segunda-feira, 15 de março de 2010

Continuação do post 13/03/2010: Uma noite catártica



Pronto, fim do show do Bach, agora faltava muito pouco prá eu ver o meu frontman favorito... muito pouco? Claro que o show do Axl (desculpa, mas prá mim é uma dificuldade imensa falar show do Guns N' Roses sem os membros originais) iria atrasar PELO MENOS em uma hora. O atraso é quase como uma cláusula de contrato quando você compra seu ingresso prá um show dele. E quando a galera começa a vaiar nos intervalos entre uma música de fundo e outra, pode ter certeza que ele ta lá no camarim dele tranquilão, ouvindo tudo e com um sorriso de satisfação. É isso que o Axl quer.

Mas antes de falar sobre o show em si, abro um parágrafo para falar (mal) da empresa de segurança contratada. Os seguranças eram ignorantes (alguém avisa as pessoas que trabalham com isso que não é só colocar um terno e pronto, você vira autoridade?), ao contrário da empresa que cuidou da segurança do show do Metallica eles não distribuíram água prá quem estava na grade – o que na minha opinião deveria ser OBRIGAÇÃO dessas empresas, uma vez que quem tá lá esmagado não pode sair pra comprar água – e em determinado momento, todo mundo tava reclamando de sede. Depois de muita reclamação e gente sendo carregada pelos bombeiros a caminho da enfermaria, eles trouxeram algumas caixas de água. Deu pra matar um pouco a sede, mas fica aqui a minha reclamação e revolta a respeito desse fato lamentável!

De qualquer maneira, acho que fiquei tão entretida com essa história das águas que nem me dei conta de que o Axl atrasou uma hora e meia. Quando as luzes se apagaram e começou a introdução, dava pra sentir que aquelas 38 mil pessoas se transformaram em uma só, que estavam ali para apenas UM motivo: ver o líder do Guns n’ Roses ao vivo novamente, depois de 9 anos de espera (pra quem foi no Rock in Rio III, claro). E como não poderia deixar de ser, a entrada foi triunfal, mesmo com a música de abertura sendo do amado e ao mesmo tempo odiado Chinese Democracy. Estavam todos cantando, batendo palma, gritando, chorando. Até que Axl foi correndo em direção a lateral que eu estava e: STOP, STOP, STOP. Eu não acreditei naquilo. Algum imbecil da platéia tacou um copo de água em direção ao cara. Me pergunto o que leva uma pessoa a gastar R$400,00 num ingresso, ser espremido, suar e morrer de calor só pra ter o gostinho de jogar algo em algum famoso. Se não gosta, se é “Slashzete”, é tão mais fácil não ir né? Todo mundo ficou com medo de que ele desistisse do show ali na hora, mas ele fez apenas xingar e voltar a música de onde tinha parado. Me senti no Anhembi em 1992. E olha que nem tinha idade pra isso, hein? A animação do público continuou a mesma e aumentou quando ele perguntou: DO YOU KNOW WHERE THE FUCK YOU ARE? Comecei a chorar a partir daquele momento, não sabia o que fazia: se ria, se chorava, se tirava foto, se olhava pra ele. Logo em seguida, veio It’s so easy, Mr. Brownstone e Sorry, estrategicamente posicionada prá acalmar os ânimos, depois de 3 clássicos seguidos do grandioso Apettite. Mais uma vez me surpreendeu a reação das pessoas com mais uma música do Chinese sendo cantada e aplaudida. Em seguida veio Rocket Queen, e prá mim foi o momento mais emocionante da noite. Não pela música em si, mas porquê o Axl nessa hora veio até o lado que eu estava e OLHOU PRÁ MIM!!! Olhou prá mim e SORRIU. Preciso falar que eu chorei que nem criança? Não, né?

Depois de um solo de um dos guitarristas contratados por Axl Rose (Richard Fotus) veio o primeiro cover da noite: Live and let die chegou com muitos fogos de artifício, explosões e uma comoção geral da galera. Nessa hora, liguei pro meu pai prá ele ouvir a música - já que ele é fanático pelos Beatles. E foi quando eu desliguei com ele que comecei a chorar DE VERDADE. E foi assim até o fim da noite. Outro solo de um dos integrantes, dessa vez era Dizzy Reed. Aliás, antes de falar sobre a próxima música tocada (Street of Dreams) muita gente com quem eu conversei sobre o show achou que houveram muitos solos entre uma canção e outra, o que quebrava um pouco do ritmo do show. Eu também achei, mas imagino que o Axl tenha feito isso na intenção de apresentar sua banda nova para o público. E os músicos, apesar de não serem os integrantes originais, são muito bons e competentes. Mas voltando... Street of Dreams foi também bem recebida por todos e o Axl, apesar de algumas falhas nos momentos mais agudos, no geral mandou bem.

Outro solo, dessa vez do guitarrista DJ Ashbba. Foi um solo LINDO, de arrepiar mesmo. O cara toca bem, mas ainda sim não é o Slash. Aliás, percebi que os 3 guitarristas que o Axl contratou, todos eles tentam ser o Slash. Na maneira de tocar, no cigarrinho aceso no canto da boca, na abertura de pernas e como encaixavam suas guitarras. Isso me levou a conclusão de que o Slash sempre vai ser o alter-ego de Axl Rose, mesmo que ele nunca assuma isso.
Depois desse solo, veio talvez o maior sucesso do Guns: sim, ela... Sweet Child o' Mine. E é totalmente dispensável eu comentar alguma coisa. Quem estava lá sabe o que foi aquilo. Emocionante, catártico, maravilhoso... nenhuma desses adjetivos é o suficiente prá explicar. E mais uma vez, não conseguia cantar quase nenhuma frase da música, pois só fazia chorar.
Logo em seguida, veio um petardo do Use Your Illusion II: You Could be Mine foi exatamente como eu imaginava. Aquela intro da bateria deixou todo mundo ensandecido, e quando o Axl correu prá perto de onde eu estava, colocou o pé no P.A e cantou: Youuuu could be mi-iiine, eu me senti em algum show de 1991, ou na turnê dos Illusions no Japão.

E quando eu achei que ele ia tocar uma música qualquer do Chinese prá que eu pudesse respirar um pouco, um piano de cauda todo espelhado LINDO foi para o meio do palco, ficando EXATAMENTE no meu campo de visão. Eu já sabia o que estava por vir, e o mini cover de Another Brick in the Wall só serviu prá minha ansiedade aumentar ainda mais. Mas foi emocionante ver todo mundo cantando Hey teacher, leave the kids alone. E mais emocionante ainda quando ele começou a tocar November Rain. Claro que eu fui as lágrimas mais uma vez, não conseguia tirar os olhos daquele piano, do Axl cantando talvez a música mais sensível do Guns. Meu choro era um misto de felicidade, de satisfação, alegria, emoção, tristeza porquê sabia que aquela noite uma hora iria acabar. Mas quando eu fiz a burrada de olhar pro DJ Ashbba do meu lado solando EXATAMENTE IGUAL o Slash, meu choro foi de saudade da formação antiga. Não parava de pensar: caralho, ele podia estar aqui AGORA.
O encerramento da November Rain não poderia ser mais clichê (e mais emocionante também): uma "chuva" em forma de cascata de fogos no palco e meu sorriso de orelha a orelha. Muito melhor que em 2001, quando eu estava longe do palco e só vi uma miniatura do Axl, porquê meu pai me colocou nos ombros.

Outro solo, dessa vez do Bumblefoot. Tempo o suficiente pro Axl ir até o camarim e voltar com o seu chapéu branco. Knocking on heaven's door estava chegando, com uma versão um pouco mais agitada do que a executada no Rock in Rio. Mais uma vez, lágrimas e o estádio inteiro cantando a música inteira. Em seguida, outro clássico do Apetite: Nightrain. Todo mundo pulando e cantando. Axl agradeceu e saiu fora. Hora de começar a gritar Guns N' Roses, Guns N' Roses (menos eu, que ou ficava quieta, ou gritava só pelo nome do Axl) e de se preparar, pois o fim do show estava chegando.

A banda volta e começa o Bis com Madagascar. Dessa vez não teve o Axl "tocando" guitarra como há 9 anos e acho que ele desafinou menos. No telão, imagens de Marthin Luther King. Aliás, produção do show impecável, como tinha que ser. Nessas horas é bom saber que Axl Rose é perfeccionista, mas tão perfeccionista que chega a ser chato. Shackler's Revenge e This I love foram as próximas. No final da This I love, Axl pergunta: lovely evening, don't you think? Aliás, queria saber de onde ele tirou tanto bom humor. Ele teve seu momento Carlinhos Brown, ameaçou ir embora, mas continuou. Jogaram camisetas na cara dele, e ele sempre sorridente, guardava tudo o que atiravam no palco. Aliás, queria saber AONDE ele guarda tudo aquilo. Foram faixas (adorei uma que estava escrita: Don't worry mamma, Axl Rose is watching me e uma que o cara do meu lado tinha feito, com a inscrição: We Love Beta Lebeis), rosas de plástico, camisetas e até um sutiã!!! Isso sem contar no coro puxado POR ELE MESMO de "fuck you Axl Rose". Ele fez isso durante vários intervalos, sempre dando risadas sarcásticas.

Voltando ao show: a galera começou a gritar por Patience. E ela veio. E foi emocionante, mas ao mesmo tempo triste. O fim do show estava mesmo bem perto. Faltava só UMA música práquele sonho de adolescente acabar de vez. E claro, foi Paradise City.
Não preciso falar que aquilo foi abaixo. Mais uma vez fui as lágrimas com aquele apito, aquele riff de guitarra logo no começo, as corridinhas do Axl de um lado pro outro, a chuva de papel picado, as explosões e os fogos foram o encerramento perfeito para uma noite mais perfeita ainda.

Saí do Parque Antártica cansada, suada, com MUITO sono e os olhos inchados de tanto chorar. Mas valeu cada segundo, cada centavo dos R$240,00 do ingresso, cada gota de suor, cada minuto de sede que eu senti... achei que iria me decepcionar por não ser a banda antiga, mas não adianta. Meu integrante favorito sempre foi e sempre será o Axl. E vê-lo me fez a pessoa mais feliz do mundo inteiro!
Espero não ter que aguardar mais nove anos prá ter essa sensação de felicidade novamente...

Um comentário:

  1. Fantástico seu texto sobre o show...enfim achei uma resenha verdadeira e não cheia de falsas críticas, principalmente ao Axl. Assim como você, achei tudo maravilhoso, a voz dele está muito bem, obrigado! Claro, ele não é o mesmo de 1987, mas ele ainda é o Axl e ele é demais! O Guns está com tudo. Enfim, obrigado pelo texto..me emocionou mais uma vez. Beijos.

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