sexta-feira, 12 de março de 2010

Era uma vez...


... uma menina que nasceu no dia 18/02/1987. No mesmo ano, uma banda recém-descoberta lançava um cd chamado Apetite for Destruction. Essa menina jamais poderia imaginar que esse cd, essa banda, os acordes da guitarra, o vocalista iriam mudar sua vida completamente.

Quando ela tinha 3 anos, morava com os pais em Uberlândia. E foi no ano de 1991 que ela viu aquele show na TV pela primeira vez na sua vida. Seu pai, músico e publicitário (não necessariamente nessa ordem), tinha gravado aquele show no Rio de Janeiro e assistia maravilhado aquela apresentação. E como dizem por aí, tal pai tal filha. Em pouco tempo ela também ficou extasiada com aquele jeito de rebolar do vocalista. Um cara loiro, de olhos claros, cheio de tatuagens e piercings, magrinho, com uma bandana na cabeça, cantando da maneira mais visceral possível. Como toda aquariana intensa, ela mergulhou de cabeça nessa paixão. Assistia àquela fita pelo menos umas 3 vezes por semana. Colocava roupas parecidas e imitava aquele vocalista lindo na frente da TV, dançando igualzinho. Aliás, o tal vocalista tinha virado seu namorado imaginário e ela fazia todas as amiguinhas que iam na sua casa assistirem aquele show. As amiguinhas por sua vez, imploravam para a mãe da menina: tia, me leva prá casa, ela só quer brincar de rock.
No ano de 1992, a banda veio prá São Paulo e tocaria do lado da casa dela. Seu pai colocou-a no ombro e foi até os arredores na esperança de que eles pudessem assistir ao show do lado de fora, já que na época ela só tinha 5 anos. Quando chegaram lá, o show já tinha acabado e ela ficou muito triste.

Os anos foram passando, a menina foi crescendo e a fita com aquele show foi ficando de lado. Seu gosto musical foi mudando aos poucos. Como toda pré-adolescente dos anos de 1998/1999, ela foi fã de boy-band, Spice Girls... até quem um dia, no finalzinho de 2000, vendo TV descompromissadamente começou a passar um clipe de uma música chamada Sweet Child o' Mine. Era como se algo dentro dela tivesse despertado, uma luz tivesse sido acesa e de repente ela voltou a amar aquela banda de novo. Mas dessa vez era diferente. Ela tinha mais idade, discernimento, conseguia cantar inglês e juntar trocadinhos para comprar pôsteres e revistas sobre a tal banda. Em apenas dois meses conseguiu montar toda a discografia dos caras. Passava suas tardes pós aulas na escola em casa ouvindo todas as músicas, com a letra na frente, decorando até o suspiro do vocalista. Assistia a MTV torcendo prá que passasse alguma matéria, algum clipe, qualquer coisa sobre a banda "mais perigosa do planeta". O último cd que faltava prá ela completar sua coleção foi aquele mesmo cd que foi lançado no ano de seu nascimento. Levou um tempo prá achar a venda, mas quando finalmente conseguiu, até chorou.

No final de 2000, veio a notícia: aquele vocalista sexy vinha para o Brasil!!! Tocar no mesmo festival daquela fita que ela tanto assistia e sabia de cor. Bom demais prá ser verdade. Seu pai - quem indiretamente apresentou à banda prá ela - foi também e com certeza, foi o melhor dia dos seus 13 anos de vida. Ela chorou do começo ao fim, cantou todas as letras... enfim, foi um sentimento de felicidade tão forte que ela não consegue explicar até hoje, depois de 9 anos daquele 14/01/2001.

O vocalista foi embora aquele dia dizendo: nos vemos no próximo verão. Mas chegou o próximo verão e ele não voltou. Nem ele e nem o cd novo que seria lançado. Ela se sentia como uma menininha apaixonada esperando na porta de casa pelo seu amor para que eles fugissem juntos e vivessem felizes para sempre. Mas ela saiu da fossa, continuou vivendo e depois de 2 anos ouvindo as mesmas músicas sem parar, mais uma vez ela deixou de lado aqueles cd's e começou a ouvir outras coisas. Mas no fundo, sempre que ouvia versos como "Said woman take it slow and we come together fine" ou "Take me down to the paradise city where the grass is green and the girls are pretty", seus olhos se enchiam de lágrimas e até o menor fio de seus cabelos se arrepiava. É... era amor mesmo, não tinha como negar.

E hoje, no ano de 2010 ela está prestes a (re)viver o melhor dia da sua vida. O tal cd novo saiu, ela se decepcionou, o vocalista engordou, envelheceu e nem de longe lembra aquele magrelinho que rebolava dentro de um shortinho sem parar. Mas quando ela se dá conta que amanhã ela vai vê-lo ao vivo, vai cantar aquelas músicas que fazem parte dos seus 23 anos, todas essas ressalvas não fazem mais sentido. Seu coração ainda bate mais forte quando ouve a pergunta DO YOU KNOW WHERE THE FUCK YOU ARE, e até os pelos pubianos arrepiam quando o tal vocalista senta ao piano e toca aquela música de mais de 8 minutos.

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