quarta-feira, 30 de maio de 2012

Diário de Viagem: 3/05 - Santiago

Saí de São Paulo na 5ª Feira bem cedo. Claro que mal consegui dormir a noite, de tão ansiosa que estava. "E se meu dinheiro acabar antes de voltar?". "E se o hostel for ruim?". "E se eu for assaltada e perder todos os meus documentos?". "E se tiver um terremoto?". "E se a cidade for feia?". "E se extraviarem minha mala?" "E se meu avião cair?" Sim, eu pensei em tudo isso e no final das contas só dormi 2 horinhas.

Lá pelas 6 da matina eu já estava com a minha mãe no aeroporto. Mesmo com um pouco de receio - afinal foi minha primeira viagem totalmente sozinha pra um país que eu nem conhecia - estava muito, MUITO feliz. Conseguir planejar uma viagem dessas pra mim foi tipo uma vitória muito grande. Conseguir cortar um monte de gastos desnecessários e as baladas pra menos da metade. Na porta do embarque, me despedi da minha mãe com um sorriso de orelha a orelha. Tipo, satisfação e orgulho de mim mesma, sabe?

O vôo de ida foi bem tranquilo. Sentei na janelinha sozinha. O avião da LAN que me levou era imenso e eu vim assistindo filme. Na realidade eu assisti só metade do filme, pois o sono começou a bater e acabei me rendendo a um cochilo. Cochilo mesmo, porque a sensação que eu tive foi de ter dormido 20 minutos e aí o piloto começou a falar: já estamos chegando.

Quando olhei pela janela, vi que o avião estava passando por cima da Cordilheira dos Andes!!! Curiosamente na mesma hora, todos os pensamentos ruins sumiram. A cena da cordilheira toda nevada ali tão perto de mim me fez esquecer todas as coisas erradas que poderiam acontecer. E me chamem de sensível ou o que for, mas meus olhos ficaram marejados na hora. Pensei: é isso! Tô chegando e tô chegando sozinha!




Tudo certo com a mala (não, ela não foi extraviada) e com a polícia, saí do aeroporto e tomei um táxi até meu hostel. 35 obamas (leia-se dólares) até a Rua Monjitas, no Andes Hostel. Enquanto o táxi ia ganhando as ruas de Santiago, eu grudei na janela do automóvel prestando atenção na paisagem, nomes de rua, estações de metrô...

Rapidinho cheguei no hostel. Já logo de cara gostei, especialmente a localização. Percebi que ali era bem no centro da cidade e o melhor: na frente de uma estação Bellas Artes de metrô!!! Mas mais do que localização, o hostel é ÓTIMO. Assim que entrei e vi a mesa de sinuca na frente de um bar, uma geladeira cheia de cerveja, música bacana de ambiente, vários quadros pelas paredes me simpatizei logo de cara. O cara da recepção (cujo nome eu me esqueci, sorry) foi um amor e ainda conversou em português comigo :)
Minha reserva estava lá, bonitinha me esperando. E pra quem quer saber: eu fiz a reserva com um mês de antecedência pelo Hostel Bookers. A escolha do hostel foi pura intuição. Vi as fotos, a cotação, os comentários e pronto, reservei. Ahn sim, também tive o cuidado de verificar se eles ofereciam toalha de banho e café-da-manhã. E achei o preço bem honesto: 5 noites em quarto de 4 pessoas por US$81, pagos na hora do check-in.
O quarto também ótimo, arejado, arrumado, cheiroso, limpo e com locker pras malas. Ou no meu caso, só uma mochilona. Banheiro também limpo, chuveiro com água quente e secador pras meninas!!! Enfim, quem quer conhecer Santiago e não sabe onde se hospedar, total recomendo o Andes.


(Recepção do hostel)

Malas acomodadas, fiz minha primeira aventura sozinha pela cidade. Passei na estação de metrô ali na frente pra sacar um dindin. E fui caminhando em direção a Plaza de Armas.
A Plaza de Armas é onde concentra o Correo Central, a Catedral Metropolitana de Santiago e mais um monte de coisas. Senhores jogando xadrez nas mesas, barraquinhas com artesanato, cartomantes (MUITAS!!!), pessoas pregando a Bíblia, pessoas descansando, humorista de rua, pombos, pessoas desenhando caricaturas... enfim, se for pra comparar com algo semelhante daqui de São Paulo, diria que é uma mistura de Praça da Sé com a Praça da República.

(Catedral Metropolitana)





Uma coisa que me chamou a atenção logo de cara em Santiago. Aliás, uma não, duas coisas:
1- a cidade tem cachorros de rua por todos os lados! Mas não são cachorros raquíticos, mal tratados. Eles são IMENSOS, parecem bezerros de tão grandes. Vi até husky siberiano de rua. E antes que pensem que a cidade é um campo minado de cocô de cahorro, ledo engano. Não vi UM em nenhuma calçada, em nenhuma rua, NADA! Como eles fazem isso, eu não sei.

2- por todos os lugares que eu andei, não só nesse primeiro dia mas durante toda a viagem, tem polícia por todos os cantos. São chamados 'carabineros' e eles estão presentes no dia-a-dia da cidade seja de carro, a pé, a cavalo... enfim, eles estão lá e são extremamente simpáticos, atenciosos e se você turista precisa de alguma informação, peça para eles sem medo de ser enganado.

Depois da Plaza de Armas eu saí andando meio sem rumo, entrando em várias ruas aleatórias, tirando fotos e mais fotos. Santiago é tipo Buenos Aires em termos de unidade arquitetônica. Os prédios lá tem mais ou menos o mesmo estilo, todos eles. Acho isso muito bacana, porque deixa a cidade mais definida, sei lá. Caminhei pelos Paseos Huerfanos e Ahumada. São ruas fechadas para carros com lojas por todos os lados. Em Santiago tem MUITA loja de departamento. Fiquei até meio atordoada com a quantidade de lojas assim, queria entrar em todas e comprar tudo, mas não tinha espaço na mochila pra grandes aquisições. Entrei em uma galeria aleatória que só tinha peluquerías (cabeleireiros) e estúdios de tatuagem.

Parei em um bar qualquer para tomar uma cerveja e foi só eu fazer o pedido para que um senhor que estava sentado mais ou menos perto de mim fazer a pergunta:
- brasileira?
- sim, eu sou!
- que legal! Eu adoro o Brasil e o futebol de vocês? Primeira vez no Chile? Está gostando? Vai ficar quanto tempo?

Situações assim foram mais corriqueiras do que eu imaginava. Durante toda a viagem, era só eu falar um hola pra eles sacarem NA HORA que eu era brasileira. E a recepção era a mesma. Mais um ponto pros chilenos, que são extremamente educados, simpáticos, gentis e cavalheiros. E isso eu vou falar em praticamente toda a viagem, porque foi algo que realmente me impressionou.

(a galeria das peluquerias)





Voltei pro hostel quase no fim do dia, desesperada por um banho. Já no meu quarto terminando de me arrumar e ainda pensando o que faria naquela primeira noite, entrou um cara. Era brasileiro de Curitiba, se apresentou, disse que tinha chegado fazia um tempo e que tinha vindo de San Pedro. Disse que estávamos dividindo o quarto eu, ele, uma outra brasileira e um americano que eu conheci depois. O brasileiro fez um convite: conheci uma chilena em San Pedro e vamos sair para tomar alguma coisa, tá afim?
Como não tinha companhia, resolvi topar.

Conheci a tal chilena, Marta. Um amor de pessoa! Demos mais umas voltas pelos bairros ali próximo do hostel. Santiago a noite ficou ainda mais bonita. Passamos pelo rio Mapocho, na frente da Universidade de Direito de Chile, no bairro Bellavista (onde tem um mooonte de restaurante e barzinho) até resolvermos entrar num bar qualquer, pedirmos piscos, mojitos e choclo (milho) pra beliscar.

(Rio Mapocho)


(Marta e eu)

Conversa vai conversa vem, a chilena disse que adoraria me acompanhar no dia seguinte por um tour por Santiago, mas que não poderia. Ela era tão atenciosa que não parava de repetir: poxa, eu devo ter algum amigo pra te fazer companhia. De brincadeira, eu disse:
- se você tiver um amigo bonitão e solteiro pra ser meu guia particular, ia ser ótimo.

Mas o resto dessa história, eu conto depois.
Ficamos mais um pouco no bar conversando. De música de fundo, um monte de canções brasileiras. Tocou até Elis Regina =)

Marta e o brasileiro ainda iam sair do bar e ir parar em outro lugar pra dançar. Como eu tinha acabado de chegar de viagem, resolvi voltar pro hostel e dormir, pra no dia seguinte acordar bem cedo e aproveitar cada minuto na cidade.



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