quarta-feira, 20 de junho de 2012

Diário de Viagem 8/05 - Santiago - Calama - San Pedro do Atacama

3ª Feira foi dia de acordar muito cedo para pegar o vôo das 8:00 com destino a Calama. Não vou ficar aqui falando do quanto dói se despedir de uma pessoa que em tão pouco tempo você passou a gostar e admirar, porque isso não faz parte do meu relato de viagem.

No avião a caminho de Calama, voltei a ter os medos iniciais da viagem: e se San pedro for uma cidade chata? Se eu não gostar do deserto? Se passar mal com a altitude, o frio, o calor, o tempo seco? Mas mais que isso, estava MORRENDO de medo do hostel ser uma bosta. Uma coisa é você se hospedar numa cidade como Santiago, que é metrópole e se você odiar o lugar onde escolheu para tomar banho e dormir, pode trocar quando bem entender. Mas eu estava indo pra uma cidade pequena, no meio do deserto. Bom, ia ser o que Deus quisesse.

O vôo até Calama foi tranqüilo, mas achei que rolou muita turbulência. Não MUITA turbulência, mas foi o suficiente pra me deixar um pouco apavorada. Mas eu não sou parâmetros, porque tenho verdadeiro pânico de voar. Então o que pode ser turbulência pra mim, pode não ser nada para as pessoas normais.
O aeroporto de Calama fica no meio do deserto!!! Surreal você descer do avião, olhar em volta e não ter nada além de... deserto!




Apanhei minha mochila e do aeroporto peguei um transfer até o terminal de onde saiam os ônibus para San Pedro. Uma dica: não existe vôo direto de São Paulo para Calama. Você necessariamente precisa parar em Santiago para depois voar até Calama. E até existe a possibilidade de você ir para Calama de ônibus, porém a viagem demora 20h, ao passo que de avião você leva só 1 horinha. E o transfer até o terminal de ônibus também sai baratinho.

Minhas impressões sobre Calama: é uma cidade HORRÍVEL! Sério, é uma cidade feia, com um povo feio, com ruas feias, casas feias, tudo feio! É tipo uma cidade-oásis, que fica há 45 minutos, 1 hora de distância de várias mineradoras. Então, as pessoas que moram em Calama são os mineradores e pessoas que trabalham nessas mineradoras. E enquanto eu esperava pelo meu ônibus para San Pedro, começou a me dar mais desespero ainda, parecia que eu estava em alguma cidadezinha do Novo México e o Danny Trejo ia aparece a qualquer momento, hahahaha.

Pois bem, chegou o ônibus e embarquei. Conforto ao máximo dentro dele, as poltronas eram de leito, o que foi perfeito pois eu estava morrendo de sono e fui dormindo de Calama até San Pedro. Em algum momento eu abri os olhos e vi somente deserto, deserto, deserto. Não tinha nada em volta e confesso que cheguei a ficar com um certo medo do motorista acabar se perdendo. Não entendo como eles SABEM pra onde estão indo.
Fui acordada com um celular tocando Michel Teló (SIM, ESSA MERDA NO MEIO DO DESERTO!!!) e tínhamos acabado de chegar em San Pedro. Desci do ônibus, coloquei a mochila nas costas, dei uma olhada ao redor e: opa!

Levei um choque! Afinal, eu tinha acabado de sair de Santiago e caí numa cidade minúscula, sem prédios, poucos carros, sem asfalto. Tudo meio amarronzado, seco... conforme ia andando para o meu hostel, fui pensando: ca-ra-lho, olha isso aqui! Tava morrendo de medo de não me acostumar, porque eu me conheço. Sou chata, fresca, mimada e adoro bater no peito e falar que amo uma cidade grande. Mas nada como vivenciar o que eu vivenciei nessa viagem, porque não precisou de muito para eu simplesmente me apaixonar por San Pedro do Atacama =)

O hostel que eu fiquei se chama Campo Base. Também reservei no Hostel Bookers e fui pelo feeling, já que nenhum outro chegou a me agradar quando fiz a reserva. Foi o único que achei mais limpo e menos simples e ainda sim paguei somente 59.000 pesos chilenos por 5 noites. Multiplica isso por 4, faça as contas de quanto gastei e vai ver que não saiu caro. Fui super bem recebida por um dos donos do hostel, um santiaguino que falava inglês sem sotaque e extremamente fluente. Cheguei no meu quarto para acomodar as coisas, e claro que não tinha ninguém lá, mas já sabia que estava dividindo-o com mais 3 americanos.
Tomei um banho (o banheiro do meu quarto tinha até banheira!), coloquei um short, pois fazia muito calor e sozinha fui dar uma voltinha pela cidade. Minha tia só ia chegar a noite.



San Pedro é encantadora. Não tem nada asfaltado, com pracinha e árvores, a igrejinha é uma graça. E o mais incrível é que quando você dá uma olhada um pouco mais além, vê um monte de montanhas e vulcões esbranquiçados de neve. Um contraste com as cores da cidadezinha, que é toda em tons amarronzados e avermelhados por conta da terra. Coisa linda mesmo!
Vi também que San Pedro é muito bem servida de restaurantes e barzinhos, mas estavam quase todos fechados. A noite é que eles abrem e o pessoal fica muito mais animado. Durante o dia estão quase todos fora fazendo algum passeio por ali perto.









No fim do dia voltei para o hostel e já vesti uma calça. Impressionante como em questão de HORAS a temperatura no deserto cai. Até as 16:30 mais ou menos é muito calor, mas não chega a incomodar como o calor daqui. A partir das 17:00, a temperatura vai caindo, caindo e chega a noite, você precisa se agasalhar. Fiz amizade com os americanos que estavam no mesmo quarto que eu e ficamos bebendo cerveja no hostel até minha tia chegar.

Aliás, a chegada dela merece um parágrafo especial, mesmo sabendo que o post de hoje está IMENSO. Minha tia sempre foi chegada a esportes radicais e umas viagens mais roots: montanhismo, escalada, Machu Picchu, desertos... todas essas coisas sempre fizeram parte dos roteiros de viagem dela. A mim nunca me agradou muito, mas sempre tive muita vontade de viajar com ela, simplesmente porque nos damos muito bem. O mais louco foi que ela resolveu que ia me acompanhar no Atacama DE ÚLTIMA HORA. Então, quando eu vi ela chegando lá no hostel, não teve jeito: a gente começou a gritar, se abraçar e pular de uma maneira tão efusiva, que se eu estivesse vendo de fora ia achar totalmente ridículo!

Enfim, fomos todos (eu, minha tia e os gringos) prum barzinho que ficava do lado do Campo Base. Ambiente muito legal a céu aberto com fogueira, pisco, coisinhas pra comer e música boa rolando. Até Lenine tocou e ainda fomos brindados com uma apresentação de malabares de fogo por um francês desses que passa a vida viajando. Lindo!




Minha tia e eu fechamos logo no primeiro dia todos os passeios numa agência cujo o nome eu me esqueci, mas no final do relato da viagem eu prometo que posto todas as informações aqui! A ordem dos passeios: Pôr-do-sol no Valle de la Luna no dia seguinte. Lagunas altiplânicas. Salar de Tara. Gêiseres de Tatio. Quem nos recomendou essa sequência foi a própria moça da agência, por causa da altitude. Como o passeio nos Gêiseres é o que tem a altitude mais alta, então o correto é você ir se aclimatando aos poucos. O valor dos passeios: 100 mil pesos, o que dá R$400,00. Caro sim, mas considerem que, tirando o Valle de la Luna, todos os passeios incluiam café da manhã. Honestamente, acho que foi o meu maior gasto em toda a viagem.

Bora dormir, porque amanhã começa o primeiro dia de verdade no Atacama.

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