segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Notas de um término doloroso parte I


Toda vez que chega no mês de Agosto, mais especificamente décimo primeiro dia desse mês, C. fica mais melancólica, quase que triste.
Ela sempre se lembra do que aconteceu nesse dia, nesse mês dois anos atrás.

Em 2008, o dia 11 caiu numa 2ª Feira. E no fim-de-semana anterior à esse dia, ela tinha passado 3 dias seguidos chorando, afundada numa tristeza e agonia que parecia não ter fim. Que a sufocava desde abril daquele mesmo ano. As lágrimas e o coração acelerado por medo de alguma coisa dar errado já eram rotina na sua vida pacata, sem graça e arrastada. Eram 5 meses de dúvidas, inseguranças, angustia, tristeza, esperança, medo. 5 meses que ela sabia que precisava tomar uma decisão que mudaria completamente o rumo de sua vida. Ela sabia qual era a decisão a tomar, qual seria a mais certa tanto para ela quanto para ele... mas ela não tinha colhões para isso. Preferia empurrar todos esses sentimentos ruins a eliminar o causador de tudo isso de uma vez por toda de sua vida.

No sábado, 9 de agosto C. passou o dia trancada dentro de casa, sozinha. Sua mãe tinha ido visitar seu pai. Ainda bem que ela estava sozinha. Pois assim poderia chorar tudo o que queria chorar, na desesperada tentativa de eliminar aquela dor no peito que ela sentia. Uma dor tão forte e tão real que parecia que ela poderia pôr a mão. Fazia muito frio, chovia constantemente e o sol não tinha dado as caras. Era o tempo perfeito para curtir uma fossa.
Tentando recuperar seu namoro, ela tinha ligado para J. convidando-o para almoçar. Ele ia tocar com sua banda em outra cidade à noite; ela tinha um aniversário para ir e no Domingo não daria tempo de se encontrarem. Ele não quis almoçar com ela. Estava frio ao telefone, não deu a mínima. Nem quando ela começou a choramingar no outro lado da linha. “Não quero chorar na frente dele”, ela pensou. Sempre achou que chorar na frente do namorado era uma chantagem emocional barata que só servia para que ele pisasse ainda mais em cima dos seus sentimentos. Quando pôs o telefone no gancho, as lágrimas aumentaram de intensidade, assim como a chuva lá fora. Querendo desabafar com alguém, ligou pra sua amiga:
- por favor, vem aqui em casa. Não sei mais o que eu faço.

Sua amiga veio. Elas conversaram e C. ouviu mais uma vez que precisava ter forças para terminar esse namoro que mais parecia um elefante pesando 89 toneladas. C. ficava cada vez mais desesperada quando ouvia esses conselhos. Ela SABIA que precisava pôr um fim nisso tudo. Mas o que ninguém parecia entender era que ela simplesmente não tinha CORAGEM para isso.

C. e sua amiga foram ao aniversário à noite. Foi bom, porque ela dançou a noite toda, deu risada e por ora conseguiu esquecer tudo de ruim que estava acontecendo na sua vida. Mas no momento que entrou no táxi de volta pra casa, todos os fantasmas que ela tinha exorcizado voltavam a assombrá-la. O domingo de dia dos pais não foi o suficiente para que ela esquecesse tudo. Sua tia fez a pergunta que não deveria ter feito:
- e aí, e o namorado?
- meu namoro ta uma bosta, tia. Nem queira saber.

(Continua)

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