domingo, 15 de julho de 2012

Diário de Viagem 12/05 - San Pedro do Atacama - Gêiseres de Tatio - Calama

Esse último dia de viagem foi muito especial e por conta disso, o relato de hoje vai ficar meio gigante, mas vamos lá.

As 3:30 meu celular despertou e eu, com muito custo - porque tava frio pra c*ralho fora da cama - eu me troquei. Total preparação: uma meia fio 80, uma leggin preta flanelada por cima da meia, uma meia normal do tipo soquete, uma meia de lã de lhama e o coturno. Na parte de cima do corpo: uma segunda pele de manga comprida flaneladinha por dentro, uma camiseta de manga comprida, uma blusa flanelada por cima, o casaco de pluma de ganso. Duas luvas, cachecol e uma boina de lã.

As 4:00 chegou o ônibus que ia nos levar para os Gêiseres. Não, não foi um 4x4, foi ônibus mesmo, igual o que nos levou para o Valle de la Luna. Inclusive suspeito que o guia também era o mesmo. Todos acomodados, antes de tomar a estrada, o guia disse claramente: podem dormir, porque não terá nada para ver a caminho dos gêiseres. Não vamos fazer nenhuma parada, vamos direto para lá.

Assim sendo, aproveitei pra dar uma dormidinha. Não sei quanto tempo de viagem até os gêiseres, mas acredito que seja 1 hora e meia mais ou menos, quase duas. Porque quando chegamos lá, o sol estava começando a nascer.
Agora, por favor... eu preciso relatar sobre o que eu senti quando desci do ônibus: frio... MUITO FRIO!!! No termômetro do veículo estava marcando -8º e começou a bater um certo pânico. A hora que eu coloquei meus pézinhos pra fora... meu Deus!!! Nunca imaginei que ia passar tanto frio na minha vida. E nunca mais reclamo do frio daqui de São Paulo, porque olha...

Compramos nossos ingressos para adentrar ao parque onde tem os gêiseres, entramos no ônibus e ele andou durante uns 5 minutos. O suficiente para o guia nos instruir a NUNCA chegar perto de onde jorram a água, respeitar as demarcações feitas com as pedras em volta dos gêiseres. Andar devagar, porque estávamos a uma altitude de 6 mil metros e tanto. Disse também que em 40 minutos o café da manhã estaria pronto, tempo suficiente pra gente poder andar entre os gêiseres, tirar fotos etc etc etc.

Confesso que caminhei com uma certa dificuldade, tamanho o frio. Meu pé simplesmente congelou e doía tanto que era ruim de andar. Mas na boa, vale muito a pena. É só ver as fotos.







Os gêiseres soltam os jatos de água mais forte quando o sol já nasceu mesmo e o calor reflete nos buracos. Como o sol ainda estava nascendo, então eles não estavam totalmente em atividade, ainda. Lá nos gêiseres acho que foi o único lugar que eu senti frio úmido. Sem contar o cheiro de enxofre, né? A água que sai dos buracos sai a 84º. Com o frio que eu tava sentindo, minha vontade era de mergulhar lá dentro e nunca mais, sair, hahahahaha.
Tirei foto também do Vulcão de Tatio, que faz fronteira com o Peru, Chile e Bolívia.


Conforme o sol foi nascendo, os gêiseres foram soltando jatos de água cada vez mais fortes. Até a hora que ele nasceu e de vez e deixou a paisagem ainda mais bonita.





Depois do café-da-manhã entramos no ônibus novamente a caminho do maior gêisere que tinha lá no parque. E perto da piscina termal. O guia nos explicou que essa piscina estava liberada para os corajosos que estivessem afim de tirar as roupas, colocar um calção de banho/biquíni e dar uma nadadinha. A água, claro, quente. Mas ele alertou para ficarem no máximo 20 minutos, pois a água estava cheia de sais.
Logicamente que eu não fiz parte do seleto grupo que encarou a temperatura negativa e mergulhou na água. Se só de tomar uma friagem de leve em Itú no feriado eu já tô com gripe, imagina se fizesse isso lá nos gêiseres. Enfim, deve ser no mínimo uma experiência interessante. Se você for pra lá e curte essas coisas meio kamikazes, eu recomendo ;-)





Com o sol totalmente "nascido", a atividade dos gêiseres estava (desculpem o trocadilho não intencional) a todo vapor. E o frio, continuava bombando. Mesmo assim era hora de entrar no ônibus novamente e ir em direção ao povoado de Machuca no caminho de volta para San Pedro. As paisagens que iam passando pela janela do ônibus enquanto seguíamos em direção a Machuca, surreais também. Com direito a vicunhas, lhamas (algumas) e patos em lagos quase congelados.






Depois de mais ou menos 1 hora na estrada, chegamos ao povoado de Machuca. O guia nos recomendou experimentar a empanada de quejo de cabra do único restaurante de lá. Eu mal pude acreditar no que vi quando chegamos. Imagina um povoado com, sei lá, 5 casas de pedra. Então, esse é o povoado de Machuca. Uma igrejinha num morro - que estava fechada, por isso só tiramos fotos do lado de fora - uns, sei lá, 20 nativos, alguns ônibus de turismo e só.
Descrevendo assim acho que não dá pra se ter uma idéia, melhor mesmo é ver as fotos.






Cara, vocês conseguem imaginar alguém morando... aí??? Tipo, muito surreal. Fiquei ME imaginando numa dessas casinhas durante uma semana. Certeza que morreria de tédio ou de frio logo na primeira noite. Aliás, como esse povo consegue dormir nessas casas de pedra? É pedra, deve ser frio pra cacete aí dentro. Coragem!
Claro que eu e minha tia provamos a tal empanda de queijo de cabra que o guia recomendou. Aliás, não só o guia, mas umas 3 pessoas que conheci lá no hostel e já tinham feito esse passeio. E digo que a fama justifica, viu? O negócio é realmente BOM!

Já saindo de Machuca, o que encontramos??? Lhamas! Muitas, muitas, MUUUUUITAS LHAMAS!!!
Meu instinto Felícia aflorou dentro de mim e deu vontade de sair correndo por entre elas, gritando e abraçando-as. Pena que não me deixaram fazer isso =((
A cara de blasé que elas tem é demais, não me aguento hahahahaha.




Pois bem, de volta a San Pedro, num trajeto que durou mais 1 hora e meia. Passamos por vários cactos, mais e mais paisagens lindas. Enfim, estava encerrado o passeio pra um dos lugares mais incríveis que eu já vi. Olhando tudo aquilo enquanto ainda estava dentro do ônibus, eu só conseguia pensar: caralho, nunca imaginei que um dia ia vivenciar algo parecido.
Pra mim, a viagem já estava encerrada com chave de ouro, mas quando chegamos em San Pedro eu, minha tia e todos os outros que estavam chegando na cidade tiveramo uma grata surpresa.

Colocamos o pé pra fora do ônibus e escutamos uma música bem alta vindo, provavelmente da praça. Minha tia só me olhou e me arrastou pra lá.
Quando chegamos lá, TCHANAN... Um show da banda dos Carabineros de Chile!!! Meu, que GENIAL, sério. A banda tocando tudo direitinho, com um cantor em algumas músicas, todo mundo batendo palma, participando, cantando junto... achei tão legal, meu. Dá pra ver que os chilenos respeitam os Carabineros que por sua vez respeitam a população. Até 'Aquarela do Brasil' (ou seria Aquarela brasileira) eles tocaram. Só eu e minha tia nos manifestamos naquela hora, mas ok, hahahaha.

Mas o ponto alto MESMO foi aqui, nesse vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=3vt_R6omSEU&feature=plcp

Fala sério, hahahaha. As crianças no meio dançando, depois os carabineros de parzinho sacudindo os ombros. Foi demais, juro.

Fim da apresentação, hora de tomar um banho e começar a juntar as coisas, porque meu ônibus em direção a Calama ia partir as 19:10. E a minha ansiedade já tava no talo, pra poder rever o chileno de novo.
Eu e minha tia almoçamos uma besteirinha qualquer e fomos depois atrás de souvenirs básicos pra nós e para os parentes, claro.

Minha noite em Calama foi bem divertida também, e por isso merece uma atualização a parte, então por ora é isso.

2 comentários:

  1. To com frio e voce fala de frio, aí to com mais frio ainda.
    Obrigada, viu. Lã de lhama - eu vou comprar.

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    1. meias com lã de lhama são as mais quentinhas... não que isso tenha ajudado muito lá nos gêiseres, mas a gente tenta né? haahahha

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