quinta-feira, 11 de março de 2010


Ontem a noite eu tava relendo meu diário de 2004. Eu faço muito isso, sabe? Pego meus diários antigos e fico relendo, dando risada das coisas que eu escrevia, do que eu pensava, da maneira como eu agia e enfim. O diário de 2004 foi quando eu estava no 3º colegial. E eu, como grande parte dos alunos do ensino médio sempre tive sérias dificuldades em matérias como Matemática, Física, Química etc etc etc.

Me lembro que a minha sala do colégio era um inferno. A galera toda falava prá caralho, ria alto, atendia celular no meio da aula. E quando vieram as médias do primeiro trimestre de Física claro que todo mundo rodou animalmente, inclusive eu (que cheguei com média 3,0). Na semana que a gente recebeu o boletim foi o maior baque, gente chorando pelos corredores da escola porquê ia ser proibido de sair no fim-de-semana pelos pais, outros porquê poderiam perder a bolsa de estudos... o maior bafafá. O professor Jaime (era ele quem dava física) naquela mesma semana conseguiu dar sua aula normalmente. Tava todo mundo tão assustado e com medo de uma possível DP no fim do último ano, que a galera ficou toda quietinha. Na semana seguinte, tava aquela zona DE NOVO. Na oooutra semana, o professor deu sua aula (em meio às conversinhas paralelas e risadinhas sem fim) e antes de sair da classe, disse que tinha trazido uma música do Lenine em homenagem a minha turma. Ele colocou a música prá rodar e distribuiu letras prá todo mundo, que dizia assim:

Umbigo meu nome é umbigo
Gosto muito de conversar comigo
Umbigo meu nome é espelho
Não dou ouvidos nem peço conselhos
Umbigo meu nome é certeza
Só é real o que convém à realeza
Umbigo meu nome é verdade
Sou o dono do mundo e o rei da cidade

Umbigo meu nome é umbigo...
Umbigo meu nome é umbigo...

Eu sou mais eu! dê cá um close no narciso
Umbigo meu nome é umbigo
Me peça tudo, só não peça para ter juízo
Umbigo meu nome é umbigo
Não sei de nada além de mim: o amor é cego
Umbigo meu nome é umbigo
Vivo na sombra e água fresca do meu ego
Eu vou andando, e quem quiser que acerte o passo
Faça o que eu digo, e eu me concentro no que faço
Se um dia o mundo pegar fogo eu salto antes
E dou adeus a seis bilhões de figurantes
Umbigo meu nome é umbigo
Quem está contra mim também está comigo
Umbigo meu nome é guru
Eu caí do céu foi pra mandar em tu
Umbigo meu nome é umbigo
O mundo perde o freio, e eu nem ligo
Comigo só não vai quem já morreu
Umbigo meu nome sou eu





Enquanto a música tocava, todo mundo lia a letra e não entendia nadinha do que tava acontecendo. Alguns davam risadinhas e faziam comentários do tipo: afe, que professor louco, passando música? Ou então: hahahaha, umbigo, que palavra engraçada, hahahaha.

Talvez eu tenha sido a única a entender o que ele queria dizer com a música e com a letra. E não é me sentindo não, mas se você que está lendo isso aqui estivesse na sala naquele minuto, iria concordar comigo. Ele deu um tapa na cara com luva de pelica em mim e naquele bando de adolescente bobo que estudava comigo, dizendo da maneira mais fina possível que éramos todos EGOÍSTAS! Todo mundo tinha mandado mal na matéria dele, vindo com médias baixíssimas E MESMO ASSIM as conversinhas paralelas e o desinteresse estavam lá, fazendo parte das aulas.

Eu ia terminar o post falando que talvez algum professor meu da faculdade deveria fazer o mesmo com a minha turma, mas acredito fortemente que não iria adiantar NADA! Se com 17 anos o pessoal entendeu a indireta, que dirá o povo com os seus 22, 23 anos... porquê parece que, com algumas pessoas, quanto mais velho mais burro, alienado e estúpido você se torna!













(Talvez esse fato seja o que mais me marcou no colégio).

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