quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Em manifesto na web, jovens paulistas criticam migração


Acabei de ler uma matéria no Terra que um amigo meu revoltadíssimo tuitou. Vou colar a matéria e em negrito, minhas observações a respeito. Para ler a matéria sem meus comentários, clique aqui

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Eles têm entre 18 e 25 anos, são universitários e se uniram a partir de um manifesto virtual, batizado de "São Paulo para os paulistas". A iniciativa, que começou com a voz solitária de uma jovem indignada diante da proposta de inserção da cultura nordestina na grade curricular de escolas da capital do Estado, foi ganhando adeptos e, em poucos meses, já contava com mais de 600 adesões, demonstrações de apoio expressas em assinaturas numa petição online.

Escolhido como porta-voz do grupo por ter um discurso mais moderado e menos conservador, o estudante Willian Godoy Navarro, 22 anos, conversou com Terra Magazine. Nitidamente preocupado em dosar as palavras, ele falou sobre as pretensões do movimento, que tem entre os principais objetivos discutir a questão da migração e a suposta subvalorização da cultura paulista, preterida, segundo o universitário, em função do espaço que culturas "estrangeiras" conquistaram em São Paulo.

-Existe uma representatividade muito forte, na Assembleia Legislativa, de deputados de origem nordestina, que trabalham para o povo paulista. E eles aprovam e trabalham em projetos de lei que valorizam a cultura de lá. Isso não é errado. O que ocorre é que existe uma supervalorização dessa cultura e nenhuma da paulista. Muitas vezes, o aluno passa pelo Ensino Fundamental, pelo Ensino Médio e nunca estudou, não sabe qual é a história de São Paulo, o que são os bandeirantes. E agora o cara quer inserir isso como uma disciplina, "culturas do Nordeste". Aqui não é o Nordeste. Ele deve fazer isso no Nordeste - afirma, garantindo que a preocupação do grupo não se dirige, especificamente, aos migrantes dessa região do país.

O universitário conta que a sondagem na internet foi apenas uma etapa inicial. O plano agora é criar o Movimento Juventude Paulistana, uma organização com "personalidade jurídica", que, a exemplo dos ativistas ambientais do Greenpeace, pretende buscar visibilidade por meio de atos públicos.

-A gente vai fazer alguma coisa na Ponte Estaiada. Uma faixa, uma mobilização que chame a atenção dos principais veículos de comunicação de São Paulo - adianta, sem, no entanto, revelar detalhes.

Confira a entrevista

Terra Magazine- Como surgiu a ideia do manifesto?
Willian Godoy Navarro - A ideia do manifesto surgiu por conta de algumas leis que ainda estão em discussão na Câmara, na Assembleia Legislativa, que defendem a aplicação de uma disciplina nas escolas públicas em relação à cultura nordestina. Isso desencadeou o movimento, porque não existe uma promoção da cultura paulista. Os alunos saem do Ensino Médio e não sabem o que foi a Revolução Constititucionalista de 1932.
Então, a Fabiana (uma das integrantes) criou a petição, jogou na internet e conseguiu a adesão. Foi formado um grupo. Dezenas jovens apoiam e se mobilizam na internet para divulgar. Foram se conhecendo pela internet. A petição está há poucos meses no ar e já tem mais de 600 assinaturas.

O que vocês pretendem exatamente?
A gente quer levantar a discussão. Não apoio a petição. Há uma discussão interna. Acredito que a petição é ousada demais, muito radical. A gente não pode fazer uma petição como se São Paulo fosse um Estado independente.

A petição dá a ideia de que há uma intenção separatista. Não há um consenso no grupo?

Existe um movimento separatista, que é o MRSP, Movimento República de São Paulo, mas a gente não faz parte. A gente apoia o MRSP, mas não apoia a ideia de separar São Paulo do Brasil. Na passeata de 9 de julho, conversamos com eles. É um movimento organizado. São centenas de jovens em todo o Estado. Tem sede em Ribeirão Preto, Sorocaba, Campinas, Santos, São José dos Campos e na cidade de São Paulo. Geralmente, são de famílias italianas. Também são grupos de universitários.


Mas o que vocês objetivam com esse manifesto?

Criar uma influência. Agregar outros jovens que tenham o mesmo interesse em discutir os temas de sua cidade. A gente está trabalhando agora de forma diferente. Vamos criar um grupo de jovens, o Movimento Juventude Paulistana. A migração deve ser discutida e deve ser criticada, mas uma crítica construtiva.

(simplesmente soltar frases do tipo: essa baianada que vem povoar a minha cidade ou então: tinha que ser nordestino não leva a nada. Eu concordo com ele quando a migração deve ser discutida de maneira construtiva. A cidade tem ficado cada vez mais caótica por que? Porque tem havido um crescimento da população desenfreado e a gente não tem mais estrutura pra isso. Mas só ficar reclamando sem pensar na raíz do problema não adianta nada)

No manifesto, há um trecho que fala em "migração predatória". Você concorda com o termo?
Não concordo. O que acontece é que não houve uma política migratória, nada que pudesse planejar isso. O que houve? São Paulo cresceu desde a década de 1970 pra cá, graças à migração. Isso é fato. São Paulo hoje é uma potência com a força de trabalho que os migrantes trouxeram para o estado. O que acontece é que, hoje, a cidade não consegue mais absorver essa migração que ainda continua. Não há nenhum tipo de política pública para administrar isso. As pessoas têm o direito de ir e vir, mas tem que haver uma política que pudesse trabalhar com elas.

(praticamente a mesma coisa que eu comentei acima. Eu não sou contra a migração. Mas lógico que deveria ter um controle. Uma pessoa de outro estado quer vir trabalhar aqui? Ótimo. Mas antes da gente receber "de braços abertos" deveriam existir leis parecidas como quando você vai morar em outro país. Tem emprego certo aqui? Aonde? Quanto tempo vai durar? Você já tem onde morar? Ótimo, então seja bem vindo a São Paulo. Do que simplesmente a cidade receber uma caralhada de migrantes que vem aqui tentar a sorte. E se dá errado, acontece o que? Vira mendigo? Vai morar em favela ou em região com ocupação irregular?)

Vocês são a favor de iniciativas que estimulam o retorno de migrantes ao local de origem?
Imagina só: um migrante que tinha um trabalho na área agrária, rural. Ele vem para uma cidade, sem qualificação, sem estudo, sem preparo. Ele não tem base para se manter nessa cidade. Se ele sempre trabalhou no meio rural, o que vai fazer na cidade? Ninguém pensou nisso.

(mais uma vez eu concordo com ele. Se para uma pessoa nascida aqui mesmo que teve condições de estudar em bons colégios, fez uma boa faculdade, é bem qualificado para o mercado de trabalho e mesmo assim encontra sérias dificuldades em arrumar um emprego, o que uma pessoa que morou a vida inteira num lugar no meio do nada vai conseguir aqui em São Paulo? Não é questão de ser preconceituosa e sim apenas coerente. Se a cidade oferecesse estudo de graça de QUALIDADE para essas pessoas que, sei lá queiram estudar aqui, ótimo, acho louvável. Mas todo mundo sabe que a educação pública daqui é caótica e poucos podem PAGAR uma boa instituição de ensino).

Então você apoia essas iniciativas?
Sim, é uma questão humanitária. Para você ter uma ideia, tem uma pesquisa que diz que 84% dos moradores de rua que vivem no Centro de São Paulo são migrantes. É aquela mesma história. Vêm para São Paulo, não são absorvidos, não têm amparo público e acabam vagando pela cidade. O custo de vida em São Paulo é alto. Acredito que seja um dos mais altos do pais. Já é difícil para um paulistano, que constrói uma carreira, comprar, financiar um apartamento ou uma casa, imagina para o migrante que consegue ganhar um salário mínimo por mês e tem uma família para sustentar?

(de novo: a cidade não tem estrutura direito nem pra quem é nascido aqui ou no Estado, que dirá pra alguém que vem de fora com pouca - ou nenhuma - instrução? Aqui é literalmente a selva de pedra, onde todo mundo quer te eliminar e se você não tem um pingo de digamos, malícia, acaba literalmente na sarjeta)

Lendo o manifesto, notei que o movimento tem uma particular preocupação com os nordestinos...
Não existe essa preocupação particular. Mineiros, nordestinos, mato-grossenses, paulistas que vieram do interior para a capital. Todos.

(ele quis ser eufemista, mas todo mundo sabe que a maioria dos migrantes que vem pra cá são nordestinos. Por que? Porquê eles tem poucas condições lá. Uma pessoa do sul ou mesmo de Belo Horizonte dificilmente vem pra cá. E vamos combinar: o preconceito contra nordestinos existe sim! Como bem resumiu meu pai: só tem que tomar cuidado pra não virar preconceito assumido. Porque ele já existe, só não é institucionalizado)

Mas, inicialmente, você comentou que a petição foi desencadeada pelos projetos de lei que defendem o ensino da cultura nordestina nas escolas.
O que desencadeou foi exatamente isso. Existe uma representatividade muito forte, na Assembleia Legislativa, de deputados de origem nordestina, que trabalham para o povo paulista. E eles aprovam e trabalham em projetos de lei que valorizam a cultura de lá. Isso não é errado. O que ocorre é que existe uma supervalorização dessa cultura e nenhuma da paulista. Muitas vezes, o aluno passa pelo Ensino Fundamental, pelo Ensino Médio e nunca estudou, não sabe qual é a história de São Paulo, o que são os bandeirantes. E agora o cara quer inserir isso como uma disciplina, "culturas do Nordeste". Aqui não é o Nordeste. Ele deve fazer isso no Nordeste.

(por mais que seja muito importante o paulistano ter um aprendizado do seu país como um todo, nossa cidade é meio que esponja. Aqui a gente encontra de tudo, de todas as culturas de todas as regiões do Brasil e do mundo. Então, a gente vai absorvendo essa quantia imensa de informações e acabamos perdendo um pouco da nossa própria identidade)

É por isso que vocês falam no manifesto: "O paulista olha ao seu redor e se vê um estrangeiro em sua própria terra"?
A Fabiana foi muito ousada, colocou palavras bastante fortes nesse manifesto. Por isso que vamos mudá-lo. E a gente não vai mais fazer isso pelo meio virtual. A gente vai utilizar essa influência que conseguimos para fazer algo oficial mesmo. Uma organização que vai ter uma personalidade jurídica. Vai ser algo com uma representatividade mais concreta.

Nesse primeiro momento, o manifesto virtual serviu para saber se haveria aceitação?
Foi um estudo para a gente sentir como seria a aceitação. Falar da migração sempre é um tabu. Sempre alguém vai se sentir prejudicado. A gente estava discutindo ontem para falar com você hoje. A gente não pode falar da migração. São Paulo foi construído por imigrantes e migrantes. O que tem que acontecer é uma administração, um controle.

(o que eu já escrevi lá em cima. Regulamentação, leis para a migração. Pra que essa cidade - e não só São Paulo, qualquer grande capital onde tem um grande fluxo de migração - não vire uma festa do oba oba, crescimento desenfreado sem o mínimo de controle)

Como assim "um controle"?
Não existe controle. Não controle. Controle é uma palavra muito forte. Mas nenhuma política que pudesse organizar a migração. Não só de nordestinos, mas de todos que vêm para São Paulo ou para outra cidade. A gente tem quase um milhão de pessoas na cidade de São Paulo que não conseguem emprego, que moram em favelas ou em áreas com más condições de moradia. A gente não tem estrutura para absorver a migração. Essa mão-de-obra, essa força de trabalho que continua vindo para São Paulo poderia desenvolver outras áreas do país. A gente se preocupa com o futuro da cidade.

(não só se preocupar com o futuro da cidade mas sim do país como um todo. Eu concordo com o meu amigo quando ele disse que o certo não é expulsar os migrantes que estão aqui. Tanto que eles não dizem isso em nenhum momento, em nenhum lugar. Até porque seria meio absurdo você chegar em alguém que já mora aqui há algum tempo e dizer: oi, você está sendo convidado a se retirar da nossa cidade. O certo mesmo é dar oportunidades pra que essas pessoas possam crescer na vida dentro de seu próprio estado. Por isso acho esse manifesto importante: pra abrir os olhos de todos o brasileiros e do governo, pra que eles possam investir em capitais em potencial. Não só aqui. Acho que seria uma ótima oportunidade de desenvolverem áreas mais abandonadas, como o próprio Nordeste. O manifesto não é puro e simplesmente de paulistanos burgueses idiotas, como disse meu amigo)

Vocês do movimento consideram que a migração provoca sobrecarga no sistema de saúde e impactos nos índices de violência?
Seria hipócrita se dissesse que não. A maior parte das pessoas que utiliza o SUS na cidade de São Paulo são migrantes. Agora, não que esse seria o problema. Em relação à violência, é também bastante contestado. O cara vem, mora na periferia, não tem emprego, não tem nenhuma base. Vai trabalhar no mercado informal ou arranjar outro meio. Mas as vezes há outras situações que fazem com que parta a criminalidade.

Vocês falam de xenofobia no manifesto. "Se um migrante adentra em uma região, e desrespeita seus costumes, não respeita a diversidade. Pretender modificá-los, moldá-los a si, impôr os próprios, forçar os anfitriões a aceitar a descaracterização, são atos de 'Xenofobia'". Quero que você comente esse trecho do manifesto.
Quem escreveu foi a Fabiana, mas acredito, que ela quis dizer que está sendo forçada a inclusão de uma cultura diferente. Não sei se você vai concordar comigo, mas tem uma característica bem peculiar. É muito diferente da cultura paulista, como a cultura paulista é diferente da cultura carioca. Quando existe qualquer ato de promoção da cultura dos paulistas é visto como preconceito.

(da mesma maneira como é preconceito um branco usar uma camiseta escrito: 100% branco. Por que um negro pode usar uma camiseta 100% orgulho negro sem ser considerado preconceituoso? Por que querer que os paulistanos dêem mais atenção à sua própria cultura é preconceito? Eu acho que quando um migrante ou até mesmo um IMIGRANTE vai morar em outro lugar diferente daquele seu de origem, ele deve no MÍNIMO respeito à cultura local. Chegar aqui e achar que aqui é Goiânia, Fortaleza ou Rio de Janeiro é muita falta de respeito com uma cultura que levou séculos para ser construída)

O que seria um ato de promoção da cultura paulista, por exemplo?
Por exemplo, existem mais pessoas que vão para a semana cultural nordestina, na Zona Norte, no Cambuci, onde há um centro de cultura nordestina, do que as que foram à passeata em 9 de julho, que é um marco para o Estado.

Então, na sua opinião há uma subvalorização da cultura de São Paulo?
Isso mesmo. Quem é o responsável? O governo e a prefeitura que incentivam isso. O problema é o seguinte: a maior parte do eleitorado que promove eles (políticos) são migrantes.

(eu não sou contra um migrante querer ser eleito a algum cargo político. Mas acho que nesse caso também deveria haver uma regulamentação: um mato grossense quer ser vereador da nossa cidade? Então vamos ver há quanto tempo ele mora aqui em São Paulo. Talvez estabelecer um tempo mínimo de sei lá, 25 anos. Um tempo suficiente pra que ele conheça todos os problemas da cidade, tenha idéias concretas para solucioná-las. Do que adianta eleger alguém que mal conhece o estado/cidade que ele quer representar?)

Especificamente, nordestino?
Sim, basicamente sim.

E, na visão de vocês, eles acabam elegendo representantes de origem nordestina...
Entendeu nosso ponto? O pessoal fala muito de outras culturas, mas qual é a cultura daqui? Ninguém fala.

No manifesto, vocês dizem que São Paulo cresceu sem receber dádivas do Brasil.
Certo.

Vocês dizem: "São Paulo não deve nada ao Brasil, portanto, o usufruto desse trabalho deve ser para o povo paulista".
Por exemplo, São Paulo é o estado que mais arrecada impostos, que mais produz. A gente não recebe nem um terço do que produz. Esse déficit orçamentário no Estado não permite que o governo trabalhe na habitação, na infra-estrutura, no saneamento, na educação e na saúde. A gente é prejudicado. O dinheiro dos impostos, das industrias e do povo de São Paulo é revertido para outros Estados, ao invés de ser aplicado novamente aqui.
Recife, Salvador recebem mais investimentos do Governo Federal do que arrecadam. A capital do Piauí, Teresina, é um exemplo disso. Isso é um absurdo, sendo que a gente tem problemas de transporte público em São Paulo. O transporte público aqui é terrível. Muitos falam que a migração foi responsável pelo avanço, mas São Paulo sempre foi rica. Sempre foi desenvolvida. E foi com a força do trabalho dos migrantes também. Mas não só dos migrantes, mas de todos os paulistas.

No manifesto, vocês dizem que os "migrantes não construíram São Paulo por serem alocados na construção civil. Seja desmentida tal falácia". Você acha que isso é realmente uma falácia?
Essa parte do manifesto não li, mas o entendimento é o seguinte: quem constrói São Paulo não são os pedreiros. São os empresários, os investimentos aplicados na cidade, feitos por paulistas. Falar que outras pessoas construíram a cidade é absurdo. Eles trabalharam, usaram sua força de trabalho. Não significa que construíram São Paulo. Esse prédio que você trabalha, por exemplo, não foi construído por migrantes...por pedreiros. Foi construído pela empresa que investiu, que financiou o projeto. Entendeu o ponto de vista do manifesto? As pessoas dizem: "Ah, os migrantes construíram São Paulo". Construíram com sua força de trabalho, mas se não fossem os investimentos e o dinheiro que gira na cidade, não teriam construído nada.

(aqui eu discordo só um pouquinho: acho que o crescimento de São Paulo foi feito sim pelo trabalho braçal dos migrantes, mas esse trabalho sem os investimentos de grandes empresários, essas construções civis não existiriam. Então acredito que nossa cidade cresceu - e cresce na soma das duas coisas)


Vocês têm noção do teor polêmico da causa que defendem?

É muito polêmico. É o que falei para a Fabiana. "Não se pode falar da migração. No Brasil, não se pode falar, porque todos são". Parte do manifesto não apoio. A gente vai estudar uma nova forma de aplicar um manifesto cabível para a realidade e para a necessidade de São Paulo.

(é polêmico porquê como eu já escrevi aqui: o preconceito existe, mas ninguém tem coragem de tornar isso público, como eles estão fazendo. A repórter se vocês perceberem, o tempo todo meio que trata como absurdo tudo o que eles estão divulgando, como se eles fossem politicamente incorretos. Mas tenho certeza que essa mesma repórter algum dia já reclamou algo do tipo: esse bando de baiano povoando a cidade, puta merda. A verdade é sempre polêmica)

Então, o manifesto que está na internet vai ser reformulado?
Vai ser reformulado. Vamos utilizar a influência conquistada com esses meses de trabalho. A gente vai fazer algo oficial agora, que vai ser o Movimento Juventude Paulistana. Vai ter um site e tudo mais.


E qual o objetivo do Movimento Juventude Paulistana?

Levantar esse assunto, mas de forma coerente. A gente vai tentar fazer com que ele seja discutido com a sociedade. Se a sociedade não tiver interesse em discutir a migração, a gente não discute. A gente vive em um país democrático e tem que expressar nosso ponto de vista. Há outros milhares de paulistanos que apoiam nossa ideia. A gente vai tentar levantar isso com a sociedade.

(é importante que esse manifesto não entre na cabeça pequena de alguns ignorantes como movimento separatista, como preconceito ou então com idéias fascistas do tipo: nós paulistanos somos melhores, por isso vamos expulsar todos os migrantes daqui. Acho bem coerente eles quererem discutir tudo isso de uma maneira não-polêmica, fazer com que as pessoas pensem um pouco a respeito de tudo que foi dito)

Como?
Como o Greenpeace chama a atenção? Ele faz uma passeata com 100 mil pessoas ou faz um ato que atrai a mídia. O ato. É isso que a gente vai fazer.

Já há algo planejado?
Não posso dizer. A gente vai fazer alguma coisa na ponte estaiada. Uma faixa, uma mobilização que chame a atenção dos principais veículos de comunicação de São Paulo. Se os paulistas não tiverem interessados em debater, a gente não vai debater. Queremos, pelo menos, criar uma oportunidade. Existe uma comunidade de São Paulo no Orkut. E eu levantei o tema. Foi só para fazer uma pesquisa mesmo. Muita gente falou mal, veio apedrejando. Em cada 10 pessoas, dois apoiavam. Se em cada 10 paulistanos, dois apoiarem, a gente vai ter, numa cidade de 10 milhões, 2 milhões. E isso é muita gente. Então, queremos pegar esses jovens, essas pessoas que querem mudar São Paulo, mudar não, pelo menos, melhorar.

(aqui eu já discordo. Aliás, como já disse aqui no meu blog um dia, eu sou contra essas manifestações públicas que param avenidas, praças, vias importantes da cidade causando trânsito, transtorno e irritação nas pessoas. Ao invés de chamarem a atenção de uma forma positiva, vão fazer isso de uma maneira negativa. Acho que eles deveriam pensar em outras formas de divulgar esse manifesto)


Na primeira etapa, vocês querem levantar a discussão sobre a migração, mas o que vem depois?
Depois disso, vamos planejar. Eu entrei agora. Eu decidi falar, porque eles são muito conservadores. Eu disse: "Não seria interessante se vocês falassem agora. Vamos mudar o discurso". Da forma radical que eles estão criando, não vão conseguir apoio de ninguém.

A ideia é abrandar o discurso para conseguir adesão, não impactar tanto?
A gente está utilizando métodos de publicidade, de promoção e de marketing, estudo de teses de algumas pessoas, que a gente está elaborando, para poder montar o movimento. A gente quer fazer algo que conquiste o maior número de pessoas possível.Estamos conseguindo adesão de algumas pessoas com influência. A gente tem o presidente de um centro acadêmico de um curso na USP.

Qual curso?
Ele não me deu autorização para falar.

Mas vocês querem manter o anonimato?
Ele quer.

Não faz muito sentido. Se vocês querem dar visibilidade ao tema, soa incoerente.
Ele está representando a comunidade japonesa. É descendente. E tem outras pessoas que trabalham com ele. Eu, do Centro Acadêmico da UNIP, outros de outras instituições. Anhembi-Morumbi... A gente está pegando pessoal da UNINOVE também, da Barra Funda. É um movimento de universitários.

Quantas adesões vocês já tiveram. As pessoas que se agregaram através da internet se encontram?
Todos as mais de 600 adesões (assinaturas na petição virtual) foram muito comprometidas e decididas, se possível, a apoiar. As pessoas que assinaram realmente têm interesse em participar e sempre geram soluções e ideias para que a gente possa melhorar o nosso plano. A gente tem 600 jovens que, a qualquer momento, se estiverem disponíveis, vão participar. Tem uma menina que veio de Campos do Jordão para conhecer a gente. Ainda mais agora. A gente tem 100 pessoas na cidade de São Paulo, que assinaram o manifesto, que estão dispostas a conversar, a entrar na reunião. E temos mais 600 pessoas do movimento separatista.

Onde vocês pretendem chegar?
Nossa meta é que isso seja discutido na Assembleia Legislativa, na Câmara Municipal. A gente quer que seja implantada algum tipo de política que possa administrar isso (migração). Que fale: "vocês não têm qualificação, então, vão fazer um curso de qualificação e ser alocados para outras áreas do Estado que oferecem mais oportunidades. As pessoas que vivem em São Paulo e querem, mas não têm condições de voltar para a terra de onde fugiram... A cidade gerar essa oportunidade para elas. O pouco que a gente conquistar para uma cidade como São Paulo vai ser bastante.

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Essa discussão ainda vai dar muito pano pra manga. Mas se você ler direito, vai ver que é bastante coerente muitas coisas que eles dizem. E com certeza, você já pensou dessa maneira, ao menos uma vez na vida.

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