terça-feira, 25 de maio de 2010

Eu me lembro do meu primeiro encontro. Tinha 15 anos e ele se chamava Fábio. O conheci numa aula de Kung Fu que fui assistir por insistência da minha amiga que na época praticava a tal arte marcial. Ele era o professor, e ao final da aula ele sentou do meu lado, puxou conversa e no dia seguinte ele já sabia meu telefone e estava me ligando.

Foram 5 dias de ligações direto, às vezes mais de uma por dia. Horas a fio (com o perdão do trocadilho) de conversa e xaveco furado (isso eu percebo hoje, aos 23 anos. Mas na época era o máximo, CLARO), até que um dia ele resolveu me chamar prá sair. Numa 5ª feira, ele iria me buscar na porta do colégio.

Aquele dia do encontro foi um dos dias mais longos da minha existência. A ansiedade começou já de manhãzinha. O colégio que eu estudava não usava uniforme, então era preciso escolher uma roupa decente pro meu PRIMEIRO ENCONTRO. Dava graças aos céus por não precisar uma calça de tactel azul marinho horrível qualquer, uma camiseta branca com um logo estúpido na frente e uma mochila nas costas.
As horas não passavam. As aulas pareciam que iam durar uma eternidade. Me dava dor de barriga de tanto nervoso; tanto que na hora do intervalo eu nem consegui comer. Aliás, nunca em toda minha vida acadêmica eu desejei tanto que um intervalo acabasse LOGO. Na sala de aula, eu ficava com um olhar fixo no relógio pendurado em cima da lousa. Talvez com a força do meu pensamento, o ponteiro maior iria parar no número 6 e o ponteiro menor do número 12, quem sabe. As aulas de matemática que já não faziam sentido prá mim desde a 6ª série, naquele dia pareciam fazer MENOS SENTIDO AINDA. Me sentia o próprio Charlie Brown ouvindo sua professora: blá blá blá. SOCORRO! Alguém aí adianta o tempo, pelo amor de Deus, Preciso ir para o meu encontro o mais rápido possível, será que ninguém percebe isso?





FINALMENTE! O tão esperado soar do alarme tocou. Parecia o coro dos anjos, trombetas celestiais anunciando as boas novas. Eu saí correndo da sala de aula parecendo uma louca. Desci as escadas voando, quase que tropeço e caio. "Vai tirar a mãe da zona?" ouvi de alguém que empurrei prá abrir passagem. Cheguei na portaria do colégio, passei minha carteirinha na catraca e finalmente estava livre. Ele estava lá me esperando. A voz que eu tanto ouvi durante os últimos dias materializou-se na minha frente, diante dos meus olhos com miopia.

O encontro em si não foi nada demais, mas isso eu só percebo hoje, depois de 8 anos. Só fizemos andar pela Avenida Paulista, comer no Mc Donald's, beijar na boca e me sentir o máximo, pois afinal de contas era o meu primeiro encontro. E prá minha concepção à epoca, era mais que perfeito. Pfff..
Depois que voltei prá casa e o tão esperado encontro acabou, eu estava feliz mas ao mesmo tempo me sentia estranha, vazia. Um saudosismo imediato tomou conta de mim e eu não conseguia entender bem o porquê. Foi quando eu finalmente consegui compreender aquilo que o meu pai sempre me dizia: "o melhor da festa é esperar por ela". Toda aquela preparação, a ansiedade, os minutos intermináveis que haviam me torturado eram substituidos por essa sensação tão nova para mim.

Eu tinha 15 anos na época. E mal sabia que esse sentimento se repetiria por tantas outras vezes, em situações diversas.
Até hoje eu não sei lidar com isso.

Um comentário:

  1. Com 15 anos eu nem era mais virgem, já tinha tido uma pá de encontros, era a briguenta da escola, já tinha fumado maconha, bebia horrores com a minha turma de amigos, era grunge... hahahahahahahaha... affe... Esse texto me lembrou do meu primeiro encontro para ver Entrevista com Vampiro no cinema do shopping Ibirapuera quando eu tinha 12/13 anos... Tô véia! =P

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