terça-feira, 10 de agosto de 2010

Notas de um término doloroso parte II


Ela voltou para São Paulo depois de mais outro dia melancólico e triste. Dias assim estavam fazendo parte de sua vida. Mesmo assim ela não conseguia se acostumar de jeito nenhum. Na verdade, ela pensava: o certo da vida não é a gente se acostumar à coisas boas, que façam bem pra gente? Como que eu posso me acostumar a essa montanha de sentimentos ruins?

Ligou para ele mais uma vez. Ela não sabia que essa seria a última vez que ligaria para sua casa como namorada. Ela também não sabia por que ainda ligava. Era totalmente perceptível no tom da sua voz que ele não estava a fim de conversar. Talvez não com ela em específico. Mesmo assim, insistindo no erro, ligou. Não ficaram mais do que 15 minutos no telefone. Foi praticamente um monólogo. Ele mal participava, não interagia:
- como foi o show lá?
- foi legal.
- e o dia dos pais?
- foi ok
- você não ta muito a fim de conversar né?
- não muito.

E foi com essa frase que ela resolveu encerrar seu papel de ridícula, de menina desesperada que não sabe perceber em que momento o namoro ACABOU. Mais uma vez triste e amargurada, sentou na frente do computador. Viu que ele estava online, chamou no MSN mas nada; nem uma resposta. Ele saiu sem nem ao menos dizer boa noite. Pior que isso: postou fotos do show que sua banda tinha feito no dia anterior e para a surpresa de C. em todas as fotos ele aparecia SEM ALIANÇA. Sem aquele presente que ELE MESMO deu para ela no dia que estava fazendo 2 meses que tinham se conhecido. Bons tempos eram aqueles em que os dois estavam apaixonados um pelo outro. Toda vez que C. se lembrava daqueles tempos, sua tristeza aumentava ainda mais, se é que isso era possível.
Tudo que C. queria era poder voltar naqueles tempos, no começo do seu namoro onde ele a tratava como uma rainha, rasgava-se em elogios, carinhos e juras de amor. C. não conseguia entender: como que um namoro poderia se transformar... naquilo? E do nada? Como que J., que nos primórdios do namoro dizia que C. era tudo aquilo que ele sempre procurou e só tinha encontrado quando eles se conheceram e agora a tratava com tanta indiferença, com tanta frieza?

Quando viu àquelas fotos, C. estava se sentindo como se alguém estivesse sufocando-a. As lágrimas tentavam se esconder, pois dessa vez ela não estava sozinha. E ela não queria começar a chorar na frente da sua mãe ou de seu irmão mais uma vez pelo MESMO motivo. "A partir do momento que o namoro te faz mal C., você tem que terminar isso logo. Um relacionamento serve para nos deixar feliz e não triste", era o que sua mãe sempre lhe dizia. E aquilo estava fazendo mal fazia alguns meses. E ela continuava dando murros em ponta de faca, provando o quão masoquista uma pessoa pode ser em nome do "amor".
Era quase meia noite quando ela ligou no celular de J. Queria tirar satisfações sobre ele ter ido tocar sem a aliança. Será que ele já tinha terminado com ela e não tinha sido informada? Nada; ele não atendia. Não iria ligar na sua casa NAQUELA HORA. Tentou mais 2 vezes. Sem resposta. Acabou por mandar um depoimento no Orkut que dizia mais ou menos assim:

"Eu vi as fotos do show e que você tocou sem aliança. Você conseguiu me magoar de vez. Quero um tempo essa semana pra poder pensar no que vou fazer."

E foi para seu quarto vazio, frio. Foi empapar mais uma vez sua fronha com as lágrimas que estavam se tornando cada vez mais amargas. Seria outra noite longa, sem sono profundo e com os pesadelos mais horríveis.

(Continua)

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