sábado, 12 de junho de 2010

Dia dos namorados


Aaahn o dia dos namorados. O famoso 12 de junho. A data que todos os pombinhos aguardam ansiosamente para poderem ter seus momentos a sós, trocarem presentes e fazerem juras de amor eterno.

Para alguns, essa data significa tentar jantar num restaurante um pouco mais sofisticado do que estão acostumados e depois, CLARO irem direto para um motel onde poderão trepar muito, dormirem de conchinha um nos braços do outro e acordarem no dia seguinte com aquele sorriso de orelha a orelha e um olhar de peixe, cara de sonso, borboletas no estômago. Mas claro que antes disso, eles precisarão enfrentar filas imensas, a boa vontade de algum outro casal liberar a mesa para eles no restaurante ou a suíte mais cara daquele motel na beira da Raposo Tavares.

Para outros, essa é a época de gastar os tubos com presentes, surpresas, lingerie nova, flores, chocolates e todos esses presentes clichês de dia dos namorados. Mesmo que a pessoa esteja guardando dinheiro há 26 anos para dar entrada num carro ou numa casa, não importa. No amor vale tudo, inclusive gastar toda sua poupança num presente i-n-e-s-q-u-e-c-í-v-e-l. Mas quem não tem dinheiro guardado, é desempregado ou ganha pouco acaba se virando como pode. Uma carta apaixonada (com direito a perfume no papel), uma telemensagem bem brega, uma única rosa de plástico (por que você quer flor de verdade meu amor? Elas murcham. A de plástico você vai ter prá sempre) ou até mesmo aqueles chamados "telegramas animados", que faz com que a pessoa que o recebe sinta a maior vergonha da face da terra e queira se matar logo em seguida. Ou não, porquê ela está TÃO apaixonada que não consegue enxergar o quão brega é esse tipo de iniciativa.

Alguns casais aproveitam para trocar alianças (o simples namoro pode virar um noivado e um noivado pode virar um pedido de casamento), oficializar a relação mesmo que estejam saindo há 4 anos seguidos e todo mundo no fundo sabe que aquilo ali É um namoro. Outros enfrentam filas quilométricas no Cinemark para assistir à alguma comédia romântica, abraçadinhos. Depois irão comer um founde, e em seguida ele vai deixá-la em casa. Mas não sem antes ficarem se beijando e se agarrando loucamente dentro do carro dele, aumentando o tesão de ambos.

Os casais adolescentes tem um pouco menos de liberdade. No máximo uma voltinha no shopping, a troca de presentes no metrô - presente esse que foi comprado às custas do dinheiro dos pais, por isso é apenas uma lembrancinha - os beijos quentes na frente de todos com direito a velhinhos e velhinhas passando perto e com olhares de reprovação e mais uma vez as juras de um amor que daqui alguns meses vaii acabar, mas na mente do casal, vai ser prá sempre. Mesmo que eles tenham apenas 14 anos.

E sabe aquele casal de amigos que você sabe que o cara trai loucamente a namorada o ano inteiro, dá perdidos, não atende telefonemas? Então, no dia 12/06 ele entra no Orkut dela e deixa o depoimento mais apaixonado, lindo e emocionante que alguém pode receber. Diz que não tem olhos prá mais ninguém, apenas prá ela. E ela retribui com um post no fotolog, onde coloca uma foto dos dois sorrindo e felizes e escreve palavras/frases bonitas como: "nunca amei ninguém na vida até te conhecer", "meu amor por você é prá sempre e nada vai nos separar" ou ainda "como posso me apaixonar pelo mesmo homem todos os dias? você é perfeito". Quem não conhece, diria que eles são o casal-modelo.


Mas nem tudo são flores (com o perdão do trocadilho) nesse dia. Tem aqueles que não namoram, não estão ficando com ninguém. E cada um se comporta de um jeito.
Uns (mulheres de preferência) optam por nem sair da cama. Estouram um balde de pipoca e ficam na frente da televisão assistindo TODOS os filmes românticos que aquele canal da TV paga selecionou especialmente para esse dia. Ela vai se encher de comida, lágrimas e rancor por estar sozinha MAIS UM ANO. E no fundo, ela deseja ser a personagem principal de filmes como 10 coisas que odeio em você ou O amor não tira férias.

Mas também tem aquele grupo de pessoas que não está nem aí. Dia 12 é um dia como outro qualquer. Alguns trabalham, outros encontram seus amigos também solteiros e vão todos para um bar encher a cara e fazer aquele velho discurso de: vamo beber, porquê namorar tá foda. Ou "prá que namorar, meu? Gastar dinheiro com os outros, ter trabalho, dar satisfação. Eu hein, prefiro ficar do jeito que estou".
No fundo, eles sabem que falam isso da boca prá fora. Que o que eles queriam mesmo era um companheiro(a), um cobertor de orelha. Alguém que o fizesse sentir borboletas no estômago quando o beijasse. Alguém que lhe desse um abraço daqueles que não poderia nunca ter fim e que lhe fizesse uma surpresa no tal dia dos namorados.









Quanto a mim, há quase dois anos solteira digo que esse ano comemorei como sempre comemoro: na companhia da minha mãe e comprando roupas novas na José Paulino. Depois, voltei prá casa, coloquei meu pijama, deitei no sofá debaixo do edredom e fiquei vendo TV. Assisti desde "Vai dar namoro", passando por "Diário de um adolescente" e até mesmo comédias românticas melosas onde tudo dá certo no final.
Não, não me enchi de porcarias comestíveis, não chorei compulsivamente e indignada por quê meus casos amorosos não tem um final feliz como nos filmes e nem me senti a criatura mais rejeitada do mundo. Simplesmente porquê, se estou sozinha até hoje, é porque ainda não surgiu AQUELA pessoa. Aquela que vai me deixar tonta, com borboletas no estômago e fazendo declarações apaixonadas aos 4 ventos. Como os casais que eu descrevi lá em cima.


Foto: ROBERT DOISNEAU

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