eles.
No dia da apresentação não fui trabalhar. Acordei tarde, queria descansar. Fiquei ensaiando comigo mesma na frente do espelho umas mil vezes. Meus avós estavam aqui para me assistir; minha tia mais nova e até alguns amigos meus foram ver a apresentação.

Os 20 minutos duraram bem menos. Achei que seria uma eternidade, mas não. Passou voando. Meu grupo me surpreendeu. Todo mundo foi bem. Eu não gaguejei, estava segura do que estava falando. Depois da apresentação, a banca começou a fazer seus comentários. Tinha várias falhas, especialmente na parte de Marketing. Pensei comigo mesma: sejam condescendentes, fizemos criação. Mas todas as críticas foram muito construtivas. Eles elogiaram também. Elogiaram especialmente os textos. Isso me fez inflar de orgulho. Olhei pro meu pai que estava sentado bem à frente e vi que ele também estava orgulhos. Afinal, tal pai tal filha. Nossa orientadora disse:
- Bom, agora vamos lá fora e decidir a nota de vocês.

Eu não sabia o que esperar. Mas agora que a apresentação já tinha acabado, eu estava bem mais aliviada. Alguns minutos depois e os 3 professores da banca voltaram. Nossa orientadora Paula, disse:

- Antes de mais nada, eu queria agradecer a todos vocês do grupo por terem me escolhido como orientadora. Adorei trabalhar com vocês todos, foi ótimo, a gente se divertiu na medida do possível, porque né? E o TCC de vocês passou com nota 9,5!

Sim, 9,5. Nove e meio! Quando ela disse isso, nós seis do grupo gritamos, nos abraçamos, choramos e o principal: bateu aquela sensação de alívio de que tanto estávamos sentindo falta.
Ganhei abraços dos meus pais, dos meus amigos da faculdade ou não, dos meus avós, da minha tia. Tiramos fotos, fomos comer pizza depois para comemorar...


E olhando pra trás, eu digo sem sombra de dúvida: valeu MUITO a pena!

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