terça-feira, 10 de julho de 2012

Diário de Viagem 11/05 - San Pedro do Atacama e Salar de Tara

Eu já estava sofrendo antecipadamente por esse passeio. Explico porque: um dia antes, a noite eu conheci um grupo de pessoas que já tinha feito o passeio para lá e haviam me alertado que estava MUITO frio, com temperaturas abaixo de 0º. Porra! Eu sou brasileira, não sou programada geneticamente para temperaturas assim, hahahaha. Claro que eu sabia que era frio, mas enfim... nas lagunas altiplânicas fez frio... bastante por sinal, mas eu honestamente não sei quantos graus chegou a fazer.
Sendo assim, me preparei psicologicamente (e com roupas adequadas, é claro) para encarar pelo menos -7º.

O esquema foi o mesmo: acordamos as 5:30, nos vestimos com um milhão de roupas e as 6 da matina, lá estava o 4x4 nos buscando na porta do hostel. Dessa vez estávamos eu, minha tia, um casal de chilenos, um brasileiro e o guia, também chileno. O carro, o guia nos explicou, ia parando aos poucos ao longo do caminho para que pudéssemos ir nos aclimatando com a altitude.
A primeira parada aconteceu quando o sol já tinha nascido, num lugar aberto com um lago completamente congelado e os tais vulcões nevados em volta. Quando o carro parou e eu olhei o termômetro, lá estava: -7º. Respirei fundo e bora lá.

PUTA QUE LA MERDA!!! Nunca pensei que sentiria tanto frio assim na minha vida, sem brincadeira. Eu mal conseguia me mexer e só pensava: eu não vou aguentar ir pros gêiseres amanhã, não vou! Lendo isso, você deve pensar: não vale a pena esse frio todo, esse perrengue todo. Mas na boa, VALE! É só ver as fotos aí embaixo pra comprovar que vale, e vale pra caralho!







Essa primeira parada também serviu para que a gente pudesse tomar o café da manhã. Sim, de novo ao ar livre. Você vai com tanta vontade beber um café com leite quentinho, na tentativa de se esquentar, mas é impossível! É muito vento, muito! Fora que, não sei se por causa da altitude ou coisa do gênero, eu não senti a menor fome durante os passeios. Comi super pouco. Mas os desayunos que foram servidos durante todos esses dias de passeio foram bem gostosos. Com pão, frios, manteiga, geléia, chá de coca, café com leite, chocolate...

Pois bem, todos alimentados, entramos novamente no carro e seguimos pra um dos lugares mais incríveis que eu já vi. Um grande descampado imenso, coberto por rochas maiores ainda!
O guia me explicou que acredita-se que nesse lugar há muuuuuuuuuuuuuuitos anos (muitos mesmo, tipo milhares, quem sabe milhões de anos) deve ter sido mar, porque essas rochas lembram muito corais. E realmente, elas se parecem. São meio avermelhadas, com aquele aspecto poroso típico de coral. Muito louco você pensar em quanto a natureza muda radicalmente. Fora imaginar que você está num lugar que provavelmente um dia foi o fundo do mar e hoje é apenas... deserto!




Uma coisa engraçada que aconteceu. Em determinado momento que estávamos andando por entre essas rochas/corais, me deu subitamente uma vontade de ir ao banheiro. Primeiro pensamento foi: fudeu!
Toda sem graça, fui até o guia e perguntei se por algum milagre divino acaso tinha algum banheiro por ali. A resposta foi:

- Tem sim. Atrás de qualquer dessas rochas. Tá aqui o papel!

Fiquei meio duvidosa de fazer xixi no meio do deserto, não queria parecer vândala, hahaha. Mas indo atrás de um coral, vi que eu não fui a única. O mais divertido (não) é ficar de bunda de fora naquele puta frio. Achei que o xixi ia congelar, haohaohaha.

Enfim... entramos novamente no carro, andamos mais um pouco por entre as dunas (eu juro que não sei como que os caras conseguem se achar. Ali é literalmente o meio do NADA) e chegamos a outra parte com mais rochas e desfiladeiros. Parece coisa de filme, de verdade. É uma sensação de paz e angústia ao mesmo tempo. Não tem barulho, só o vento. Não tem nuvem no céu, só muito sol e muito frio. Não tem quase ninguém por ali. Enfim, não tem NADA! Experiência no mínimo surreal!





Uma das coisas mais legais, pelo menos pra mim, nesse passeio foi estar acerca de um vulcão, que do outro lado dele dali 5km já estava a Bolívia. Tão pertinho e tão longe ao mesmo tempo...
Falando em vulcões, o solo que a gente estava era lotado de rochas vulcânicas tão frágeis, que a gente pegava a pedra inteira, jogava com uma forcinha no chão e ela quebrava, mostrando o interior dela, lindo! As cores eram basicamente preto, um azul bem escurão, vermelho meio terracota... o guia disse que a gente podia levar essas rochas pra casa e pedir para polir e transformar em objeto de decoração, ou algo do gênero. Claro que eu trouxe a minha, né?





Seguimos rumo a nossa última parada antes de irmos embora. Um almoço, novamente a céu aberto, no meio do deserto. Definitivamente, esses guias do Atacama curtem uma refeição a céu aberto, no frio, hahahaha.
O passeio para o Salar de Tara é o único que tem almoço incluso. Todos os outros a gente volta pra San Pedro antes, então não precisa. Aliás, o passeio ao Salar de Tara é o passeio mais longo do roteiro.

Nosso 4x4 parou no lugar onde comeríamos e pudemos ver numas rochas ali perto, um monte de viscacha. É um animal bem típico daquela região, nos explicou o guia. As viscachas lembram muito coelhos, mas com um rabo muito grande. E é engraçado que elas meio que grudam nas pedras, sei lá... sei que são muito fofinhas e tirei trocentas mil fotos. Além das viscachas, também tirei foto de umas lhamas, algumas vicunhas e uns flamingos que estavam por ali... nada mal um visu desses durante o almoço, né?




O almoço foi bem básico, na verdade. Atum em lata, frios, pão, suco, chá de coca, tomate... eu particularmente mal sentia fome durante esses passeios pro Atacama. Eu não sei se tem a ver com a altitude, que meio que me deixava 'cheia' ou o que, mas eu comi super pouco durante os passeios. Em compensação em San Pedro...

Bom, terminado o almoço foi hora de colocar todas as coisas dentro do carro e pegar o caminho de volta pra cidade. Paramos mais algumas vezes pra tirar fotos, claro. Não me canso nunca de dizer (escrever) que as paisagens de lá são maravilhosas e indescritíveis.




Chegamos em San Pedro e fui direto tomar um banho. Acabamos nem almoçando... deixamos pra comer algo na hora do jantar.

Dia de dormir cedo, porque o último passeio era para os Gêiseres. Significa acordar as 3:30 da manhã pra estar pronta em meia hora, pois as 4:00 passa o ônibus da agência para nos buscar.
E me preparar psicologicamente para o frio. Mais frio que no Salar de Tara.

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