quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Surtos Adolescentes


Na 6ª feira da semana passada meu pai comemorou o aniversário dele numa sinuca com os amigos mais chegados. Eu saí do trabalho e fui direto pra lá me encontrar com eles e assim que cheguei, notei num canto, descalça e mexendo furtivamente num iPad uma garota. Ela nem olhava para os lados; passei praticamente na frente dela e os olhinhos continuavam vidrados na tela do eletrônico.

Logo me lembrei que ela é filha do irmão da namorada do meu pai. O pai dela, simpático como sempre foi, veio me cumprimentar perguntando “se eu tinha dado oi pra Carolzinha.” Como eu não quis ser grosseira, respondi sorrindo:
- ela me pareceu tão concentrada mexendo no iPad que achei melhor não atrapalhá-la. Ele revirou os olhos e resmungou algo como: essa geração não é fácil e pronto, o assunto morreu aí. Fiquei com raiva da menina por tamanha falta de educação e morrendo de dó do pai, que é uma pessoa muito gente boa e não merece ter uma filha assim.

Mas depois de observar o comportamento da garota (cara azeda e praticamente implorando pra irem embora) eu me vi nela. Eu era uma adolescente exatamente assim! E juro que senti vergonha dos meus tempos de rebelde sem causa.

Eu era do tipo que tinha que fazer cara de infeliz o tempo todo, porque afinal eu era super gótica e andava com roupas pretas e só ouvia rock. Ia passar o fim-de-semana em Peruíbe na casa dos meus avós e era a única da família que não fazia questão de levar ao menos um biquíni. E se fosse para a praia, sentava debaixo do guarda-sol de cara amarrada e pé pra cima, pra não sujar na areia.

Aliás falando em relação a casa dos meus avós, já tive altas discussões com a minha mãe quando tinha que passar o fim-de-semana lá. Odiava tudo, odiava o fato de ter que sair de São Paulo pra ir pro meio do nada (de acordo com minhas palavras na época) passar o dia das mães ou comemorar o aniversário da minha avó, minha paciência com a caduquice do meu avô era de -1 numa escala de 0 a 10, odiava minha vó me tratando feito criança. E essa minha má vontade piorou quando eu comecei a namorar um cara que raramente ia comigo pra Peruíbe. Aí chegava no Domingo e eu fazia o maior escarcéu pra poder voltar cedo pra casa e ver o namorado.
Me arrependo muito de ter agido assim, porque hoje aos 24 anos e sem meus avós maternos, eu morro de saudade de tudo isso e daria um rim meu para ter só UM DIA a mais com eles.

Isso sem contar na confusão mental que é ser adolescente, né? Você não pode nem SONHAR em ir pra uma matinê com os seus amigos porque ainda não é adulto. Mas se chora porque levou bronca ou ficou de castigo vai ouvir que tá muito crescidinho pra essas coisas. Argh, que inferno!
E se apaixonar então? Nossa, me lembro quando eu tive o primeiro namoradinho, isso foi com 15 anos, e quando a gente terminou eu sofri igual o cão. Chorava todo santo dia e acreditava PIAMENTE que ele seria o homem da minha vida. Inexperiências, inexperiências...

E a falta de dinheiro por não ter idade pra trabalhar? Hoje em dia se eu tô andando na rua e vejo um sapato ou uma blusa que me agradem eu entro na loja, provo e compro. Pronto, não passo vontade. Mas adolescente sofre com isso. Fica dependendo da boa vontade dos pais para comprar um cd ou uma regatinha da Hering que seja.

Aí depois de pensar sobre tudo isso, reviver mentalmente minha adolescência, eu parei de julgar a menina do começo desse post. Pois uma hora ela vai crescer, amadurecer, ser mais educada e simpática, olhar pra trás e pensar como eu penso agora: como eu era boba!

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