sexta-feira, 5 de março de 2010

Baseado em fatos reais I


G. estava tão na fossa naquela época, que quando a namorada do seu tio disse que um amigo seu viu uma foto dela e se interessou, ela logo se interessou também. O único detalhe é que ele não morava no Brasil. Droga, ela pensou. Mas A. (a namorada do seu tio) falou tão bem de L., que valia a pena trocarem e-mails. Como não tinha nada a perder, G. resolveu dar uma leve investida.

Primeiro começaram a trocar e-mails inocentemente. O que você gosta de fazer? Ahn, só isso? Você tem cara de ser mais novinha. Ballet? Nossa, também adoro dançar. É tenho um irmão mais novo que tem leucemia. Há quanto tempo você vive em outro país? É legal? Conheceu A. de onde? Nossa, como você é bonita. Foram meses assim. G. não sabe dizer ao certo quanto tempo exatamente, mas um belo dia ela se deu conta de que estava mais envolvida nessa história do que ela realmente gostaria. Voltou a ficar na fossa. Antes, era como se estivesse tapando o sol com a peneira, usando L. prá esquecer daquele outro cara que a tinha feito sofrer. Mas quando ela se deu conta de que estava bastante envolvida emocionalmente com um cara que ela sequer conhecia pessoalmente, a tristeza foi muito maior. Enquanto isso, ela confidenciava os e-mails que trocava com L. com a melhor pessoa que poderia aconselhá-la: A. Afinal, L. era amigo dela, com certeza ela lhe daria conselhos valiosos. Mas também, cada vez que G. pensava seriamente em desistir daquela pseudo-história de amor, A. desencorajava-a. Como que você pode fazer isso G. Ele é completamente louco por você e você precisa de um cara legal, que te trate bem, bonito, simpático. Sim sim, G. concordava com tudo isso. Mas como se entregar dessa maneira prá um cara que ela não conhecia REALMENTE?

As semanas foram se passando. Elas se transformaram em meses. Os meses se transformaram em anos. Sim, foram 3 anos nesse maldito círculo vicioso, onde G. passava seus dias trocando e-mails com L. E-mails apaixonados, promessas de um visitar o outro em breve e até mesmo e-mails de brigas de namorados. Coisa mais estranha era essa. Briga de namorados via internet com um cara que ela nem conhecia de verdade.
G. queria mesmo sair desse círculo vicioso. Mas por algum motivo desconhecido ela não conseguia. Ela queria conhecer L. pessoalmente, olhar nos olhos dele, tocá-lo. Chegou a comprar passagens de avião para visitá-lo nos EUA. Mandou um e-mail dizendo: estou indo te visitar no dia tal. Preciso te conhecer. Dois dias depois, ela recebeu a resposta: G. me desculpa, não estou nos EUA, precisei ir à Europa para o tratamento de leucemia do meu irmãozinho. Droga, não ia ser dessa vez que eles iriam se conhecer. Até que surgiu uma luz: A. iria se casar com o tio de G. e L. havia sido convidado pras comemorações. Foram 3 meses de preparação, ansiedade, nervosismo e felicidade. FINALMENTE eles poderiam sair do campo virtual e se relacionarem no campo real. No dia do casamento, a surpresa: L. não estava conseguindo embarcar. Algum problema nos aeroportos americanos (ele já tinha voltado para os Estados Unidos), ou com o passaporte. Mais uma vez o destino tinha interferido no encontro dos dois.
E por mais que G. continuasse tentando, ela não conseguia se envolver com ninguém, não conseguia esquecer essa história, sair dessa “relação” tóxica. É, foram 3 anos levando uma vida assim, de mentira.

(continua no próximo post)

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